Cardeal de Teerã: 'Deus é a fonte da paz' para curar as hostilidades entre Israel e Irã - Vatican News via Acervo Católico

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Cardeal de Teerã: 'Deus é a fonte da paz' para curar as hostilidades entre Israel e Irã - Vatican News via Acervo Católico
Fonte: VATICANO

Para o cardeal Mathieu, o fim da Guerra dos Doze Dias "não eliminou o espectro de uma retomada das hostilidades. A questão, segundo o purpurado, não é 'se', mas 'quando'". Às vésperas do Dia Mundial da Paz, a paz permanece "ideal e objetiva", também em relação aos "equivalentes judaico e árabe/persa". E que ela seja real "nos corações, nas comunidades e no mundo"

Vatican News com AsiaNews O cessar-fogo que pôs fim à "Guerra dos Doze Dias" entre Israel e o Irã "não afastou o espectro de uma retomada das hostilidades", tanto que "os beligerantes estão se preparando para o pior", e a questão parece ser "não se, mas quando". Foi o que escreveu o cardeal Dominique Joseph Mathieu, arcebispo latino de Teerã-Isfahan, à AsiaNews em uma reflexão sobre o tema da paz, às vésperas do Dia Mundial da Paz, em 1º de janeiro, a partir de uma região assolada por "tensões e conflitos" que podem reacender em breve. "A paz não deve ser reduzida à simples oposição à guerra, assim como o desarmamento não se reduz à antítese do armamento", observa o purpurado, enquanto os ventos de (uma nova) guerra com o Estado judeu sopram na República islâmica. E mesmo dentro do próprio país, a repressão e o encarceramento não faltam, como evidenciado pelas recentes sentenças de mais de 50 anos para cinco cristãos "culpados" de praticar sua fé, ou pela escalada das execuções, cujo número em 2025 mais que dobrou em comparação com o ano anterior. De acordo com dados da ONG iraniana-norueguesa Iran Human Rights (IHR), mais de 1.900 sentenças de morte foram executadas, bem acima das 975 de 2024. No entanto, permanece ideal e objetivo, ainda mais - observa o cardeal - quando se consideram os "equivalentes hebraico shalom e árabe/persa salam. Eles indicam plenitude, integridade, bem-estar, prosperidade, saúde, segurança e harmonia - não apenas a ausência de guerra, mas a presença de uma vida plenamente realizada." Nesse contexto, o alerta final da reflexão torna-se ainda mais urgente: que a paz seja real "em nossos corações, em nossas comunidades e em nosso mundo." A seguir, a reflexão do cardeal Mathieu, enviada à AsiaNews: Por cardeal Dominique Joseph Mathieu   Todo dia 1º de janeiro, a Igreja convida o mundo a celebrar o Dia Mundial da Paz. Instituído por São Paulo VI em 1968, este dia é muito mais do que um apelo diplomático: é um chamado espiritual. Ele coloca a paz não em tratados, mas no coração. Aquele coração humano que só a graça pode transformar e tornar verdadeiramente pacífico. A imprensa internacional, com muita frequência, dissemina a percepção do perigo que alguns países representam para outros. Sem provas concretas, alimenta, dia após dia, a crescente sensação de uma ameaça pairando sobre a existência de uma parte do mundo. Torna-se então imperativo, dizem-nos, prepararmo-nos para um possível confronto, até mesmo um chamado choque preventivo. A narrativa torna-se, assim, uma narrativa de armamento, justificada em nome da nobre causa da paz. Em contrapartida, surge a narrativa do desarmamento, igualmente invocada pela mesma causa. O equilíbrio é rompido e a ordem mundial torna-se caótica. Em seu discurso à Cúria Romana, em 22 de dezembro último, por ocasião das felicitações natalinas, o Papa Leão XIV falou de "um mundo ferido pela discórdia, violência e conflito, onde testemunhamos um crescimento da agressão e da ira, muitas vezes exploradas pelo mundo digital e pela política". O cessar-fogo que pôs fim à "Guerra dos Doze Dias" entre Israel e Irã não afastou o espectro de uma retomada das hostilidades. Os beligerantes estão se preparando para o pior. A questão não é se, mas quando. É inegável que as pessoas comuns desejam viver em paz, longe dos horrores da guerra, já que a vida cotidiana é bastante difícil sob o peso das sanções. A paz não deve ser reduzida à simples oposição à guerra, assim como o desarmamento não se reduz à antítese do armamento. Caso contrário, pareceria abstrata ou confinada ao seu uso secular e genérico - frequentemente empregado em contextos políticos, sociais ou pessoais para expressar tranquilidade, ausência de conflito ou harmonia entre indivíduos ou grupos, sem significados mais profundos. No entanto, muito mais ricos do que o termo "paz" são os equivalentes hebraico shalom e árabe/persa salam. Eles indicam plenitude, integridade, bem-estar, prosperidade, saúde, segurança e harmonia - não apenas a ausência de guerra, mas a presença de uma vida plenamente realizada. No centro da narrativa da Criação no livro de Gênesis, Deus contempla sua obra concluída e proclama: "Deus viu tudo o que havia feito, e eis que era muito bom" (Gênesis 1,31). Esta afirmação enfatiza não apenas a bondade intrínseca da criação, mas também sua beleza e perfeita harmonia, onde a paz e a ordem divina reinavam antes do descanso sabático, o sétimo dia (Gênesis 2,2). Assim, antes do pecado original, a terra era um lugar de paz perfeita, onde o homem - o ápice da criação - vivia em harmonia com Deus, com os outros e com a natureza. A paz que reinava então era a de um mundo ordenado pela Palavra criadora de Deus, a fonte de toda harmonia. Embora o pecado tenha perturbado essa paz, a humanidade nunca deixou de desejar seu retorno. Se a Criança na manjedoura nos lembra da fragilidade do mundo em que nascemos, Sua pessoa (o Verbo encarnado) dá testemunho do Emanuel, "Deus-conosco", o Eterno que volta Sua face para nós e nos concede shalom (cf. Núm 6,26). Aí, shalom é a coroa da bênção divina: paz completa, bem-estar, prosperidade e segurança. É Deus quem cria e mantém o shalom; Ele é sua fonte, doador e verdadeira encarnação: "Ele estabelece a paz (shalom) dentro de suas fronteiras e te satisfaz com o melhor do trigo" (Sl 147,14). Em um profundo sentido espiritual, pode-se dizer que Deus é shalom, porque onde quer que Ele esteja, Ele traz a verdadeira paz - um bom relacionamento Consigo mesmo, entre os povos e no coração do homem. Um dos 99 nomes de Alá no Islã é As-Salam — "A Fonte da Paz". A paz, como unidade interior (eirīné), manifesta-se externamente de forma "desarmada", isto é, livre da lógica da ameaça e do medo, mas também "desarmante", por sua capacidade de dissolver o ódio e abrir os corações à empatia, como nos lembra o Papa Leão XIV. Ela se espalha como óleo, transcendendo fronteiras, credos e línguas. Para recebê-la, devemos deixar que Jesus - que é a nossa paz, como afirma São Paulo em sua carta aos Efésios (2,14) - reine em nossos corações e em nossas sociedades, promovendo a caridade e a justiça, como nos exortam os papas. Invoquemos a bênção de Deus: "Que a paz (pax), eirīné, shalom e salam sejam reais em nossos corações, em nossas comunidades e em nosso mundo. Que sejam sentidas em nossas palavras, em nossas ações e em nossas vidas."

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