Em junho de 2025, por ocasião do jubileu das famílias, o Papa Leão XIV incentivou e advertiu que ‘a família constitui um alicerce fundamental para que a Fé seja partilhada e transmitida de geração em geração’, com a autoridade singular que lhe é conferida por Deus, bem como a Vida e o Amor. Com o auxílio de Maria, “Sua misericórdia se estende, de geração em geração, sobre os que o temem”. Deus quer precisar da família.
Diácono Adelino Barcellos Filho - Diocese de Campos/RJ. Adicionalmente ao arrojado 'Fiat' de Maria Santíssima, a Fonte da Água da Vida, a humanidade de Cristo, pela autoridade de Deus Pai e a intervenção do Espírito Santo, designou São José, o pai nutrício, ou adotivo, sendo este crucial para a formação do caráter de Jesus, um "homem justo" e paradigma de masculinidade, cuidador. Tal educação permitiu que Jesus amadurecesse para devotar Sua vida à salvação da humanidade e à restauração e recondução do universo, sacrificando-se por amor. É imperativo que o encontro pessoal com Jesus Cristo tenha início no seio familiar (igreja doméstica), a fim de que seus membros se sintam amados por Ele, visto que a família constitui um espaço privilegiado para tal. A família é o alicerce da educação e da transmissão de valores, fundamental para a formação de indivíduos e a edificação de uma sociedade justa e próspera. Conforme reiterado por Sua Santidade Leão XIV, a família desempenha um papel crucial na educação e na transmissão de valores, exigindo um esforço contínuo de todos os seus membros. A transmissão de valores ocorre principalmente pelo exemplo, pelo testemunho, sendo a coerência entre a fala e ação, crucial: respeito, honestidade, compaixão, responsabilidade, solidariedade e Fé, quando bem estabelecidos na infância e juventude, formam adultos íntegros e conscientes de seu papel social e eclesial. O Sumo Pontífice encorajou os jovens a aspirar à santidade e a não se contentarem com menos, confiando no apoio de Jesus, de Maria, de José e no exemplo de santos jovens como Piergiorgio Frassati e Carlo Acutis. As principais contribuições contemporâneas de jovens para outros jovens são as de Carlo Acutis: "Quanto mais recebemos a Eucaristia (em estado de Graça), mais nos tornaremos semelhantes a Jesus, de modo que na terra teremos uma antecipação do Céu"; e a de Piergiorgio Frassati: “sou um jovem como vocês, quero viver e não apenas sobreviver”. A negligência no percurso de santidade e perfeição, conforme o preceito "sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito" (Mateus 5,48), conduz ao abandono da necessidade de admiração pelas próprias descobertas e poder pelo poder. Contudo, tal postura frequentemente debate, com angústia, as questões inerentes à evolução contemporânea do mundo, o lugar e a missão do homem no universo, o significado de seu esforço individual e coletivo e, por fim, o destino último das criaturas e da humanidade (Gaudium Spes 3). Contemplando a família como o pilar e a "célula-mãe" da sociedade, responsável pelo resgate e recondução de toda a Criação, percebe-se sua providencial função no combate ao pecado original e a todas as suas consequências universais (presença do mistério da iniquidade revelado em Cristo Jesus). A desobediência dos "primeiros pais", com suas tentativas de atribuir culpa uns aos outros ou de buscar um bode expiatório, bem como o orgulho, a arrogância e a prepotência em não assumir os próprios atos, não alteraram o desígnio divino de multiplicar Sua Obra da criação, possibilitando-Lhe contemplar-Se em uma criatura feita à Sua Imagem e Semelhança. No panorama contemporâneo, a família assume um papel fundamental, proporcionando aos jovens, constantemente expostos a uma profusão de informações e influências externas, um refúgio seguro para o desenvolvimento da identidade, autoestima e discernimento. Adicionalmente, oferece suporte para os desafios existenciais, promovendo o autodomínio e a moderação dos desejos, o que assegura