Missão de religiosas não termina com a idade: ouvir é a primeira forma de amor - Vatican News via Acervo Católico

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Missão de religiosas não termina com a idade: ouvir é a primeira forma de amor - Vatican News via Acervo Católico
Fonte: VATICANO

Embora muitas congregações religiosas na Europa enfrentem o desafio do envelhecimento dos membros, o cerne da vocação permanece inalterado: servir com amor e dedicação aqueles vivem em necessidade. Em Matera, no sul da Itália, a Ir. Angela Sinopoli, de 93 anos, continua em missão pelas ruas da cidade, vivendo a pastoral da proximidade.

Ilaria de Lillo «Ninguém é tão pobre que não tenha algo para dar, e ninguém é tão rico que não precise de receber alguma coisa», dizia o saudoso Papa Francisco, citando o Pe. Oreste Benzi (Mensagem do Papa Francisco por ocasião do 61º Dia Mundial de oração pelas Vocações, 21 de abril de 2014). E, observando a vida plena da irmã Angela, dir-se-ia que é precisamente assim. Independentemente da idade, da experiência de vida e de onde se está, há sempre algo a dar e a receber por amor. Enfermeira reformada, tem 93 anos de idade e 70 anos de vida religiosa, vividos com alegria: é a irmã Angela Sinopoli, religiosa Auxiliadora das almas do Purgatório, que desde 2001 vive, em Matera, a pastoral da proximidade. Esta missão leva-a a percorrer as ruas para viver os encontros que lhe ocorrem de vez em quando, visitar quem está sozinho, doente ou à procura de alguém em quem confiar e com quem partilhar os fardos da vida. A sua energia é inesgotável, pois tem origem na consciência do dom: apesar dos seus noventa e três anos, a religiosa enfrenta os desafios do dia a dia com determinação e humor, animada precisamente por aquele amor que primeiro recebeu e que não a deixa desanimar diante de nada. O estilo da irmã Angela é caraterizado por três palavras-chave: força, energia e coragem. Ela recorre à sabedoria da espiritualidade inaciana, pilar das irmãs Auxiliadoras, para viver o acompanhamento como presença entre e ao lado das pessoas. Portanto, não é a idade que impede o desejo de partilhar a alegria e a misericórdia do Senhor com os outros. Ainda que o corpo possa impor limites, o coração ultrapassa todas as fronteiras. A irmã Angela ouve os problemas que as pessoas lhe confiam e torna-se companheira de vida, aproveitando a narração como momento terapêutico para as pessoas. Chamando as coisas pelo nome, elas vêm à tona e podem ser enfrentadas à luz da esperança, não na escuridão do desespero. «Sempre que as pessoas me descrevem os seus problemas e medos», explica a irmã Angela, «procuro encorajá-las a seguir em frente. Às vezes rezamos juntas, outras vezes trocamos um sorriso». E quando volta para casa, confia tudo à oração pessoal e comunitária. E acrescenta: «É uma forma de testemunhar o amor de Deus por elas». Na crise da presença, agora é tempo de ouvir A irmã Angela não tem relógio no pulso quando sai de casa de manhã cedo para começar as suas rondas pela cidade. Conhece bem a arte de “perder tempo” com as pessoas e acolher o imprevisto de um encontro. De manhã, programa quais famílias visitar durante o dia; outras vezes, faz uma lista de contactos de pessoas que sabe que estão em dificuldade e vive uma pastoral “por telefone”. Ligar para alguém, mesmo que seja apenas para cumprimentar, pode ser uma carícia que a pessoa recebe, uma forma de comunicar ao outro que ele é importante, que alguém pensa nele, e isto infunde confiança e esperança. Mas outras vezes o encontro não é programado, acontece na rua e permite que a irmã Ângela diga como Pedro: «Não tenho prata nem ouro, mas dou-te aquilo que tenho» (At 3, 6). A religiosa vive a escuta como forma de participação nas dores das pessoas e presença no próprio sofrimento, para não deixar ninguém sozinho com os seus problemas. A proximidade é vivida pela irmã Angela como serviço para enfrentar uma problemática contemporânea que o antropólogo Ernesto De Martino definia como “crise da presença”, ou seja, perda do horizonte de sentido, incapacidade de controlar a própria existência e o próprio papel na vida. Na era das policrises, a irmã Angela sente a urgência de devolver valor às pessoas precisamente estando presente. «São sobretudo as mães que narram os problemas com os filhos», realça a religiosa. «Os pais sentem-se sozinhos, vivem os numerosos desafios da educação, a precariedade do trabalho no sul é outro motivo de preocupação, há o medo de não ter um futuro». Ouvir com arte, para esperar em conjunto Ouvindo estas situações, pode apresentar-se a tentação de querer dar uma solução que às vezes não existe, ou dar respostas que poderiam não ser oportunas. Mas na sua caixa de ferramentas, a irmã Angela traz consigo: ouvir sem julgar, ficar em silêncio, conservar as palavras do outro no coração e «acompanhar a pessoa a fim de que não se deprima, mas tenha esperança — frisa— contudo não tenho uma receita sobre o que dizer, deixo-me guiar pelas palavras que o Senhor me sugere». E confia na Providência com humildade. Aprendemos com Jesus Cristo a ir às periferias Sair de casa e visitar as pessoas, que o Papa Francisco definia como “ir às periferias”, é um estilo evangélico que a irmã Angela assume, tomando como modelo Jesus. Atraída pela maneira como Jesus olha para os outros, ou seja, como criaturas amadas, a forma como Ele se interessa pelos pobres e lhes dá esperança leva a irmã Angela a ir em busca do encontro para ver Deus que age neste mundo, com certeza, apesar dos conflitos e dos problemas. A irmã Ângela é uma das numerosas religiosas que continuam a servir as pessoas muito tempo depois de se retirarem das suas profissões e responsabilidades: «A nossa é uma vida ao serviço dos outros, conclui. A vida que escolhemos e o nosso carisma são dons para partilhar com alegria!». E nunca se acaba de receber e compartilhar!

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