P. Bernardo Suate – Cidade do Vaticano
O livro do P. Tony Neves – uma compilação das crónicas semanais de suas atividades e encontros em Roma e os diferentes pontos do planeta por onde ele viaja, muitos dos quais no mundo da Lusofonia, bem como do magistério do Papa Francisco, suas viagens, gestos e escritos – foi apresentado a 16 de outubro último, no Instituto Português de Santo António, em Roma, pelo Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, o Cardeal José Tolentino de Mendonça.
Viagens funcionais e missionárias
Como bem observa, no prefácio, o Cardeal Patriarca Emérito de Lisboa, Dom Manuel Clemente, Padre Tony é um artesão de pontes em toda lusofonia e, em entrevista, o Missionário Espiritano, fala da sua particular sensibilidade pelos espaços e países falantes do português por onde a sua atividade missionária o tem levado. Na verdade, reitera o sacerdote espiritano, as suas viagens não são viagens para “ganhar milhas nas agências aéreas”, mas sim “viagens funcionais, quase equiparáveis às do apóstolo São Paulo” (como enfatizou o Cardeal Tolentino de Mendonça, durante a apresentação do livro), ou seja, viagens missionárias, em função dum trabalho específico.
Do Papa Francisco capacidade de diálogo e atenção às periferias
Nas suas “Lusofonias”, o Missionário Espiritano, observador atento do Papa Francisco e de suas escolhas eclesiais, tem sabido contar a mensagem fundamental do Papa argentino e do seu impacto na Igreja e no mundo, enfatiza Tony Neves, recordando o momento da sua eleição quando se apresentou, com humildade, a pedir as pessoas que rezassem por ele e que o abençoassem: “aquele primeiro sinal me marcou profundamente”, enfatiza o Padre Tony, sem esquecer tantos outros dados como a alegria, a comunhão e a fraternidade, a opção pelos pobres, e todo um conjunto de valores que o Papa tem procurado testemunhar, aprofundar, propor e viver.
E, em particular, reitera o Espiritano, do Papa Bergoglio lhe têm fascinado a capacidade de diálogo, a abertura, a sua ida às periferias, para ele “valores que são absolutamente decisivos para a credibilidade da Igreja, mas sobretudo para a missão da Igreja”.
“Dilexit nos” para um mundo que parece ter perdido o coração
Sobre a última encíclica do Papa Francisco, a “Dilexit nos” (Amou-nos), o sacerdote sublinhou que se trata de um documento estudado de forma profunda e radical para um mundo que parece ter perdido em alguma dimensão o seu coração, “pois existem muitos problemas cardíacos no nosso mundo, ou seja, muita injustiça, muita fome, muita violência, muita guerra, muita desigualdade, também muito afastamento a Deus, que é enfim o cardiologista por excelência”, observa o P. Tony Neves. Uma encíclica, enfim, que acaba por resumir as grandes linhas do pensamento do Papa Francisco: a misericórdia, a ternura, a escuta dos outros, a atenção a quem é pequenino, o ter muito cuidado com desumanidade em atitudes, em decisões políticas, em decisões económicas, em partilhas sociais”.
Corresponsáveis na construção de um mundo mais humano
E, citando, uma bem conhecida frase de Filomeno Lopes “todos somos corresponsáveis e guardiões pelas vidas uns dos outros (...), mas ninguém é dono ou dona da vida dos outros”, tirada do livro “Não amo os racistas amadores”, o Padre Tony Neves ressaltou a necessidade de assumirmos a corresponsabilidade que temos de uns pelos outros, sem que ninguém seja abandonado à sua sorte”.
Existem, efetivamente, coisas muito boas no nosso mundo mas, infelizmente, “também há muitas dimensões da vida que estão a andar pra trás, e há indicadores que são preocupantes sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento, a guerra, a violência, a injustiça, a política, a liberdade; e há indicadores que alguns deles são claramente negativos, somos corresponsáveis, portanto, e temos que nos comprometer e esse é o perfil do cristão, a pessoa que se compromete na construção dum mundo mais humano, mais fraterno” – concluiu o sacerdote.
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