No Pavilhão da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), na Zona Verde da COP30, nesta segunda-feira 17 de novembro o debate sobre o tema “A vida por um fio: adaptação, mitigação e transição energética justa, transparência e responsabilidade no Sul Global”.
Padre Luis Miguel Modino – Belém Ser defensor dos direitos humanos se tornou um risco em diversos lugares do Planeta. Para defender esses defensores existe a campanha “A vida por um fio”, focada nos líderes sociais que trabalham na proteção da Casa Comum na América Latina. Dela faz parte a Igreja Católica, e durante o Jubileu da Esperança tem realizado diversas atividades. Responsabilidade comum Uma delas aconteceu no Pavilhão da Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), na Zona Verde da COP30, nesta segunda-feira 17 de novembro, com a presença do presidente de Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), cardeal Jaime Spengler, o presidente da Federação de Conferências Episcopais da Asia (FABC), cardeal Felipe Neri Ferrão, o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), cardeal Barreto, e a representante da Caritas Brasileira, Valquiria Lima. Juntos debateram sobre o tema “A vida por um fio: adaptação, mitigação e transição energética justa, transparência e responsabilidade no Sul Global”. Solidariedade com os líderes ameaçados O cardeal Spengler recordou que a campanha, liderada por diversas instituições, dentre elas o CELAM, o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e a Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL), foi lançada em 10 de dezembro de 2024 na Sala Stampa vaticana, coincidindo com o Dia Internacional dos Direitos Humanos, e tem como lema: “tecendo futuros, protegendo vidas”. O objetivo é “desenvolver diversas ações solidárias com os líderes que estão sendo ameaçados por seu trabalho em defesa dos direitos humanos e da casa comum”, salientou o presidente do CELAM. O arcebispo de Porto Alegre (RS) recordou que entre 2012 e 2024 foram registrados 2.253 assassinatos e desaparecimentos de defensores do meio ambiente e do território em todo o mundo, 146 em 2024, 48 deles na Colômbia. Vidas que em palavras de Spengler, “nos interpelam e nos mobilizam a levantar nossas vozes para que eles e tantas outras comunidades que zelam pela defesa dos direitos socioambientais e dos direitos humanos não continuem sendo vítimas da violência e de uma economia que mata, como costumava dizer o Papa Francisco”. Segundo ele, “a vida do planeta está por um fio, assim como a dessas pessoas, verdadeiros mártires da nossa Casa Comum, que derramaram seu sangue pela defesa de seus territórios e pelo cuidado do planeta”. Garantir informações verdadeiras “A agenda climática atualmente é a agenda da vida”, segundo Valquíria Lima, que fez um chamado a colocar no centro essa agenda. A representante da Caritas insistiu na necessidade de garantir informações verdadeiras, de combater a indústria da mentira, grande inimiga do combate às mudanças climáticas. Uma indústria da mentira ao serviço do lucro, o que demanda, diante do risco da desinformação na sociedade atual, garantir informações na íntegra, que segundo Valquíria Lima “é um ato de coragem”. A mentira, que se tornou instrumento de manipulação, muitas vezes através das redes sociais, leva a desacreditar relatórios dos cientistas, e faz com que a desinformação distorça o debate público. Sair juntos da crise Enfrentar a crise climática é uma responsabilidade comum, segundo o cardeal Pedro Barreto. Em suas palavras, ele ressaltou que “estamos ameaçados como humanidade, o que exige ações urgentes e consensuais em favor da vida e do cuidado da casa comum”. O cardeal peruano lembrou que os mais vulneráveis, entre eles os povos da Amazônia, são os que menos influenciam a mudança climática, porém os mais afetados. Dessa crise climática só é possível sair juntos, porque somos membros de uma mesma família humana, como dizia Papa Francisco. Algo que exige agir agora, como o presidente Lula insistiu no início desta COP, ainda mais pelo fato de realizá-la na Amazônia. Para isso, Barreto destacou que a Igreja, de maneira desinteressada e firme, quer colaborar nessa tarefa, dada a fé no Deus Criador. Um caminho no qual é necessário unir a ciência com a fé, neste tempo oportuno, neste Kairos, que chama a trabalhar juntos. O Trabalho da Igreja na Ásia “Na Ásia, estamos vivenciando com grande intensidade os efeitos desastrosos da crise climática”, declarou o Cardeal Ferrão. Diante dessa realidade, “em março passado, por ocasião do décimo aniversário da Laudato Si’, a Federação das Conferências Episcopais da Ásia publicou uma carta pastoral dirigida a todas as Igrejas da Ásia sobre o cuidado da nossa casa comum, um apelo à conversão ecológica”. Um texto que, segundo o Cardeal, “destaca a devastação que a crise climática está causando em todo o continente asiático. Ao mesmo tempo, descrevemos os diversos sinais de esperança que estão surgindo na Ásia como resposta das nossas comunidades às consequências desastrosas da crise climática, e lançamos um apelo à ação para que todas as pessoas, comunidades, governos e líderes religiosos respondam à crise climática”. Importância da Educação Ambiental Uma necessidade é a educação ambiental, com um investimento de qualidade para garantir seu papel fundamental. Essa educação vai reforçar esse caminho, dado que vai providenciar informação íntegra e verdadeira, evitando que o debate entorno do clima se degrade. Uma educação que vai ajudar no progresso social, no avanço da democracia, combatendo tudo aquilo que cria confusão na mente do povo. Junto com isso, a importância da família como escola de educação integral, que favoreça a integralidade da pessoa humana e da criação de Deus.