“Vocações também devem vir da África do Sul”: Missionários de África em 50 anos de serviço

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“Vocações também devem vir da África do Sul”: Missionários de África em 50 anos de serviço
Fonte: VATICANO

No dia Mundial das Missões, os Missionários de África (M. Afr.), conhecidos popularmente como Padres Brancos, celebraram 50 anos de presença missionária na África do Sul com uma Missa Solene de Ação de Graças na Catedral de Cristo Rei, igreja-mãe da Arquidiocese de Joanesburgo.

Sheila Pires – Joanesburgo, África do Sul A Eucaristia foi presidida por Sua Eminência, o Cardeal Stephen Brislin, Arcebispo de Joanesburgo, e concelebrada por Pe. Christian Mulenga M. Afr., Superior Provincial dos Missionários de África, com a participação do clero diocesano, religiosas e seminaristas. Entre os presentes encontravam-se Dom Jan de Groef M.Afr, Bispo de Bethlehem, e Pe. Hugh O’Connor, Secretário-Geral da Conferência dos Bispos Católicos da África Austral (SACBC). A celebração, animada pela comunidade católica malawiana de Joanesburgo, recordou o início da missão em 1972, quando os primeiros missionários chegaram ao país para acompanhar os mineiros vindos do Malawi. Cantos em inglês e chichewa ecoaram na Catedral, refletindo as raízes multiculturais da congregação. Um legado de serviço e testemunho Refletindo sobre o significado do jubileu, Pe. Mulenga M. Afr., responsável pela província dos Missionários de África na África Austral, afirmou que este dia é “tanto uma celebração quanto uma renovação do nosso chamado missionário.” Explicou que os primeiros padres chegaram “para acompanhar os malawianos que trabalhavam nas minas” e que, cinquenta anos depois, é “profundamente encorajador ver a comunidade reunir-se com o Cardeal, os bispos e os fiéis para dar graças.” O provincial destacou que a missão da Congregação vai muito além da evangelização, abrangendo também o desenvolvimento humano, a justiça social e o diálogo inter-religioso. Sublinhou ainda a coincidência significativa entre este jubileu e o Domingo das Missões, o Ano Jubilar da Esperança e a fase de implementação da sinodalidade, acrescentando que o carisma da Congregação “continua a tocar vidas através de iniciativas pastorais que promovem a segurança alimentar, a educação, o acesso à água potável e o combate ao tráfico humano.” O sacerdote recordou também que a celebração deste ano tem um valor especial, pois os Missionários de África estão igualmente a celebrar “os 200 anos do nascimento do nosso fundador, o Cardeal Charles Lavigerie.” Acrescentou que estar sob a proteção de Maria, especialmente no mês do Rosário, renova neles “o sentido de gratidão e de missão.” Vocações e o futuro O provincial, natural da Zâmbia, expressou esperança e preocupação quanto às vocações locais. Embora tenha reconhecido com alegria o aumento de vocações em Zâmbia, Malawi e Moçambique, lamentou que “até agora nenhuma tenha surgido na África do Sul.” Disse que essa ausência “é um desafio tanto para nós como para a Igreja local,” e manifestou o desejo de que “um dia possamos ter um Missionário de África sul-africano.” Ação de graças e renovação Entre os que acompanharam de perto o crescimento da Congregação está Dom Jan de Groef M. Afr., Bispo de Bethlehem, que serviu em várias comunidades logo após a chegada dos missionários nos anos 1970. Para ele, este jubileu “é um momento de ação de graças por tudo o que pudemos realizar, pois é pela graça de Deus que trabalhamos em tantos lugares e contribuímos com a Igreja local através da nossa presença.” Em conversa com Vatican News, o bispo destacou ainda a identidade missionária de todos os batizados, recordando que “pelo batismo, todos somos chamados e enviados.” A seu ver, a Igreja “não deve olhar apenas para si mesma, mas ser aberta e acolhedora”, lembrando que “a nossa família é maior do que a Igreja local.” Em suas palavras finais, o Cardeal Brislin expressou profunda gratidão em nome da Igreja local e da Conferência Episcopal. Disse que a sua mensagem era “um sincero agradecimento e parabéns aos Missionários de África”, reconhecendo a sua dedicação à justiça, à unidade, ao diálogo e à inclusão. O cardeal elogiou-os por serem “construtores de pontes” que se aproximam dos mais vulneráveis e esquecidos, afirmando que este é o tipo de testemunho “que a Igreja na África do Sul é chamada a encarnar”. Vozes de esperança missionária Entre os muitos religiosos/sas presentes na celebração, estava a Irmã Catarina, das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora Mãe de África, que expressou a sua alegria e solidariedade com os Missionários de África. Disse estar “feliz por celebrar com eles estes 50 anos de presença missionária na África do Sul,” sublinhando que “todos estamos em festa e damos parabéns por esta história de fé.” Questionada sobre a sua mensagem aos missionários do Dia Mundial das Missões, a Irmã Catarina encorajou-os “a serem missionários corajosos, mesmo nos momentos de dificuldade, recordando sempre que Deus está com eles.” Acrescentou que “a esperança deve ser sempre a primeira coisa — sobretudo a esperança em Deus.” Comentando também as palavras do Cardeal Brislin no fim da Missa — que exortou os missionários a continuarem a promover um ambiente de acolhimento, especialmente para migrantes e refugiados — a religiosa afirmou que “a mensagem do Cardeal foi de grande encorajamento.” Reconheceu as dificuldades enfrentadas por migrantes em hospitais e escolas do Estado, e apelou “para que todos tenham acesso à saúde e à educação, pois a saúde é um bem de todos e ninguém deve ser impedido de ser atendido.” A Irmã Catarina concluiu recordando que “até o próprio Jesus foi migrante quando fugiu para o Egito,” e que, de uma forma ou de outra, “todos nós seremos migrantes em algum momento da vida.” O carisma de Lavigerie permanece vivo Fundada em 1868 por Cardeal Charles Lavigerie, Arcebispo de Argel e de Cartago, a Sociedade dos Missionários de África é reconhecida pelo hábito branco — composto por uma gandoura e um burnous — símbolo de pureza e simplicidade, que lhes valeu o nome de Padres Brancos. Hoje, os membros da Congregação na África do Sul representam 16 nacionalidades e servem em Durban, Kimberley, Joanesburgo e Bethlehem, atuando em paróquias, instituições de ensino e centros de formação, como o Instituto São José em Cedara e o Centro de Formação de Merrivale em KwaZulu-Natal. Ao final da celebração jubilar, os missionários entoaram juntos um cântico de gratidão, enquanto o Cardeal Brislin os abençoava, pedindo a Deus que continuem a “manter viva a nota” do carisma fundador — um espírito de justiça, diálogo e unidade que há cinquenta anos ilumina a presença dos Missionários de África na África do Sul.

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