Cabo Verde celebra a 18 de outubro, o seu Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, em homenagem ao poeta, prosador, compositor e jornalista Eugénio Tavares, nascido nesse dia em 1867. A cada ano traz-se à memória um artista ou um facto cultural relevante. Este ano recorda-se Romeu di Lourdis, músico, compositor, interprete, ativista social, falecido aos 36 anos a 9 de outubro de 2025, em Lisboa, onde ia fazer um espetáculo, e que vai a enterrar no dia 19, na cidade da Praia.
Dulce Araújo - Vatican News “Reconhecer em vida, agradecer em vida e criar momentos marcantes”, dizia-nos Romeu di Lourdis, a 12 de agosto de 2021, a propósito dum concerto de vários artistas de que fora coorganizador, no Auditório Nacional da capital cabo-verdiana, em homenagem aos 80 anos da renomada escritora, Dina Salústio. Ele recordava os tempos de liceu em que lia obras da Dina, em particular “Mornas eram as noites” e a maravilha de se encontrar a homenagear essa escritora que “merece pelo que tem feito e vai fazendo”. A nós toca agora, infelizmente, homenagear, postumamente, Romeu di Lourdes, falecido de ataque cardíaco a 9/10/2025, aos 36 anos, no auge da sua carreira artística. Aconteceu em Lisboa, onde ia fazer um espetáculo no dia 11, no Auditório da Igreja da Damaia, na Amadora. Artista multifacetado, Romeu era um homem de fé, como aliás demonstra uma das faixas do seu último álbum, “Kuraçon Aberto”, intitulada “Jesus” e em que convida o Filho de Deus a estar sempre presente na sua vida. A língua cabo-verdiana foi sempre a sua forma de expressão artística musical, em que muito cantou, entre outros temas, a mulher, enaltecendo as suas qualidades e beleza. Comprometido com uma sociedade mais justa, harmoniosa e alegre, Romeu deixa um importante legado artístico, mas sobretudo um modelo de vida para os jovens a quem sempre se dirigia, também. A ele, a homenagem do programa “África em Clave Cultural: personagens e eventos” de quinta-feira, 16/10/25. E a graça de o poder fazer na quadra do Dia Nacional da Cultura e das Comunidades. Tudo na cornija da crónica de Filinto Elísio, poeta, editor (Rosa de Porcelana Editora) e com músicas emblemáticas e palavras do Romeu na referida homenagem a Dina Salústio. Cabo Verde inteiro chora a perda deste artista que vai a enterrar no dia 19 de outubro 2025, no Cemitério da Várzea, na capital do país. RIP, Romeu di Lourdis. Crónica "Romeu di Lurdis – Um artista celebrado no Dia da Cultura de Cabo Verde Cabo Verde celebra a 18 de outubro, o seu Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, em homenagem ao poeta, prosador, compositor e jornalista Eugénio Tavares, nascido nesse dia em 1867, na Brava, a menor ilha do Arquipélago. Considerado intelectual Nativista, Eugénio Tavares foi uma figura marcante na afirmação da língua e cultura cabo-verdianas. A cada ano, nesta efeméride, traz-se à lembrança um feito, um facto ou uma figura que se tenha destacado na Cultura, que é um dos pilares da identidade e da integração de Cabo Verde, uma nação insular e diaspórica. Neste ano as comemorações assinalam os 20 anos da instituição do Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, criado em 2005, sob o lema “Cabo Verde: 50 anos de Independência, Séculos de Cultura”. Destacamos no nosso programa a figura do músico, compositor, intérprete e ativista social cabo-verdiano Romeu di Lurdis, que faleceu no passado dia 9 de outubro, em Portugal, aos 36 anos, onde se encontrava para a realização de um espetáculo musical. O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, ao recordar a sua obra e o seu engajamento cívico, afirmou que “Não mais será visto aqui na Terra, mas, como legado, fica uma singela obra musical.” Figura multifacetada e de notável dedicação à vida cultural, social e política, tendo sido líder do Partido do Trabalho e da Solidariedade e candidato à presidência da Câmara Municipal da Praia, a capital de Cabo Verde, Romeu di Lurdes deixou um contributo significativo para o fortalecimento da identidade cultural cabo-verdiana, um ativismo muito orientado para a juventude do seu país, com uma obra comprometida com as causas sociais, o amor pela cultura e pela justiça social. .As suas canções, como “Ranja ku mi”, “Txitxaru Fresku”, “Barku di Alentu”, “Fera na Sukupira”, “Nha Rubera”, “Midjor Mai di Mundu”, “Imigrason”, “Sonhu Sufridu”, “Amargura”, “Vida di Studanti”, “Paraízu Praia”, “Tirsidjadu”, “Boita na Fazenda” e “Mudjer”, são sucessos que retratam sociologicamente a vida cabo-verdiana. Romeu di Lurdis lançou em Janeiro de 2025 o seu último trabalho discográfico, intitulado “Kuraçon Aberto”, cinco anos após ter gravado o seu primeiro álbum “Amoransa”. Nasceu a 3 de setembro de 1989, em Santa Cruz, ilha de Santiago, como Carlos Manuel Tavares Lopes, mas popularmente conhecido por Romeu di Lurdis. Licenciou-se em Gestão do Património Cultural pela Universidade de Cabo Verde, onde foi membro ativo da Associação Académica e implementou o “Terreru di Amizadi”. Em 2019, o artista foi homenageado pela universidade pelo contributo voluntário à vida académica. A Nação Cabo-verdiana que celebra a essência da sua cultura, enraizada na tradição, aberta ao mundo e fortalecida pela criatividade das suas ilhas atlânticas e da sua diáspora, irradiada no mundo, celebra também a vida e a obra de Romeu di Lurdis." Filinto Elísio - poeta, ensaísta, editor (Rosa de Porcelana Editora) Link do podcast da emissão sobre a homenagem de Romeu di Lourdis e outros artistas à escritora, Dina Salústio, por ocasião dos seus 80 anos. https://www.vaticannews.va/pt/podcast/africa-em-clave-feminina-musica-e-arte/2021/08/africa-em-clave-feminina-musica-e-arte-12-08-2021.html