Uma iniciativa em Calcutá, na Índia, oferece aos excluídos e abandonados da sociedade um sepultamento digno. Uma rede de apoio se instalou na comunidade cristã local para que o projeto siga em frente, se desenvolva e amplie o escopo de atuação, contemplando mais pessoas que não podem arcar com um enterro . Irmãs missionárias que cuidam dos mais vulneráveis e de doentes graves estão envolvidas no projeto.
Mariane Rodrigues - Cidade do Vaticano Se no dia de Finados, celebrado em 2 de novembro, intensificam-se as visitas ao entes queridos nos cemitérios de todo o mundo, carregando velas e coroas de flores, há famílias que enfrentam, não só neste dia, mas durante todo o ano, o dilema de como dar um enterro digno para a pessoa amada que morreu, pois não dispõe de recursos financeiros para cobrir os custos de um sepultamento decente. E no mais elevado grau de exclusão, há os abandonados e sem familiares que não possuem ninguém para se ocupar e preparar o rito funerário. O sepultamento é uma prática religiosa cristã, mas também um ato humanitário, de amor e misericórdia ao próximo. Foi com base nessa sensibilidade de olhar para o outro que a comunidade cristã de Calcutá, na Índia, lançou a iniciativa “Shamman Samadhi”, que em português significa “Sepultamento digno”, oferecendo aos mais vulneráveis um tratamento de respeito e caridade, mesmo depois de sua morte. O projeto considera a iniciativa um “gesto de compaixão e inclusão”. Ela foi lançada pelo “Christian Burial Board of Kolkata”, que acolhe representantes de diversas confissões cristãs e é responsável por administrar e gerenciar cemitérios cristãos públicos em Calcutá. Como funciona O histórico cemitério cristão de Calcutá, na zona de Mullickbazar, ao longo da Lower Circular Road, reserva uma área destinada agora para as famílias que não podem custear um sepultamento. Ele irá receber os corpos de pessoas que morreram em situação de abandono, ou ainda aos excluídos, sem familiares ou entes queridos. O local terá dois complexos: um para os adultos e o outro para as crianças com idade interior a três anos. Para esse projeto funcionar, uma rede de solidariedade se instalou na comunidade. A Prefeitura de Calcutá acolheu a iniciativa e anunciou uma contribuição do seu fundo de desenvolvimento local para apoiá-la,. A iniciativa foi apresentada pelo padre Moloy D’Costa, vigário-geral da Arquidiocese Católica de Calcutá e por outras autoridades civis e religiosas. As Missionárias da Caridade de Madre Teresa de Calcutá, que frequentemente se veem assistindo pessoas gravemente doentes ou abandonadas por todos, também firmaram seus compromissos nessa rede de apoio. Elas disseram que “aumenta a nossa missão de compaixão, garantindo que os defundos sejam sepultados em dignifidade, paz e respeito”. O “Christian Burial Board”, que se ocupará também das manutenções dos túmulos, reiterou seu compromisso para servir os mais vulneráveis da cidade “com empatia, respeito e responsabilidade cívica”. O organismo anunciou que será disponibilizado um segundo lugar de sepultamento no início do próximo ano no cemitério de Tollygunge, ampliando o escopo desse serviço. Além disso, nesta fase, o "Christian Burial Board" solicitou ao governo municipal a destinação de um terreno para um novo cemitério cristão, visto que, aqueles existentes, que datam da época britânica, já atingiram o ponto de saturação. *Com informações da Agência Fides