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Orações de adoração diante do Santíssimo Sacramento
Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.
Mateus 28,20
Jesus está sempre conosco, jamais nos abandona. Ele participa do nosso dia a dia. Muitas vezes não percebemos sua presença, sobretudo quando passamos por momentos difíceis. Parece que as dificuldades obscurecem nossa visão, e não conseguimos perceber a presença do Senhor. Quando, porém, paramos para refletir, chegamos à conclusão de que Ele sempre está presente. O Senhor jamais nos desampara e, como prometeu, sempre está conosco.
Um modo de vivenciar a presença do Senhor e estabelecer comunhão com Ele é nos aproximar do Santíssimo Sacramento do Altar. A participação na Missa é a forma perfeita dessa comunhão, pois podemos efetivamente comungar o Corpo e o Sangue de Cristo. É o próprio Senhor que estabelece sua morada em nosso meio, em nossa vida. A reflexão a respeito da participação de Jesus em nossa vida nos leva ao desejo de querer adorá-lo, de apresentar nosso louvor de gratidão e nossas orações. É possível fazer isso a qualquer momento e em qualquer lugar, porém há um modo privilegiado no qual podemos nos achegar a Jesus e adorá-lo: diante do Santíssimo Sacramento.
Como a Igreja, em sua essência, cada um de seus filhos deve viver da Eucaristia. Essa verdade contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mateus 28,20). Na Sagrada Eucaristia, porém, através da conversão do pão e do vinho em Corpo e Sangue do Senhor, é que se goza dessa presença com uma intensidade sem par. Desde o dia de Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, esse sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança (cf. Ecclesia de Eucharistia, 1).
Cristo entra em nossa vida com a sua graça
“Como vivemos a Eucaristia?” “O que ela é para nós?” A partir dessas perguntas, o papa Francisco apresenta-nos três sinais muito concretos para indicar como devemos viver o sacramento da Eucaristia.
O primeiro indício é o nosso modo de olhar e considerar os outros. A Eucaristia está conectada com a nossa vida, seja como indivíduo, seja como Igreja. De fato, a Eucaristia leva-nos a olhar e a considerar as pessoas que estão ao nosso redor como verdadeiros irmãos, fazendo-nos compartilhar as suas vitórias e dificuldades, alegrias e tristezas, indo ao encontro, sobretudo, daqueles que são pobres, doentes e marginalizados.
Um segundo indício, muito importante, é a graça de sentirmo-nos perdoados e prontos a perdoar; a Eucaristia nos dá essa graça. Na verdade, participamos da celebração não por nos julgarmos melhores que os outros, mas porque nos reconhecemos necessitados da misericórdia de Deus; e isso também nos ensina a perdoar os demais.
Um último indício precioso nos é oferecido pela relação entre a celebração eucarística e a vida das nossas comunidades cristãs. Tendo a certeza de que a Eucaristia não parte da nossa iniciativa, mas sim que é uma ação do próprio Cristo, o qual em cada celebração quer entrar em nossa existência com a sua graça, a Santa Missa incide na vida da nossa comunidade cristã, fazendo com que nela exista coerência entre liturgia e vida (Audiência Geral, 12 fev. 2014).
É bom estar com o Senhor
Além da celebração eucarística, o culto prestado à Eucaristia fora da Missa é de um valor inestimável na vida da Igreja e de cada um de seus filhos. A presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a Missa — presença essa que perdura enquanto subsistirem as espécies do pão e do vinho — resulta da celebração da Eucaristia e destina-se à comunhão, sacramental e espiritual.
No coração do cristão há sempre o desejo e a necessidade de permanecer longamente em diálogo espiritual, adoração silenciosa e atitude de amor diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento. “Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs” — afirmou São João Paulo II —, “fiz esta experiência, recebendo dela força, consolação, apoio!”.
Dessa prática, muitas vezes louvada e recomendada pelo Magistério, deram-nos exemplos numerosos santos. De modo particular, destaca-se Santo Afonso Maria de Ligório, que escrevia: “A devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus e a mais útil para nós”. A Eucaristia é um tesouro inestimável: não só a sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da Missa permitem-nos beber na própria fonte da graça.
Uma comunidade cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo não pode deixar de desenvolver também esse aspecto do culto eucarístico no qual perduram e se multiplicam os frutos da comunhão do Corpo e Sangue do Senhor (cf. Ecclesia de Eucharistia, 25).
