O relatório de Oxfam - em vista da COP30, a maior conferência climática do mundo, que começa em 10 de novembro em Belém do Pará - destaca como a crescente concentração de riqueza e poder econômico está alimentando a crise climática. Segundo a organização, "a crise climática está intimamente ligada ao agravamento da desigualdade global e está exacerbando sua escala". "Os indivíduos mais ricos estão financiando e lucrando com esta crise, enquanto o resto do mundo sofre as consequências", diz Oxfam
Vatican News Em um único dia, um indivíduo pertencente aos 0,1% mais ricos do planeta produz — entre consumo e investimentos em atividades poluentes — mais emissões de CO₂ do que os 50% mais pobres da população mundial geram em um ano. Essa é a conclusão de um novo relatório divulgado esta quarta-feira (29) pela Oxfam, em vista da COP30, a maior conferência climática do mundo, que começa em 10 de novembro na cidade brasileira de Belém do Pará. Crise climática e agravamento da desigualdade global O relatório destaca como a crescente concentração de riqueza e poder econômico está alimentando a crise climática, trazendo o risco de esgotar a "estimativa de carbono" global necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C em comparação com a era pré-industrial. Se todos tivessem a mesma produção de emissão de carbono dos 0,1% mais ricos, esse limite seria atingido em menos de três semanas. "A crise climática está intimamente ligada ao agravamento da desigualdade global e está exacerbando sua escala", afirmou Francesco Petrelli, porta-voz da Oxfam Itália. "Os indivíduos mais ricos estão financiando e lucrando com esta crise, enquanto o resto do mundo sofre as consequências." Proibir o lobby em favor dos combustíveis fósseis Segundo a Oxfam, um bilionário emite, em média, 1,9 milhão de toneladas de CO₂ por ano por meio de seus investimentos, o equivalente a 10.000 viagens ao redor do planeta em um jato particular. Quase 60% de seus investimentos estão concentrados em setores com alto impacto climático, como petróleo e mineração. As emissões derivantes dos investimentos de apenas 308 bilionários superam as de 118 países juntos. Na COP29 em Baku (Azerbaijão), destaca o relatório, 1.773 lobistas da indústria de combustíveis fósseis foram credenciados, mais do que os delegados dos 10 países mais afetados pela crise climática. "As políticas climáticas", acrescenta Petrelli, "são cada vez mais influenciadas por interesses privados e por uma economia retrógrada. Precisamos taxar os principais poluidores e proibir o lobby em favor dos combustíveis fósseis." Impacto da crise climática sobre as mulheres A Oxfam também chama a atenção para o impacto da crise climática sobre as mulheres: quatro em cada cinco migrantes climáticos são mulheres, que têm 14 vezes mais probabilidade de morrer em desastres naturais do que os homens. Daí, a campanha "Justiça Climática é Justiça de Gênero", lançada antes da COP30, com iniciativas de conscientização que culminarão na Marcha do Orgulho Climático em Roma, no dia 15 de novembro. Apelos da Oxfam aos governos A organização apela aos governos para que: reduzam drasticamente as emissões dos super-ricos e das empresas de combustíveis fósseis por meio de uma tributação mais justa; limitem sua influência política, proibindo a participação dessas empresas nas negociações climáticas; garantam um papel maior para os países do Sul global; e assegurem contribuições financeiras reais e substanciais para a transição ecológica. A Oxfam destaca que, desde o Acordo de Paris de 2015, o 1% mais rico do planeta consumiu mais do que o dobro do balanço de carbono da metade mais pobre da humanidade. Se essa tendência não for revertida, as emissões desse segmento, por si só, poderão causar 1,3 milhão de mortes e US$ 44 trilhões em danos nos países mais vulneráveis até 2050. (com Sir)
