O Cristo Redentor: espelho da fidelidade inquieta entre tradição (1931-2025) - Vatican News via Acervo Católico

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O Cristo Redentor: espelho da fidelidade inquieta entre tradição (1931-2025) - Vatican News via Acervo Católico
Fonte: VATICANO

Desde sua inauguração em 1931 até o limiar de seu centenário, sua trajetória ilumina o caminho da Sinodalidade ao harmonizar a Verticalidade do Dogma com a Horizontalidade da Missão.

Padre Omar Raposo - Reitor do Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor do Corcovado O monumento e Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor, no cume do Corcovado, transcendeu sua materialidade para se firmar como um paradigma vivo do desafio pastoral da Igreja Universal. Esta icônica imagem, projetada para celebrar a Redenção, sintetiza a tensão frutífera entre o etnocentrismo da tradição e o imperativo da inculturação. Desde sua inauguração em 1931 até o limiar de seu centenário, sua trajetória ilumina o caminho da Sinodalidade ao harmonizar a Verticalidade do Dogma com a Horizontalidade da Missão. Historicamente, a Verticalidade da Tradição Católica foi preservada através das fortes raízes europeias do projeto. A consagração da estátua ao Sagrado Coração de Jesus, uma devoção de origem francesa, estabeleceu uma inegociável fidelidade ao culto centralizado. A excelência estética buscada no estilo Art Déco e a execução técnica das mãos e da cabeça, confiada ao escultor francês Paul Landowski, representaram o esforço da Igreja em garantir a nobreza e a unidade formal do símbolo com o cânone universal. O etnocentrismo, nesse momento, serviu como âncora de pertencimento e ortodoxia, garantindo que o Cristo brasileiro fosse um sinal inconfundível da Igreja de Roma. No entanto, o Evangelho exige Encarnação. A Horizontalidade da Missão impôs-se com o toque da inculturação, fundamental para a vitalidade do monumento. A escolha do revestimento em pedra-sabão, material autóctone e historicamente ligado à arte sacra mineira, enraizou simbolicamente a imagem na terra e na cultura do povo. Em 2025, essa horizontalidade atinge sua maturidade pastoral através da Ecologia Integral e da Ação Social. A atuação do Consórcio Cristo Sustentável, alinhando a missão do Santuário aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ao magistério de Laudato Si', traduz a fé para a linguagem da justiça social e ambiental. O Cristo de braços abertos não é apenas uma representação estática da cruz, mas um farol vivo de acolhimento e compromisso, capaz de projetar nas mídias contemporâneas mensagens urgentes sobre o clima e a paz. O Cristo Redentor, portanto, não é um paradoxo, mas um modelo teológico de equilíbrio. Sua Verticalidade Sinodal está na fidelidade ao Dogma e à Autoridade do Papa (simbolizada pela peregrinação ao Santuário Jubilar em 2025), que confere a legitimidade da Missão. Sua Horizontalidade Sinodal está na escuta ativa dos clamores da periferia e na capacidade de o Santuário se tornar um ponto de irradiação de caridade e diálogo cultural. É nesse equilíbrio – onde a Liturgia (o Culto) e a Vida (a Cultura) se alimentam mutuamente – que reside a inspiração para a Igreja de hoje. O Cristo Redentor prova que ser verticalmente fiel ao Dogma não impede, mas exige, ser horizontalmente aberto ao Mundo. Ele nos convida a revestir a Tradição com a pedra-sabão da nossa realidade, transformando a fé em uma Encarnação visível que acolhe a todos e redime o nosso tempo. Este é o caminho para que a Igreja Universal seja, em cada cultura, um sinal eficaz da esperança.

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