A relação intrínseca entre celebração e adoração
Existe uma intrínseca relação entre a celebração eucarística e a adoração do Santíssimo Sacramento. Nesse significativo aspecto da fé da Igreja, encontra-se um dos elementos decisivos do caminho eclesial que se realizou após a renovação litúrgica querida pelo Concílio Vaticano II. Quando a reforma litúrgica dava os primeiros passos, aconteceu às vezes não se perceber com suficiente clareza a relação intrínseca entre a Santa Missa e a adoração do Santíssimo Sacramento; uma objeção então em voga partia, por exemplo, da ideia de que o pão eucarístico nos fora dado não para ser contemplado, mas comido. Ora, tal contraposição, vista à luz da experiência de oração da Igreja, aparece realmente destituída de qualquer fundamento, uma vez que Santo Agostinho já dissera: “Ninguém come esta carne, sem antes a adorar; […] pecaríamos se não a adorássemos”. De fato, na Eucaristia, o Filho de Deus vem ao nosso encontro e deseja unir-se a nós. A adoração eucarística é apenas o prolongamento visível da celebração eucarística, a qual, em si mesma, é o maior ato de adoração da Igreja: receber a Eucaristia significa colocar-se em atitude de adoração diante daquele que comungamos. Precisamente assim, e apenas assim, é que nos tornamos um só com Ele e, de algum modo, saboreamos antecipadamente a beleza da liturgia celeste. O ato de adoração fora da Santa Missa prolonga e intensifica aquilo que se fez na própria celebração litúrgica. Com efeito, somente na adoração é possível maturar um acolhimento profundo e verdadeiro. Precisamente nesse ato pessoal de encontro com o Senhor é que também amadurece depois a missão social, que está encerrada na Eucaristia e deseja romper as barreiras não apenas entre o Senhor e nós mesmos, mas também as barreiras que nos separam uns dos outros.
O relacionamento pessoal que cada fiel estabelece com Jesus, presente na Eucaristia, o reconduz sempre ao conjunto da comunhão eclesial, alimentando nele a consciência da sua pertença ao corpo de Cristo (cf. Sacramentum Caritatis, 66-69).
A celebração do culto eucarístico fora da Missa
A Igreja católica professou e
professa este culto de adoração que
é devido ao sacramento da Eucaristia
não somente durante a Missa, mas
também fora da celebração dela,
conservando com o máximo cuidado as
hóstias consagradas, expondo-as aos
fiéis para que as venerem com
solenidade, levando-as em procissão.
Catecismo da Igreja Católica, 1378
A adoração eucarística, segundo a tradição da Igreja, exprime-se de diversas maneiras:
- a simples visita ao Santíssimo Sacramento, conservado no sacrário: breve encontro com Cristo, sugerido pela fé em sua presença e caracterizado pela oração silenciosa;
- a adoração diante do Santíssimo Sacramento exposto, segundo as normas litúrgicas, no ostensório, de forma prolongada ou breve; e
- a adoração perpétua empenhada por toda a comunidade, associação eucarística ou comunidade paroquial – ocasião para numerosas expressões de piedade eucarística.
A solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi) é uma expressão ímpar dessa adoração ao Senhor. De forma pública, por meio de procissões e outros aparatos (enfeites de ruas e praças, tapetes decorativos etc.), os fiéis externam sua fé na presença verdadeira, real e substancial de Cristo. Essa festa é uma grande oportunidade de testemunhar publicamente nossa fé na Sagrada Eucaristia.
Os sinais externos e as disposições do coração
Na liturgia da missa, exprimimos
nossa fé na presença real de Cristo sob
as espécies do pão e do vinho, entre
outras coisas, dobrando os joelhos, ou
inclinando-os profundamente em sinal de
adoração do Senhor.
Catecismo da Igreja Católica, 1378
A posição em que nos colocamos diante da celebração da Eucaristia — de pé, sentados, de joelhos — leva-nos às disposições do coração.
Se o “estar em pé” manifesta a liberdade filial dada pelo Cristo pascal, que nos libertou da escravidão do pecado, o “estar sentado” exprime a receptividade cordial de Maria, que, sentada aos pés de Jesus, escutava a sua palavra. Por sua vez, o “estar de joelhos ou profundamente inclinado” mostra que devemos tornar-nos pequenos diante do Senhor (cf. Filipenses 2,10). A “genuflexão” diante da Eucaristia exprime a fé na presença real do Senhor Jesus no Santíssimo Sacramento.
Valdeci Toledo
Gerente Editorial
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