O presidente palestino Mahmoud Abbas, ao chegar a Roma na quarta-feira, visitou o túmulo do Papa Francisco em Santa Maria Maior. Nesta quinta-feira, se encontrou com o Papa Leão XIV no Vaticano, oportunidade em que foi renovado o compromisso com a paz na Terra Santa.
Por Ibrahim Faltas O presidente palestino Mahmoud Abbas está nestes dias em Roma para encontros institucionais. Abbas é um homem sábio e, com seu estilo, transforma essas ocasiões em encontros amigáveis na busca pela paz. Sua visita à Itália começou com uma homenagem a um amigo. O presidente, em seu primeiro compromisso agendado, foi à Basílica de Santa Maria Maior para saudar o Papa Francisco, sepultado na basílica papal onde é venerada a imagem milagrosa da Mãe Celestial, a amada mãe a quem o Santo Padre confiava suas viagens e seu ministério petrino. Mahmoud Abbas encontrou-se várias vezes com o Papa Francisco, e em cada encontro testemunhamos relações fraternas em que dois amigos se apoiavam mutuamente no difícil caminho da paz. Muitas vezes entreguei cartas de Abbas ao Papa Francisco; o presidente fazia questão de informar o Santo Padre sobre a situação na Terra Santa e de conscientizar sobre as condições do povo palestino. O presidente palestino encontrou-se hoje com o Papa Leão XIV pela primeira vez, e pareceu que aquele caminha tenha sido retomado com um novo amigo e a mesma fraternidade. A cordialidade entre dois homens de paz ficou imediatamente evidente e fortaleceu seu compromisso compartilhado em favor da paz e da justiça, com o cuidado aos indefesos e com a atenção e o respeito à vida. Hoje, mais do que nunca, sentimos a necessidade de defender a vida, especialmente em países devastados pela guerra e, particularmente, na Terra Santa, assolada por anos de violência. Os pacificadores buscam justiça: o Papa Leão exclamou: "Basta de guerra!" Aqueles que anseiam por paz têm fome e sede de justiça. A Terra Santa pertence a todos porque "todos nós nascemos lá". A terra, entendida como um território, pertence àqueles que viveram lá por milênios, àqueles que têm as raízes da história de um povo naquela terra. O presidente Abbas veio ao Vaticano para agradecer ao Papa Leão XIV por seu constante apelo à paz e à justiça, sua constante invocação do direito internacional para pôr fim à violência contra civis e por confirmar o reconhecimento do Estado da Palestina. O Pontífice, assim como seus antecessores, defendeu firmemente a possibilidade de dois Estados autônomos e independentes: somente assim Israel e Palestina, os dois povos, poderão viver em segurança e com respeito mútuo às fronteiras e territórios. O presidente Abbas pede verdade e justiça para o seu povo, privado de direitos humanos essenciais há décadas, um povo que sofreu muito no passado, que continua a perder vidas, que continua a sofrer dificuldades e humilhações mesmo nos dias em que a trégua deveria pôr fim às armas e à violência. A Terra Santa pede justiça para as Pedras Vivas que a habitam, pede paz e segurança para o povo israelense e pede paz e justiça para o povo palestino. Após o encontro com o Santo Padre, o presidente visitou a exposição “Bethlehem Reborn” no Museu San Salvatore al Lauro, que ilustra a maravilhosa restauração da Basílica da Natividade em Belém, restaurações fortemente desejadas e financiadas pelo Estado palestino. O título da exposição, já visitada em muitas cidades ao redor do mundo, é um desejo e uma esperança: o renascimento da paz na Terra Santa começa sua jornada em Belém, a cidade onde nasceu o Príncipe da Paz. Em Gaza, a trégua é frágil e ainda não permite uma vida digna para dois milhões de seres humanos, não permite a chegada de ajuda humanitária suficiente, não oferece abrigo e refúgio para aqueles que estão desabrigados há mais de dois anos. Na Cisjordânia, as restrições à liberdade de movimento dentro do próprio território, os constantes ataques a pessoas e propriedades e o crescente nível de pobreza estão causando desespero e desconfiança em uma população já gravemente afetada. As imagens de oliveiras derrubadas para dar lugar a novos assentamentos, os olhos sem sorriso de crianças e idosos, os olhares sofridos de mulheres e homens que não têm mais voz, em breve serão imagens arquivadas no passado, para que não sejam esquecidas e para que sejam lembradas no futuro, evitando assim o retorno à violência do ódio e da vingança. O presidente Abbas pede ao Santo Padre apoio para a Palestina, ce o faz como homem de paz a quem compartilha os mesmos valores, a quem acredita que não há paz sem justiça, a quem quer conhecer a verdadr, para defendê-la.