Dirigindo-se aos membros da comissão do Prêmio Zayed para a Fraternidade Humana, o Papa reafirma que cada tradição religiosa é chamada a cultivar vínculos de comunhão. Ideias sem gestos concretos, adverte, podem fazer murchar até “nossos sonhos mais preciosos”.
Edoardo Giribaldi/Thulio Fonseca – Vatican News Em meio a um cenário global marcado por tensões, conflitos e polarizações, o Papa Leão XIV recorda que “as palavras não bastam”. Para que a fraternidade humana não permaneça apenas um ideal abstrato, são necessárias atitudes visíveis de bondade e misericórdia. “Em um tempo marcado por crescente conflito e divisão, precisamos de testemunhas autênticas de bondade humana e caridade, que nos recordem que todos somos irmãos e irmãs”, afirmou o Pontífice ao receber, nesta quinta-feira, 11 de dezembro, os integrantes da comissão do Prêmio Zayed para a Fraternidade Humana. Chamados a promover a comunhão O Santo Padre expressou sua alegria por estar ao lado de pessoas que colocam “seus talentos, sua visão e suas convicções morais” a serviço da convivência pacífica. Recordou que o Prêmio Zayed nasceu de um momento decisivo para o diálogo inter-religioso: a assinatura, em 2019, do Documento sobre a Fraternidade Humana por Papa Francisco e o Grão-Imame Ahmed Al-Tayeb, com o apoio do xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan. O reconhecimento — destinado a indivíduos e instituições que realizam ações concretas de promoção da paz, da compaixão e da solidariedade — expressa, segundo Leão XIV, o legado do xeique Zayed bin Sultan Al Nahyan e o compromisso comum de que todo ser humano e toda tradição religiosa têm a responsabilidade de edificar a fraternidade. Relembrando as palavras de Francisco, o Papa citou que “as diversas tradições religiosas, nutrindo-se de suas próprias riquezas espirituais, podem dar uma grande contribuição ao serviço da fraternidade”. Palavras não são suficientes Para Leão XIV, o mundo atual necessita urgentemente de testemunhas credíveis, capazes de traduzir a fé e a esperança em gestos concretos. O Papa insistiu que a caridade exige encarnação e presença: permanecer apenas “no mundo das ideias e das discussões”, sem atitudes pessoais e frequentes de cuidado, corre o risco de “arruinar nossos sonhos mais preciosos” — como escreveu em sua exortação Dilexi te. Celebrar gestos que geram humanidade O Pontífice destacou ainda que o Prêmio Zayed reconhece de modo singular aqueles que transformam a fraternidade em prática diária, oferecendo “exemplos tangíveis de como podemos promover a fraternidade humana hoje”. Para Leão XIV, tais testemunhos iluminam comunidades, nações e tradições religiosas, mostrando que a paz é sempre possível quando nasce das mãos e do coração. Ao concluir o encontro, o Papa encorajou os membros da comissão a continuar seu trabalho: “Incentivo vocês a perseverarem nesta missão nobre, confiante de que seus esforços continuarão a produzir frutos para o bem da grande família humana.”