O balanço fornecido pelo Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Novas violações da trégua em Khan Yunis e Rafah, enquanto continuam a preocupar a desnutrição infantil e o risco de morte para 9.300 crianças e a falta de combustível que retarda as operações de socorro humanitário.
Cecilia Seppia – Vatican News É o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas que fornece o novo balanço de mortos que, após a macabra descoberta de 600 corpos sob os escombros de edifícios e prédios, sobe para 70.100. Enquanto isso, em Gaza, foi realizado o funeral de dois irmãos palestinos de 10 e 12 anos, mortos na manhã deste sábado (29/11) pelas forças armadas israelenses, a leste de Khan Yunis. Segundo um parente dos dois meninos, Fadi e Goma Abu Assi, esses eram seus nomes, eles estavam recolhendo lenha para ajudar o pai, que está em uma cadeira de rodas, quando foram atingidos por um drone militar. O IDF informou em um comunicado que, pela manhã, foram identificados e eliminados “dois suspeitos que, após cruzarem a Linha Amarela, estavam realizando atividades suspeitas no terreno e se aproximaram das tropas que operavam no sul da Faixa, representando uma ameaça imediata”. Em um segundo episódio, militares israelenses da brigada Nahal identificaram e mataram um homem, segundo eles armado, na zona de Rafah, também além da Linha Amarela e se aproximando do posto de controle. Desde o início da trégua entre o Hamas e Israel, 354 pessoas foram mortas e 906 ficaram feridas em ataques e no que a ONU define como “execuções sumárias”. “É Israel que não quer uma solução de dois Estados que ponha fim para sempre ao conflito com os palestinos, evitando mortes diárias”, diz Ali Baraka, um dos novos líderes do Hamas, explicando como o próprio primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou várias vezes que “nunca aceitará um Estado palestino a oeste do rio Jordão”. Também há vítimas na Cisjordânia, que há dias é palco de uma nova operação antiterrorista por parte do Estado judeu. Cruz Vermelha: crise humanitária agravada pelo inverno As organizações que trabalham no terreno para apoiar a população continuam a lançar apelos e denúncias, sendo o mais recente o do UNICEF, relativo às mais de 9 mil crianças afetadas por desnutrição aguda, e, antes disso, o da Cruz Vermelha Internacional. “Após o cessar-fogo, esperávamos um amplo acesso à ajuda humanitária, mas as crescentes tensões na zona não o tornam possível. Para a população da Faixa de Gaza, o futuro é cada vez mais incerto. Aos sofrimentos suportados e às graves condições humanitárias a que mulheres e homens, meninas e meninos foram expostos, especialmente nos últimos dois anos, somam-se agora as dificuldades decorrentes das baixas temperaturas e das intempéries do inverno. “Continuamos a viver em condições desesperadoras”: assim afirma Rosario Valastro, presidente da Cruz Vermelha Italiana, segundo o qual os voluntários da Meia Lua Vermelha Palestina continuam a ser a única ajuda para o povo de Gaza, oferecendo serviços essenciais, assistência médica, apoio psicológico e psicossocial. Além de alimentos, água, medicamentos, materiais para construção habitacional e outros bens essenciais, há escassez de combustível, o que afeta negativamente os transportes e a capacidade dos serviços, mas também e sobretudo as operações médicas e a ajuda humanitária. Mais de 9 mil crianças com desnutrição aguda em Gaza A fome continua longe de ser erradicada. Os elevados níveis de desnutrição continuam a pôr em risco a vida e o bem-estar das crianças na Faixa de Gaza. Os exames nutricionais realizados pelo UNICEF e seus parceiros identificaram quase 9.300 crianças com menos de 5 anos afetadas por desnutrição aguda no mês de outubro, um número inferior aos 11.746 registados em setembro. Embora essa tendência de queda demonstre o progresso alcançado no tratamento e na prevenção da desnutrição aguda, outubro ainda registra uma das taxas mensais de hospitalização mais altas já registradas, quase cinco vezes superior à de fevereiro de 2025, durante o cessar-fogo anterior. “Apesar dos progressos alcançados, milhares de crianças menores de cinco anos continuam sofrendo de desnutrição aguda em Gaza, enquanto muitas outras não têm abrigo adequado, serviços de saneamento e proteção contra o inverno”, afirmou Catherine Russell, diretora-geral do UNICEF. “Muitas crianças em Gaza continuam a sofrer de fome, doenças e frio, condições que colocam suas vidas em risco. Cada minuto é precioso para proteger essas crianças”, acrescentou. Nas últimas semanas, entraram em Gaza maiores quantidades de alimentos, fazendo com que os preços de mercado diminuíssem e melhorando o acesso das famílias à alimentação. No entanto, muitos produtos essenciais, em particular os alimentos de origem animal, continuam indisponíveis ou inacessíveis para a maioria da população.