o controle da vontade sobre os instintos e paixões. O Papa adverte contra o isolamento digital, ressaltando que nenhum algoritmo pode substituir o abraço e o olhar de um encontro autêntico com Deus, amigos e família. A família desempenha um papel fundamental na formação da solidez do caráter e na saúde mental dos jovens. Um ambiente familiar estruturado e acolhedor, caracterizado pelo diálogo e pela expressão saudável de sentimentos, fomenta o desenvolvimento emocional equilibrado. A ausência dessa base pode resultar em inseguranças e dificuldades de adaptação. Leão XIV nos exorta a apoiar as famílias "feridas de muitas maneiras", auxiliando-as a encontrar a Fé de Jesus, mesmo em meio às suas diversas realidades. A existência humana tem sua origem no feminino, com o apoio do masculino. O preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, vertido na Cruz por Amor, foi alimentado pelo sangue de Maria, transformou a “Culpa Adâmica” em “Feliz Culpa”, conforme entoado na solene Liturgia da Páscoa. A Graça ou Dádiva, emanada do poder silencioso de Deus, remete ao fato de que “Aprouve a Deus, na Sua Bondade e Sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o Mistério da Sua Vontade (Efésios 1,9)” (Dei Verbum 1). A confiança na família como sustentáculo da educação e da transmissão de valores às novas gerações representa um investimento no porvir da humanidade, a esperança. Padre Zezinho, conforme é carinhosamente conhecido no Brasil, auxilia-nos na oração e na expressão do ideal desta realidade tão importante: "Que nenhuma família comece em qualquer de repente / Que nenhuma família termine por falta de amor / Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente / E que nada no mundo separe um casal sonhador!" Um apelo que ressalta a tragédia de famílias desestruturadas pela carência de afeto, exortando a todos a cultivar e preservar o Amor como um bem de valor inestimável. O anseio pela união dos casais, não apenas em um plano físico, mas também em alma e espírito, no Sacramento do Matrimônio, ressoa como um chamado à superação conjunta das adversidades, salvaguardando o ideal compartilhado que os uniu inicialmente. Especificamente aos jovens, o Sumo Pontífice faz vários alertas: permaneçam na amizade com o Senhor Jesus Cristo; Ele é uma fonte de esperança e um estímulo para a busca de uma vida grandiosa e para a transformação da sociedade. Em Medjugorje para o 36º Festival da Juventude, as palavras foram de esperança, encorajamento e Fé, recordando que “ninguém caminha sozinho, essa estrada rumo ao Senhor se percorre juntos”. “Seguindo o exemplo de Maria, encorajo-os, portanto, a buscar encontros verdadeiros. Alegrem-se juntos, e não tenham medo de chorar com os que choram, como também nos diz São Paulo: ‘Alegrem-se com os que estão alegres, chorem com os que choram’ (Romanos 12,15).” “Se algum de vocês sentir dentro de si o chamado à vida consagrada ou ao sacerdócio, encorajo-os a não ter medo de responder.” “A Palavra do Senhor não apenas nos torna verdadeiramente livres e felizes, mas nos realiza autenticamente como homens e como cristãos.” Por fim, Leão XIV confiou a juventude à intercessão da Virgem Maria: “Queridos jovens, enquanto confio cada um de vocês a Maria, Mãe de Cristo e nossa Mãe, acompanho-os com minha oração. Que a Santíssima Virgem os encoraje e os guie ao longo do caminho, para que se tornem anunciadores da paz e da esperança. Abençoai, Senhor Jesus Cristo, às famílias! Abençoai o Papa Leão XIV, os Bispos, Padres e Diáconos! Fortalecei-nos com os dons do Espírito Santo, que procede de Vós e do Pai, para que sejamos testemunhas fiéis de Vossa Palavra, neste mês de setembro, e bons pastores do povo santo, a serviço de todos os fiéis e de Vossa Igreja"; aumentai em mim e em meus irmãos que receberam o Sacramento do Batismo e o Sacramento da Ordem a Vossa Fé; e, assim, possamos discernir e instruir, a todo instante, qual seja a Vontade do Pai. Assim seja.