COP30, Redes Climáticas Universitárias: formar líderes com consciência ambiental - Vatican News via Acervo Católico

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COP30, Redes Climáticas Universitárias: formar líderes com consciência ambiental - Vatican News via Acervo Católico
Fonte: VATICANO

Reitores de Universidade refletiram sobre Redes Climáticas no Pavilhão de Ensino Superior para a Ação Climática, na Zona Azul da COP30. Algumas delas fazem parte da Rede de Universidades para o Cuidado da Nossa Casa Comum (RUC).

Padre Luis Miguel Modino – Belém As universidades são instituições que estabeleceram Redes Climáticas, uma prática cada vez mais consolidada nos centros de ensino superior da América Latina. Seis reitores universitários refletiram sobre essa questão em 19 de novembro no Pavilhão de Ensino Superior para a Ação Climática, na Zona Azul da COP30, que está sendo realizada em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro de 2025. Os palestrantes foram Juan Pablo Murra, do Tecnológico de Monterrey (México); Cicilia Maia, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (Brasil); Anderson Pedroso, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (Brasil); Carlos Greco, da Universidade Nacional de San Martín (Argentina); Antônio de Almeida, da Universidade Estadual de Campinas (Brasil); e Agustina Rodríguez Saa, da Universidade Nacional de Comechingones (Argentina). A RUC e sua reflexão sobre a dívida ecológica Algumas delas fazem parte da Rede de Universidades para o Cuidado da Nossa Casa Comum (RUC), uma rede que reúne universidades públicas e privadas, seculares e religiosas, garantindo a diversidade. A rede nasceu da encíclica Laudato Si’, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e do Acordo de Paris. Em um encontro com o Papa Francisco em 2023, que impulsionou decisivamente essa rede, o pontífice as desafiou a formar líderes e fortalecer os laços com a comunidade local, promovendo o diálogo entre a ciência e outras formas de conhecimento. No encontro realizado no Rio de Janeiro em maio de 2025, a rede decidiu concentrar sua reflexão na dívida ecológica. O papel das universidades diante da gravidade da crise climática é crucial, enfatizou Juan Pablo Murra. Ele destacou que “seria um erro não se envolver no cuidado da nossa casa comum”. Isso deve ser feito por meio do ensino, da pesquisa e da defesa de direitos. Trabalhando em colaboração para transformar a partir do nível local e compartilhando experiências com outros. Pautas climáticas nos programas universitários Nesse sentido, nos deparamos com a necessidade de impactar através da educação universitária, incluir a pauta climática nos cursos de graduação e não só na pós-graduação, compartilhar experiências e informações nas redes universitárias, salientou Antônio de Almeida. Ele destacou o papel da inovação para transformar conhecimento em desenvolvimento. Igualmente refletiu sobre as possibilidades que os recursos naturais na América Latina, uma região de paz, representam em prol de uma economia sustentável. O mundo universitário, que goza de grande capilaridade, através da pesquisa, se torna meio para resolver problemas comuns, segundo Cicilia Maia. Ele ressaltou a importância da COP30 como espaço para fortalecer redes, para estabelecer a colaboração entre países. Descobrir a missão comum Anderson Pedroso vê a RUC como um modelo muito interessante: universidades públicas e privadas unidas no ideal de cuidar da nossa casa comum. O reitor da PUC-Rio defendeu “derrubar muros e construir pontes entre as redes, que são comunidades, espaços de sacrifício pessoal para a criação de comunidade”. É necessário falar sobre a missão comum e descobrir que, como instituições autônomas, buscamos um objetivo comum. Ele também defendeu a compreensão das universidades como espaços que salvaguardam a democracia e os direitos de todos. Devem ser espaços que não dependem de governos, espaços para vivenciar a democracia e construir algo comum. Tudo isso se baseia no fato de que as universidades são “laboratórios vivos de experiência”. Como membro da RUC, Carlos Greco defendeu o enfrentamento da dívida ecológica, algo que considera fundamental. Para isso, são necessários processos colaborativos no desenvolvimento de atividades educativas, que conduzam à transmissão de conhecimento para a solução dos problemas da sociedade. “Trabalho diário que aumenta a consciência dos alunos sobre o conhecimento que se relaciona com a realidade”, com o cuidado com o planeta. Desafios Essas redes enfrentam alguns desafios, como a fragilidade das democracias e a desigualdade na América Latina, visto que “através da democracia, os grandes problemas da desigualdade e da dívida ecológica podem ser resolvidos”, afirmou Greco. Outro desafio, nas palavras de Anderson Pedroso, é superar o que o Papa Leão XIV chamou de “globalização da impotência”. Isso pode ser superado compartilhando o que está sendo feito e capacitando as pessoas a organizar a esperança com método, conteúdo e etapas. Capacitando-as para serem o melhor para os outros, formando líderes generosos que possam pensar globalmente. Entre os desafios está a vulnerabilidade socioeconômica de muitos estudantes, mas também entender que uma nação se desenvolve quando as pessoas são desenvolvidas, formadas. Isso precisa de um plano de ação definido, salientou Cicilia Maia. Mas também se torna um desafio as colaborações universitárias muito mais intensas para ter uma voz mais determinante na sociedade, como reconheceu Antônio de Almeida. Olhando para o Futuro O baixo investimento em ciência e tecnologia é visto como mais um desafio pelo reitor do Tecnológico de Monterrey. Isso dificulta a capacidade da universidade de olhar para o exterior, pensar no futuro e ter sua voz ouvida em fóruns globais. Olhando para o futuro, considerando que as universidades são atores sociais que promovem o bem-estar da sociedade, a Inteligência Artificial torna-se um elemento crucial nos processos educacionais, fomentando um DNA de inovação. O futuro da universidade demanda a inclusão de todos os coletivos, algo presente na Universidade Estadual de Campinas, com grande presença de indígenas. Isso ajudará a “criar lideranças mais generosas e inclusivas, com consciência ecológica mais forte”, destacou seu reitor. Cicilia Maia também enfatizou a importância da expansão, da democratização do ensino superior no Brasil nos últimos anos, com presença dos grupos vulneráveis. Isso provoca “uma troca de saberes que produz soluções mais duradouras”. Junto com isso forma indivíduos com capacidade ética e crítica para poder desenvolver seu entorno. A reitora brasileira defende incluir questões ambientais e de sustentabilidade na grade universitária no Plano Nacional de Educação do Brasil. Formar líderes mundiais Essas políticas de inclusão nas universidades brasileiras tiveram origem nas universidades católicas, afirmou o reitor da PUC-Rio. Pedroso acredita ser necessário investir mais em educação de qualidade com pesquisa estratégica de alto nível para o futuro. Isso requer colaboração entre todos os setores, público e privado, em diálogo, inclusive entre diferentes pontos de vista. Além disso, é crucial formar indivíduos com visão estratégica para o planeta. Nesse sentido, considerando que a América Latina produziu os dois últimos papas, ele enfatizou a necessidade de as universidades da região investirem na formação de líderes globais. O futuro necessário só pode ser construído levando-se em conta a tradição, segundo o reitor da Universidade de San Martín. Isso exige um compromisso com o desenvolvimento por meio das universidades, também em relação às mudanças climáticas. Não se pode esquecer que a política universitária é uma questão de política de Estado, que demanda princípios orientadores para o trabalho da universidade como agente de mudança.

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