Cristo Vivo e Ressuscitado: razão de nossa esperança

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Cristo Vivo e Ressuscitado: razão de nossa esperança
Fonte: VATICANO
"É Deus que quer realizar páscoa-passagem na nossa história hodierna, desejando comer ardentemente o cordeiro pascal conosco, em cada ação litúrgica e nos acontecimentos existenciais, tal como fez com os seus discípulos, antes de partir, quando deixou seu testamento àqueles que amou e amou até o fim, até a morte, e morte de cruz."
 

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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Na Vigília Pascal da Noite Santa, ouvimos pela voz do cardeal Giovanni Battista Re a última homilia do Papa Francisco, que nos convidava a deixar "brotar a esperança da Páscoa nas nossas vidas e no mundo!":

Este anúncio, que dilata o coração, enche-nos de esperança. Na verdade, em Jesus ressuscitado temos a certeza de que a nossa história pessoal e o caminho da humanidade, embora mergulhados numa noite em que as luzes ainda aparecem fracas, estão nas mãos de Deus; e Ele, no seu grande amor, não nos deixará vacilar e não permitirá que o mal tenha a última palavra. Ao mesmo tempo, esta esperança, já realizada em Cristo, permanece para nós uma meta a alcançar também por nós: foi-nos confiada para que dela nos tornemos testemunhas credíveis e para que o Reino de Deus possa entrar no coração das mulheres e dos homens de hoje.

Nesta mesma linha, Pe. Gerson Schmidt *nos propõe hoje a reflexão "Cristo Vivo e Ressuscitado: razão de nossa esperança":

 

"Nossa esperança não é uma fantasia, não é ingênua, não se ilude. A obra da restauração já começou em Cristo Ressuscitado dos mortos! É irrevogável essa vitória! Ele já entrou na glória, como cabeça do seu corpo, que é sua Igreja. Olhando, portanto, para o acontecimento histórico de Jesus de Nazaré, representado no momento culminante de sua dor, o cristão sabe que o sofrimento e a morte são sinais proféticos, que se enchem de sentido precisamente graças ao Mistério Pascal de Cristo. Quando o sofrimento e a morte se fecham em si mesmos, levam ao desespero. Quando se orientam para um horizonte de vida, abrem à esperança. E o horizonte é a vida eterna aquela vida inaugurada pelo Crucificado-Ressuscitado, que ressuscita com o seu corpo glorioso, mas marcado ao mesmo tempo por aquelas “chagas” que, pela força do Espírito, se tornam “fendas” de luz e esperança”, como aponta um dos Cadernos do Concilio para o Ano Jubilar.

A Páscoa torna-se, assim, a grande festa batismal em que o homem cumpre, por assim dizer, a passagem do Mar Vermelho, sai de sua velha existência para entrar na comunhão com Cristo Ressuscitado, e, de tal modo, na comunhão com todos aqueles que lhe pertencem. Na verdade, todo o cosmos se renova e se reintegra pela vitória de Cristo ressuscitado, cujo tema da Campanha da Fraternidade no Brasil aponta, como a desejada ecologia integral, buscada pelo cuidado do ser humano e recapitulada pela Páscoa de Cristo. A Ressurreição cria comunhão e uma koinonia harmônica, de tudo e de todos. Cria o novo povo de Deus redimido. O Grão de Trigo, que morreu sozinho, não permanece sozinho, mas dá muito fruto. O ressuscitado não permanece solitário, mas cria, assim, a nova comunidade de homens”. Por isso, o acontecimento pascal não é rotineiro, não é maçante, não é pontual, como uma história passada e, como sendo um memorial antigo e sem redefinir o presente. Páscoa é libertação de nossos cárceres pessoais, de nossos egoísmos e individualismos egocêntricos.

É Deus que quer realizar páscoa-passagem na nossa história hodierna, desejando comer ardentemente o cordeiro pascal conosco, em cada ação litúrgica e nos acontecimentos existenciais, tal como fez com os seus discípulos, antes de partir, quando deixou seu testamento àqueles que amou e amou até o fim, até a morte, e morte de cruz. Nós não celebramos simplesmente a Páscoa. É a Páscoa que se celebra em nós como um acontecimento único, ímpar e especial. É a páscoa que vem com potência a nós para nos tirar da morte e comodidade. Deus irrompe e o poder da sua passagem (Pessach-Páscoa) nos convida a sair de nosso Egito interior, de nossas trevas, de nossos pecados, nossas angústias, para passar da escravidão à liberdade, da tristeza à alegria, da terra do Egito para a Terra Prometida, da prisão do pecado para a plena e doce graça do Redentor-Ressuscitado. É a páscoa que Jesus Cristo fez e quer repetir agora conosco e em cada liturgia cotidiana e na nossa história concreta.

A festa pascal é o lugar onde tudo converge e a fonte da qual tudo emana. Todo o culto cristão não é nada mais que uma celebração continuada da Páscoa. O Mistério Pascal é, pois, o centro de toda a liturgia, de toda ação eclesial, de toda a pregação, de toda a missão. Sem a Ressurreição de Cristo não se entende as Escrituras, os sacramentos, a doutrina, a evangelização, o sentido da comunidade reunida, o sentido da dor e do sofrimento. Cada liturgia, cada etapa do ano litúrgico, cada momento vivido no tempo de celebração é um desdobramento da grande notícia: Jesus vive e é o Senhor da morte! É o Senhor da História! Ele ressuscitou verdadeiramente! Joseph Ratzinger diz que a ação criativa e pascal de Deus cria comunidade quando aponta que “A Páscoa de Israel é o memorial de uma ação de Deus que era uma libertação e criava, assim, uma comunidade”[1]

Não é por acaso que os domingos desse período pascal não se chamam “Domingos depois da Páscoa”, mas sim domingos “da Páscoa”, que com seu conteúdo mistérico se expande nesse tempo repleto de presença do Ressuscitado. É o tempo da alegria da presença contagiante do Ressuscitado, do noivo entre nós. É precisamente essa presença que faz com que o período Pascal seja considerado como Laetíssimum Espatium (período de grande alegria), expressão cara a Tertuliano, período habitado por imensa e intensa alegria pela promessa mantida pelo Senhor: “Eu estou convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20)[2]."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] RATZINGER, Joseph. Obras completas, Volume XI, Teologia da Liturgia – Fundamento Existencial da Vida Cristã, Edições CNBB, 2019, p. 91-93.
[2] Cadernos do Concilio 13 – Jubileu 2025 – Os tempos fortes do Ano Litúrgico – Edições CNBB, 2023, p. 29-30.

 

 
 

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