Metade dos povos indígenas isolados pode desaparecer em 10 anos - Vatican News via Acervo Católico

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Metade dos povos indígenas isolados pode desaparecer em 10 anos - Vatican News via Acervo Católico
Fonte: VATICANO

O alerta foi feito pela organização “Survival International”, que publicou o primeiro relatório mundial sobre as comunidades e grupos isolados em dez países da América do Sul, Ásia e Pacífico.

Francesco Ricupero – Vatican News Em nosso planeta, existem pelo menos 196 povos e grupos indígenas nunca contatados. No entanto, metade deles corre o risco de desaparecer em até 10 anos, se governos e empresas não agirem. Esta é a conclusão do primeiro relatório “Povos indígenas isolados: fronteiras de resistência” (Uncontacted Peoples at the Edge of Survival), elaborado pela ONG “Survival International”. Violência, abusos e doenças Segundo a organização, que defende os direitos dos povos indígenas, esse “genocídio silencioso” já está em andamento. Ele é causado pelo contato forçado, violência, doenças trazidas de fora e invasão de terras. O principal motor dessa destruição vem das indústrias extrativistas e madeireiras —ameaças para dois terços dos povos isolados — além do agronegócio. “Até quando nós, do mundo industrializado, vamos continuar tratando os povos isolados como simples danos colaterais, enquanto saqueamos suas terras para produzir nossos carros, nossas casas, nossa energia, nossas joias e nosso entretenimento?”, questionou o ator Richard Gere, durante a apresentação do relatório. O evento contou também com a presença de Lucas Manchineri (povo Manchineri) e Maipatxi Apurinã (povo Pupīkary), do Brasil; Herlin Odicio, líder kakataibo da região de Ucayali, no Peru; e Caroline Pearce, diretora-geral da Survival International. Luta pela floresta O relatório traz histórias pessoais, estudos e depoimentos de indígenas, que revelam o que acontece nos primeiros contatos e os traumas que esses encontros causam. Também são histórias de resistência e resiliência, pois o isolamento é uma escolha ativa e consciente, motivada pelas circunstâncias. Por isso, Lucas Manchineri chama os povos isolados de “povos desconfiados”. “Precisamos apoiá-los contando suas histórias e mostrando ao mundo que os povos isolados não desapareceram. Eles estão aqui, lutando em suas florestas — às vezes em silêncio. Temos o dever espiritual e político de protegê-los”, afirmou Manchineri. “Não queremos que a história de contato que nós sofremos se repita.” Às vésperas da COP30, essa mensagem ganha ainda mais força: proteger seus territórios é essencial também para combater a crise climática global. O relatório destaca que o isolamento é uma decisão consciente e prova de que, quando não são atacados, os povos isolados não apenas sobrevivem, mas prosperam. Um apelo urgente Com base em mais de 50 anos de pesquisa e experiência, a “Survival International” faz um apelo urgente a governos, empresas e à opinião pública: respeitem os direitos e os territórios desses povos. “Os povos isolados”, concluiu Pearce, “não são passivos e têm plena consciência do mundo exterior. Eles escolhem, de forma ativa, rejeitar e resistir ao contato. Contam com o apoio de outros povos indígenas e a lei internacional está totalmente do lado deles.”

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