Ao receber os membros do Conselho Consultivo da RCS Academy, o Papa encorajou a refletir sobre um novo humanismo na era digital, e destacou a responsabilidade ética da informação, a educação crítica diante das tecnologias e a importância de unir comunicação e verdade em favor do bem comum.
Thulio Fonseca - Vatican News O Papa Leão recebeu na manhã desta sexta-feira, 7 de novembro, os membros do Conselho Consultivo da RCS Academy, uma escola de formação avançada nas áreas de jornalismo, economia, comunicação e negócios. A instituição, comprometida com a reflexão sobre o papel ético da informação, reuniu-se para discutir o tema de um “novo humanismo na era digital”. Ao saudar o grupo, o Papa Leão XIV expressou alegria por encontrá-los “em dias de especial empenho”, e reconheceu o valor do debate sobre ética e inteligência artificial, e sobre o papel da comunicação “a serviço das pessoas”, para que ela não se transforme “num sistema de algoritmos que reproduzem indefinidamente, sem consciência ou discernimento, os nossos raciocínios, transformando-os em simples dados”. Educação e dignidade humana O Pontífice destacou que a missão da RCS Academy é também educativa, pois “a educação é o que torna ativa e transformadora a igual dignidade de todos os seres humanos”, promovendo uma cidadania global baseada na participação, na solidariedade e na liberdade. Por isso, afirmou, a formação para habitar os ambientes digitais e o olhar crítico sobre as inteligências artificiais são dimensões essenciais do desenvolvimento integral das pessoas e das comunidades. O Papa alertou ainda para o risco de que, “no excesso de informação e na falta de sabedoria, cresçam novas formas de desumanização e manipulação, que — disfarçadas — apresentem a exploração como cuidado e a mentira como verdade”. Responsabilidade e discernimento Dirigindo-se aos comunicadores e líderes presentes, Leão XIV ressaltou o duplo papel daqueles que trabalham com a informação: “informar de modo responsável e, ao mesmo tempo, ajudar o público a avaliar criticamente cada coisa, distinguindo fatos de opiniões, notícias verdadeiras das falsas.” A transparência e a clareza, acrescentou, são condições indispensáveis para uma comunicação que fortaleça o bem comum e a convivência democrática. Ao falar sobre o papel das organizações, o Pontífice observou que “não é verdade que - em bom inglês - business is business”. Nenhum profissional deve ser absorvido a ponto de se tornar uma simples “engrenagem” de um sistema. “Não há verdadeiro humanismo sem sentido crítico e sem o corajoso exercício de se perguntar: para onde estamos indo? Para quem e para quê trabalhamos?”, questionou. A verdade como critério da economia da comunicação O Papa também foi enfático ao afirmar que a economia da comunicação não pode e não deve separar o seu destino do da verdade. A transparência das fontes e da propriedade, a responsabilidade, a qualidade e a objetividade são “as chaves para abrir a todos os povos o direito de cidadania”. Em seguida, Leão XIV recordou a mensagem do Papa Francisco, escrita durante seu último período de hospitalização, dirigida ao diretor do jornal italiano Corriere della Sera: Comunicar para o bem comum Ao encerrar seu discurso, Leão XIV exortou o grupo a ser “empreendedores e comunicadores honestos e corajosos, atentos ao bem comum”, e a olhar sempre além dos lucros imediatos, buscando um futuro de justiça e humanidade. “O Evangelho de Cristo, que permanece sempre Boa Notícia para o mundo, seja a sua inspiração constante,” concluiu o Papa, concedendo aos presentes a sua benção apostólica.