O encontro do Papa com os bispos italianos nesta quinta-feira, na Porciúncula, em Assis - Vatican News via Acervo Católico

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O encontro do Papa com os bispos italianos nesta quinta-feira, na Porciúncula, em Assis - Vatican News via Acervo Católico
Fonte: VATICANO

A leitura do Pe. Fabio Nardelli, eclesiólogo, sobre o encontro entre o Papa e os bispos no final da 81ª Assembleia da Conferência Episcopal Italiana (CEI). A entrevista intitualada "Porciúncula, coração da sinodalidade" foi divulgada pelo site oficial do santuário em Assis.

Vatican News A Porciúncula, na cidade italiana de Assis, irá receber Leão XIV nesta quinta-feira (20/11) para o encontro conclusivo com os bispos no final da 81ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal Italiana que começou nesta segunda-feira (17/11). Segundo o site oficial do Santuário da Porciúncula, o encontro está previsto para às 9h30 do horário local na Basílica de Santa Maria degli Angeli, o lugar mais querido por São Francisco. Com Leão XIV, a Porciúncula volta a ser um lugar de comunhão entre o Papa e os irmãos no episcopado. Na véspera desse momento, o Pe. Fabio Nardelli, professor de Eclesiologia na Pontifícia Universidade Lateranense, na Pontifícia Universidade Antonianum e no Instituto Teológico de Assis, nos ajuda a compreender o valor sinodal e missionário do encontro entre Leão XIV e os bispos. Pe. Fabio, a Assembleia Geral da CEI encerra-se precisamente em Assis, com o encontro do Papa na Porciúncula: que significado assume este momento para a Igreja italiana? Podemos dizer que marca um novo ponto de partida após o longo caminho sinodal? É certamente um momento de relançamento. A 81ª Assembleia Geral da CEI, que termina na Porciúncula, tem a tarefa de traduzir em orientações pastorais o documento final da assembleia sinodal, votado em 25 de outubro. Não se trata de um ponto de chegada, mas de uma nova etapa do caminho. Os bispos italianos se reúnem para ouvir esse texto, a fim de traduzi-lo em objetivos concretos e continuar a caminhar juntos nas diferentes Igrejas do país. O trabalho não é teórico, mas prático: trata-se de compreender como ser uma Igreja sinodal e missionária. É uma questão cara tanto ao Papa Francisco quanto ao Papa Leão XIV, que desde o início de seu ministério insistiu nesse “como” eclesial.  Nesta Assembleia Geral, os bispos são chamados a debater as prioridades pastorais após o Caminho Sinodal. Que novas orientações poderão surgir para a vida da Igreja italiana nos próximos anos? O documento final identifica três grandes direções de trabalho. A primeira é a conversão da mentalidade: não se conformar com a mentalidade do mundo, como lembra São Paulo (Rm 12,2), mas deixar-se transformar pelo Espírito. Esse é o primeiro passo de toda renovação eclesial. A segunda direção é a de uma formação sinodal e missionária para todos os batizados. O Papa Leão XIV preza muito pela formação entendida como um caminho de amadurecimento espiritual e comunitário, acessível a todos os cristãos. Creio que este seja um ponto crucial para a Assembleia: perguntar-se como traduzir esse caminho de formação para todos os discípulos missionários. A terceira direção é a corresponsabilidade na missão e na orientação das comunidades. Trata-se de compreender como pastores e leigos podem caminhar juntos na evangelização e na vida da Igreja. A esse respeito, é importante sublinhar que a sinodalidade não anula a dimensão da autoridade, mas a transfigura: pastores e povo, unidos no Espírito, compartilham a responsabilidade do Evangelho. Além disso, há outro elemento importante: a atenção da Igreja ao tema das relações, ao tecido de relações autênticas e maduras, também na ótica de uma renovação pastoral do caminho da iniciação cristã. São esses os temas sobre os quais os bispos deverão interrogar-se nestes dias: acima de tudo, perguntando-se “como” os implementar. Às vésperas do centenário da morte de São Francisco, que perspectivas se abrem para a Igreja italiana e universal ao conjugar a sinodalidade com o espírito de fraternidade e humildade que brota precisamente da Porciúncula? Tentei comparar o texto da homilia do Papa Leão, por ocasião do início do Ministério Petrino em 18 de maio de 2025, com a mensagem essencial da Porciúncula. O Papa Leão XIV propõe a imagem de uma Igreja como “sinal de unidade” com algumas características específicas: que abre os braços ao mundo, que anuncia a Palavra e que se deixa inquietar pela história. Essa visão combina perfeitamente com a mensagem da Porciúncula: esta pequena porção de terra está inserida dentro da basílica que acolhe o mundo inteiro, remetendo precisamente à dimensão da universalidade da Igreja. Em segundo lugar, uma Igreja que anuncia a Palavra, e sabemos bem como Francisco recebe a Palavra na Porciúncula e, a partir da Porciúncula, envia seus frades para anunciá-la. E, então, uma Igreja que se deixa inquietar pela história. Gostaria de me deter particularmente nesse verbo, porque é uma expressão particularmente cara ao Papa. “Inquietar” no sentido propositivo e belo do termo: poderíamos dizer deixar-se inquietar diante dos sinais dos tempos que nos interpelam, nos provocam e nos questionam: como, por exemplo, ouvir os pobres, ouvir as diversidades, ouvir a interculturalidade. É uma inquietação boa, evangélica, que nos impele a caminhar. A Igreja é chamada, portanto, a ser fermento de unidade e de concórdia: pequena como o fermento do Evangelho, mas capaz de fermentar toda a massa. Pode-se ver neste encontro entre o Papa Leão XIV e os bispos na Porciúncula um paralelo espiritual com Francisco, que reúne seus frades no mesmo lugar? A semelhança é sugestiva, embora com as devidas diferenças. Francisco convocava seus frades para viver a comunhão na unidade e na diversidade, para discernir juntos como levar o Evangelho ao mundo. Assim também o Papa, como Bispo de Roma e Primaz da Itália, se reunirá com os bispos para compartilhar uma experiência de comunhão e missão. Um encontro que é sinal concreto da comunhão na Igreja, orientada para a missão, para a evangelização.

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