Arcebispo na República Democrática do Congo: “Que a paz seja coesão nacional" - Vatican News via Acervo Católico

  • Home
  • -
  • Notícias
  • -
  • Arcebispo na República Democrática do Congo: “Que a paz seja coesão nacional" - Vatican News via Acervo Católico
Arcebispo na República Democrática do Congo: “Que a paz seja coesão nacional" - Vatican News via Acervo Católico
Fonte: VATICANO

Enquanto em Doha e Washington se multiplicam os esforços pela paz no país africano, o presidente da Conferência Episcopal lança um aviso para que “os próprios congoleses se sentem à mesa, com sinceridade e verdade, para construir uma paz duradoura”

Jean-Paul Kamba e Guglielmo Gallone – Cidade do Vaticano  “Escutar, consultar, colaborar, agir juntos na corresponsabilidade”: esses são os passos fundamentais do processo que anima à sinodalidade e inspira o esforço da Igreja na busca pela paz, tanto na República Democrática do Congo, como em toda a região dos Grandes Lagos, segundo Dom Fulgence Muteba Mugalu, arcebispo de Lubumbashi e presidente da Conferência Episcopal Nacional do Congo (Cenco).  Um roteiro compartilhado com outras confissões Por isso, explica Dom Muteba em entrevista à imprensa vaticana, junto aos pastores da Igreja de Cristo, a Cenco conduziu uma séria de consultas e de encontros que levaram à elaboração de um roteiro compartilhado. “Percorremos diversas cidades para encontrar os nossos compatriotas que se encontram em exílio e que não podem voltar para seus países. Encontramos parceiros, também dialogamos com quem está no poder”, conta o arcebispo.  Um caminho, especifica ele, não classificado como uma iniciativa política, mas que, ao contrário, responde a uma obrigação pastoral e sinodal, segundo o qual, “a Igreja se esforça sempre a buscar o diálogo com todos, sem exclusão”.  Os esforços para a paz na República Democrática do Congo  E o faz sobretudo agora, enquanto as iniciativas internacionais pela paz estão acelerando em um país marcado por uma série de guerras e rebeliões que, desde 1996 até hoje, causaram entre 4 a 6 milhões de mortes, segundo as estimativas das agências humanitárias da ONU. Os números tornam o conflito na República Democrática do Congo um dos mais sangrentos desde a Segunda Guerra Mundial.  O presidente da RDC, Félix Tshisekedi, chegou em Doha nessa terça-feira, 4 de novembro, para retomar as negociações de paz com o grupo armado M23, ativo na província Kivu do Norte e Kivu do Sul, e responsável por novos deslocamentos que levaram o número total de deslocados internos para mais de 7 milhões de pessoas, entre os mais altos do mundo. Tshisekedi explicou que o processo prevê duas mesas de negociação: um em Doha e um em Washington, e que, uma vez concluídas, os Estados Unidos convocarão “o presidente  ruandês e eu” para um encontro final com o presidente estadunidense, Donald Trump, com o objetivo de selar os acordos.  “Mas os verdadeiros desafios se desenrolam no local de conflito” Embora incentive as iniciativas diplomáticas em curso, o Arcebispo de Lubumbashi deseja enfatizar que as verdadeiras questões para a paz no Congo se jogam no terreno, ou seja, nos locais onde os conflitos acontecem : "São os próprios congoleses que devem sentar-se à mesa, com sinceridade e verdade, para construir uma paz duradoura." E, exatamente neste sentido, acrescenta Dom Muteba, “a impressão é que esta paz demora a chegar. Aquilo que lamento mais do que qualquer coisa é a perda de tempo e a perda de vidas humanas, vidas que poderiamos ter evitado perder se tivéssemos sido ouvidos. É verdade, pode-se ir a Washington, a Doha, a Paris, mas acredito que as verdadeiras questões se resolvem no terreno”.  Apesar das dificuldades em encontrar novas oportunidades no terreno, Dom Muteba se recusa, desde o início, a deixar-se desanimar. “A esperança faz parte da nossa identidade cristã . Ainda não é tarde demais para tomar uma boa decisão e tornar essa paz uma realidade. E nós não queremos uma paz efêmera, mas sim uma paz verdadeiramente duradoura, que não signifique apenas a ausência de guerra, mas coesão nacional, complementaridade nos esforços necessários para construir uma sociedade em que os valores humanos sejam respeitados e que o desenvolvimento se torne realidade.”  Sinodalidade: formação e responsabilidade para uma Igreja transparente  Neste sentido, dom Muteba também apelou ao presidente da República a promover os atos previstos no roteiro dos líderes religiosos.  Além disso, o arcebispo Muteba nos exorta a olhar para dentro da Igreja Congolesa e, portanto, para a maneira como ela transmite sua mensagem de paz. Os desafios são muitos e, antes de mais nada, específicos. “Há a formação. É muito importante, porque aIgreja não é uma instituição qualquer. É necessário conhecer a Igreja, a sua história, as suas leis. Caso contrário, diante da abertura dada pela sinodalidade, sem saber como funciona a Igreja, corre-se o risco de assistir a formas de anarquia, algo que hoje não podemos nos permitir”. O arcebispo congolês insiste ainda na transparência e na responsabilidade como valores evangélicos, porque “o sínodo nos diz que a transparência e a prestação de contas não são opcionais: são obrigações pastorais. Isso não deve ser percebido como um peso, mas sim como uma forma de fortalecer a confiança daqueles que nos apoiam e de continuar a obra de Deus. Espero que os nossos agentes pastorais integrem esta nova cultura, para que possam colher os frutos”. Assim, para fazer nascer a paz não só nas capitais, onde se assinam os acordos, mas nos lugares onde a paz deve ser vivida: nas paróquias, nas comunidades, na vida quotidiana, onde se aprende a ser responsáveis uns pelos outros.

Siga-nos
Acervo Católico

© 2024 - 2025 Acervo Católico. Todos os direitos reservados.