Papa recebe um grupo de jovens ucranianos: “Ele nos ouviu, compreendeu a nossa dor” - Vatican News via Acervo Católico

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Papa recebe um grupo de jovens ucranianos: “Ele nos ouviu, compreendeu a nossa dor” - Vatican News via Acervo Católico
Fonte: VATICANO

Leão XIV recebeu esta manhã (21/11), no Palácio Apostólico, um grupo de mães e esposas de prisioneiros e de adolescentes levados à força para a Rússia e agora retornados ao país. “Este encontro nos dá esperança de que a Santa Sé nos protege e trabalha por aqueles que ainda estão presos”. O embaixador Yurash: “Um momento sereno. O Santo Padre assegurou que será feito tudo para ajudá-los”.

Salvatore Cernuzio e Svitlana Dukhovych – Cidade do Vaticano Histórias de sofrimento, perdas, arrancamento de raízes e vínculos, foram apresentadas nesta sexta-feira, 21 de novembro, a Leão XIV por um grupo de mulheres e adolescentes vindos da Ucrânia, tantas vezes definida como “martirizada” pelo Papa Francisco. São algumas das mães e esposas de prisioneiros e algumas das crianças levadas à força para a Rússia. Cerca de vinte mil, segundo estimativas apresentadas ao longo dos anos pelo governo ucraniano; mil retornaram para casa entre 2024 e 2025. Entre eles, Mark, Oleksandr, Veronika e Marta, que estiveram presentes no Palácio Apostólico com o Papa Leão. Sobre a questão do retorno das crianças e da troca de prisioneiros, a Santa Sé se empenhou persistentemente, ativando canais diplomáticos e humanitários. Um trabalho pelo qual o próprio presidente Volodymyr Zelensky expressou sua gratidão. Ajuda, escuta, presentes Este compromisso foi reafirmado hoje pelo Papa Leão, assegurando – após ouvir as histórias e testemunhos do grupo – que será feito “tudo o possível” para ajudá-los. O Pontífice recebeu as mulheres e as crianças na Sala do Consistório, por cerca de meia hora. Também estava presente a senadora norte-americana Amy Klobuchar, muito ativa na questão do repatriamento de ucranianos e na libertação de prisioneiros, além do embaixador ucraniano junto à Santa Sé, Andrii Yurash, que já na noite anterior, durante a Missa em Sant’Andrea della Valle presidida pelo cardeal Pietro Parolin em sufrágio das vítimas do Holodomor, havia apresentado seus compatriotas como “aqueles que mais de todos, e de forma completamente inocente, sofreram por causa da guerra”. À imprensa do Vaticano, Yurash descreve um momento “muito sincero, muito sereno” com o Papa, pouco “institucional” e mais “confidencial”: “O Santo Padre ouviu todos com grande paciência”. A cada um, Leão deu um Rosário; os jovens retribuíram com camisetas e moletons das associações das quais fazem parte, como a Bring Kids Back UA. E também deram ao Papa desenhos – muitos desenhos – alguns com a palavra “Paz”, outros com Leão XIV retratado em um cavalo branco. Os desenhos foram feitos por outras crianças repatriadas da Rússia, das quais Marta, 18 anos, se tornou porta-voz: “Ele gostou muito”, contou à mídia do Vaticano, onde estava acompanhada de Olena e Veronika. Um compromisso pelos outros Com boné escrito “Roma”, roupa estilo grunge em tons de preto e o Rosário dado pelo Papa no pescoço, a jovem, que fugiu escondida de Donetsk, conta que conversou em inglês com Leão XIV, que elogiou sua fluência. “Sempre encontrei políticos e, toda vez, meus amigos brincavam: ‘Bem, quem resta? Talvez o Papa de Roma?’. Hoje a brincadeira se tornou realidade”. “Entrei na Sala consciente da importância do encontro e surpresa com a beleza do mobiliário – acrescenta Marta – gostei muito de tudo. Foi agradável porque ele, o Papa, fez-nos entender que nos compreende”. O mesmo repete Veronika, 16 anos. Tinha 13 anos quando se viu repentinamente em outro país e celebrou seu décimo quarto aniversário longe da mãe. Com a camiseta de sua ONG de voluntários empenhados no retorno de civis ao país (a mesma que deu ao Papa), conta que participa de clubes escolares e iniciativas de caridade, incluindo arrecadação de fundos para militares e vítimas do conflito. “Estava um pouco preocupada, mas foi tudo surpreendente. Uma experiência que acontece uma vez na vida. O Papa Leão foi muito bom conosco, estava atento, ouvia”, explica. Veronika não esquece o período em que “faltavam coisas básicas” e “os bombardeios eram constantes”. Mas os traumas não esmagaram sonhos e objetivos: “Outros precisam de ajuda, quero me dedicar a eles. Quero ser jurista ou diplomata – afirma a jovem – uma das duas ou até ambas: posso me formar, ser advogada e depois diplomata!”. O que move a jovem é o objetivo de que “milhares de crianças sejam ajudadas como eu fui ajudada. Não quero ser vítima da história. Não quero que no futuro meus filhos, meus netos, nem ninguém passe pelo que eu passei. Esta etapa deve se encerrar definitivamente”. “Desejo que cada um veja o retorno de seus entes queridos” Olena, criada em uma aldeia católica nos anos do comunismo, que cuidou de feridos no Centro de Assistência Médica e Sanitária de Hostomel, fala de “fé”. A fé que, junto com a esperança, a sustentou nos intermináveis meses em que esperava que seu filho e marido reaparecessem na porta de casa. O primeiro havia sido preso, o segundo deportado para Kursk, de onde foi libertado durante uma troca em abril de 2022. “Todos os dias pedia ao Senhor que conservasse a vida deles. E pedia que eu também pudesse sobreviver e tivesse força para esperar”. “Deus me ouviu”, diz a mulher. Marido e filho agora vivem “um longo período de reabilitação. Meu filho, 22 anos, era esportista, havia terminado a universidade… Acredito que a medicina e o Senhor o ajudarão”. Ela, entretanto, conseguiu realizar uma missão que havia se proposto há tempos: “Chegar ao Vaticano”. “Apresentei muitas solicitações na Ucrânia e não só, tive muitos contatos, alguém me disse para continuar rezando em casa. Depois entrei em contato com a Secretaria de Estado”. E hoje estava com o Pontífice. Olena assegura que não pretende parar no “compromisso de fazer os civis voltarem”. “Nos tornamos como familiares, trabalhamos para que cada ucraniano volte para casa”. “Este encontro – diz, comentando o abraço com o Papa Leão – me dá esperança de que a Santa Sé protegerá os civis prisioneiros. Desejo que cada um veja o retorno de seus entes queridos, como aconteceu comigo”.

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