Foco na História: conhecendo melhor o continente africano. A África antes da colonização europeia - Vatican News via Acervo Católico

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Foco na História: conhecendo melhor o continente africano. A África antes da colonização europeia - Vatican News via Acervo Católico
Fonte: VATICANO

Antes da colonização o continente africano abrigou Estados bem organizados e administrados minuciosamente.

Padre José Inácio de Medeiros, CSsR - Instituto Histórico Redentorista O continente africano era um lugar civilizado no tempo em que os primeiros viajantes europeus começaram a entrar em contato com continente. Quando chegaram ao Golfo da Guiné e desembarcaram em Vaida (na África Ocidental), por exemplo, os capitães e tripulantes dos barcos ficaram surpresos ao encontrar ruas bem traçadas, cercadas de ambos os lados por várias léguas por duas fileiras de árvores. Durante dias eles puderam viajar num país de campos cultivados, habitado por homens vestidos com roupas coloridas produzidas em suas próprias tecelagens. No Reino do Congo, encontraram pessoas vestidas de seda ou veludo, como vestiam as pessoas mais graduadas da Europa. Antes da colonização o continente africano abrigou Estados bem organizados e administrados minuciosamente. A situação dos países da costa oriental – Moçambique, por exemplo – era exatamente a mesma com tribos organizadas, funções sociais bem definidas e uma economia que garantia a sobrevivência de todos mesmo em períodos mais críticos como no tempo da seca ou de calamidades naturais. As grandes civilizações africanas Durante o período que chamamos de Idade Média (séculos 5 ao 15), poderosos Estados se desenvolveram na África Ocidental e por sua enorme riqueza, tornaram-se o principal eixo de comércio entre o mar Mediterrâneo e o interior da África. O reino de Gana. Gana já era um reino rico antes da chegada dos comerciantes do norte e os documentos deixados por esses comerciantes (árabes e berberes) informam o que foi Gana, e relatam um império extraordinário, também chamado de Terra do Ouro. O império tinha como capital Kumbi-Saleh. Dessa cidade, o rei e seus nobres controlavam povos vizinhos, obrigando-os a pagar impostos em troca de proteção. Além disso, Gana controlava o comércio tanto das mercadorias que eram trazidas do norte (como sal e tecidos), quanto das que saíam do interior da África (como ouro e escravos). Na capital, o comércio era intenso e os seus 20 mil habitantes recebiam diariamente as caravanas que vinham de diversas regiões. Entre os séculos 9 e 10, Gana viveu seu apogeu, sendo um dos mais ricos reinos do mundo, segundo Ibn Haukal, viajante árabe da época. O reino de Mali. O Reino de Mali era, a princípio, uma região do Império de Gana habitada pelos mandingas. Era composto por 12 reinos menores ligados entre si, e tinha como capital Kangaba. O Império se tornou herdeiro do Império de Gana, passando a controlar todo o comércio local. O ouro extraído por Mali sustentava grande parte do comércio no Mediterrâneo. Conta-se que, entre 1324 e 1325, Mansa Mussa, em peregrinação a Meca, parou para uma visita ao Cairo e teria presenteado tantas pessoas com ouro, que o valor desse metal se desvalorizou por mais de 10 anos. Cidades iorubás. A partir do século 9 formaram-se as cidades da civilização iorubá, na região da atual Nigéria, já habitada por esse povo desde o século 4.  Os iorubás nunca unificaram suas cidades, mas mantiveram a mesma cultura. A cidade iorubá mais importante era Ifé, considerada sagrada, por ser o berço dos iorubás, segundo a crença local. Outra cidade importante foi Oyo, um centro militar que, no final do século 17, tinha se expandido até Daomé (atual Benin). Império de Axum. O Império Axum data do ano 100 d.C., com a fundação da cidade de mesmo nome. No século IV já era o Estado de maior expressão do reino da Núbia e, por conta das relações no Mar Vermelho – local de articulação entre populações africanas e árabes – adotaram o cristianismo, que se espalhou em boa parte do território sob o domínio romano, inclusive no Egito. Império Zimbábue. O Império Zimbábue existiu entre os anos de 1200 e 1400, no litoral da África Austral, onde hoje estão localizados Moçambique e Zimbábue. Este Império ficou conhecido por seu grande número de construções, que são testemunhos do poder alcançado por ele. Foi um poderoso Estado com hegemonia na região localizada entre os rios Zambeze e Limpopo. Império Songai. O Império Songai está relacionado com a cidade de Gao, localizada na curva do Níger. Esta cidade foi um importante centro comercial, político e econômico, com poder militar de arqueiros que se lançavam ao Rio Niger. Registro de avanços e conquistas Quando os missionários portugueses chegaram ao Congo encontraram um sistema político bem organizado com cobrança de impostos e taxas. Havia, inclusive, um eficiente tribunal e um funcionalismo público estruturado. O estado construiu estradas, impôs portagens, apoiou um grande exército e tinha um sistema monetário baseado no uso de conchas, do qual o chefe supremo tinha o monopólio. O Reino do Congo tinha também alguns estados satélites como o estado do Ngola (ie Ndongo) localizado na atual Angola. O reino original era aproximadamente do tamanho da França e da Alemanha juntas. Há registros da existência de uma arte metalúrgica especializada no antigo Congo.  Como os artífices Bakongo estavam cientes da toxicidade dos vapores de chumbo, criaram métodos preventivos e curativos, tanto farmacológicos usando doses maciças de mamão e óleo de palma e quanto mecânicos, para combater o envenenamento por chumbo. Por esses poucos exemplos e vislumbres é possível perceber a real situação e a fase de desenvolvimento dos estados da África antes da chegada dos europeus e do início da colonização.

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