Os voluntários das Salas de Resposta a Emergências são uma luz de esperança na crise humanitária no Sudão. Trata-se de grupos locais auto-finaciados . Apoiam a população em todas as regiões do Sudão. Em 2024, estiveram quase para vencer o Nobel da Paz e, este ano, conquistaram o Prémio Right Livelihood. São formados, em grande parte, por jovens e mulheres que se dedicam a tempo inteiro a ajudar a população exausta. Entre eles, há médicos, engenheiros, professores, estudantes
Vatican News - (com Luca Atanásio) As imagens que continuam a chegar de El Fasher, a capital do Darfur do Norte, graças em parte ao Laboratório de Investigação Humanitária por Satélite da Universidade de Yale, são atrozes. Testemunhas mostram assassinatos em massa, violência e abuso de corpos indefesos, com uma crueldade sem precedentes. Muitos dos vídeos foram rodados pelos próprios rebeldes das Forças de Apoio Rápido (RSF) que, depois de assumirem o controlo da cidade, os divulgaram online como prova da sua força e do nível de desumanização que tinham atingido. O silêncio da comunidade internacional e dos mass media Perante o silêncio ensurdecedor da comunidade internacional e dos grandes meios de comunicação social, desenrola-se, portanto, um dos conflitos mais ferozes da história recente desde há 30 meses. Desde o início da guerra, em abril de 2023, entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) do General e Chefe de Estado, Abdel Fattah al-Burhan e as RSF de Mohamed Hamdan Dagalo, centenas de milhares de pessoas morreram vítimas de disparos, fome, doença ou isolamento. Um grande número de pessoas aterrorizadas foi obrigado a abandonar as suas casas. As estatísticas mais recentes apontam para cerca de 15 milhões de pessoas. Destas, aproximadamente 4 milhões emigraram para países vizinhos que enfrentam agora o colapso: o Sudão do Sul e o Chade, por exemplo, notoriamente assolados por graves problemas internos, acolhem cada um 1,2 milhões de pessoas. E o êxodo continua. "Enquanto conversamos", explica Atif Adam, ativista das Salas de Resposta a Emergências (ERR, na sigla em inglês) no norte do Darfur, "muitas famílias estão a abandonar a cidade e as aldeias em direção a zonas consideradas relativamente mais seguras, como Taweelah, Krome e Kutum. Outras se dirigem para o sul, em direção à região da ”’nova Bacia Hidrográfica’”. As Emergency Response Rooms - Salas de Ajuda à popolação vítima de violencias indizíveis As ERR são grupos locais auto-organizados e autofinanciados. Realizam atividades de apoio voluntário à população em todas as regiões do Sudão. Fornecem refeições, aconselhamento psicológico a mulheres e crianças vítimas de violência, criam centros educativos para crianças, reparam infraestruturas e compram medicamentos. Em 2024, estiveram quase a vencer o Prémio Nobel da Paz e, há poucos meses, conquistaram o prestigiado Prémio Right Livelihood. Durante meses, o Sudão foi a maior emergência humanitária do mundo, ultrapassando largamente Gaza ou a Ucrânia no sombrio ranking das tragédias, mas nunca recebeu sequer uma fração da atenção mediática que estes países receberam. O que tem acontecido em El Fasher nas últimas semanas torna o cenário ainda mais sombrio. Depois de as Forças Armadas do Sudão (SAF) terem reconquistado definitivamente Cartum em março, a fação de al-Burhan parecia estar a ganhar terreno e poder no país. Mas a captura de El Fasher pelas Forças de Apoio Rápido (RSF), que ocorreu no final de outubro após dezoito meses de um cerco brutal, remodelou o equilíbrio de poder e levou os rebeldes a controlar quase toda a região ocidental. Hoje, pode dizer-se que o Sudão está dividido em dois, com toda a região ocidental nas mãos das RSF. E o território controlado pelos rebeldes pode aumentar rapidamente se, como muitos suspeitam, as RSF invadirem a região vizinha do Kordofan. Entretanto, na manha do dia 7/11/25 chegaram notícias de novos bombardeamentos paramilitares em Cartum, depois de as SAF terem rejeitado a proposta de cessar-fogo dos Estados Unidos nas últimas horas. Violências em El Fasher Assim que entraram em El Fasher, as Forças de Apoio Rápido (RSF) deram-se à violência, pilhagens, violações e assassinatos em massa. Bastaram algumas horas para massacrar pelo menos 2.000 civis e atacar o hospital saudita, matando 460 doentes, médicos e profissionais de saúde. "E não acabou", continua Adam, "porque a violência persiste tanto na cidade como nas aldeias, e os residentes de El Fasher continuam a morrer ou a ser forçados a fugir. No meio deste desastre, a importância da nossa presença é evidente." As Salas de Resposta a Emergências são constituídas, em grande parte, por jovens e mulheres que se dedicam a tempo inteiro a ajudar a população exausta. Entre eles, há médicos, engenheiros, professores e estudantes. "Só em El Fasher estão em funcionamento 35 ERR." Ações dos voluntários ARR Ci occupiamo principalmente di fornire cibo, acqua e medicinali, offriamo sostegno psicologico ai gruppi più vulnerabili come donne e bambini, aiutiamo le famiglie ad allontanarsi durante gli attacchi e allestiamo contesti educativi per bambini e ragazzi (7 milioni quelli che non frequentano la scuola da due anni e mezzo, ndr )». Anche gli attivisti delle Err devono fare i conti con la sicurezza e con i rischi per le proprie vite: «Ogni giorno affrontiamo problemi di sicurezza e sappiamo di correre rischi, ma continuiamo a lavorare sapendo di rappresentare la speranza in un momento di disperazione».