Entre os muitos peregrinos que irão a Istambul para participar da Missa celebrada pelo Papa Leão XIV, na tarde de sábado, 29 de novembro, na Volkswagen Arena, há também um grupo da paróquia do Santo Rosário em Esmirna, cidade portuária da Turquia (Türkiye) ocidental com vista para o Mar Egeu. O pároco, um padre dominicano, conta-nos como vive essa pequena comunidade cristã
Debora Donnini – Cidade do Vaticano É palpável a expectativa da comunidade católica na Turquia pela chegada de Leão XIV, que começou a sua primeira Viagem Apostólica na manhã desta quinta-feira. São pessoas provenientes de diversas cidades do país, como Esmirna, a correrem para encontrá-lo e rezar com ele. Quem diz isso, em entrevista aos meios de comunicação do Vaticano, é o padre Igor Barbini, superior da pequena comunidade dominicana na cidade e pároco da Igreja do Santo Rosário, que acolhe uma comunidade de cerca de 250 famílias e é frequentada habitualmente por uma centena de pessoas. Em 2017, ele foi enviado para lá em missão pelos seus superiores e, compartilhando a experiência do Caminho Neocatecumenal, segue também uma missio ad gentes com duas famílias, solicitada pelo então arcebispo de Esmirna, dom Lorenzo Piretto. A Igreja do Santo Rosário em Esmirna se encontra em um dos bairros mais ocidentais e multiculturais da cidade. Na paróquia, padre Barbini cuida da formação das crianças e dos jovens com a catequese de iniciação cristã em preparação para os sacramentos e, com a ajuda das famílias em missão, leva para frente a catequese para os adultos e os cursos para os noivos que querem se preparar para o Sacramento do matrimônio. Além disso, por vezes, também acompanha grupos de peregrinos que visitam “as Igrejas do Apocalipse” e, de modo especial, a Casa da Virgem Maria em Éfeso. A emoção pelo encontro com o Sucessor de Pedro “A paróquia do Santo Rosário se tornou ao longo dos anos um ponto de referência para a comunidade, formada por cristãos europeus que, inicialmente, por razões comerciais, criaram raízes nessa nação e mantiveram acesa a lâmpada da fé cristã herdada das primeiras comunidades cristãs que surgiram aqui, na Ásia Menor”, explica o padre dominicano. Ela é frequentada por estrangeiros, em parte italianos que, por trabalho ou estudo, vivem ali, mas também por franceses e por pessoas de língua espanhola. “Neste último período, sente-se realmente forte a emoção pela chegada do Papa Leão XIV à nossa terra”, conta padre Barbini. “Nós nos preparamos por muitas semanas com a oração diária, que quer sustentar o Santo Padre nesta viagem e em todos os encontros ecumênicos e inter-religiosos que ele terá. A minha paróquia respondeu com grandíssimo interesse a uma pequena peregrinação que faremos” para participar, no sábado, da Eucaristia com o Papa. Depois, no domingo, o grupo da paróquia visitará às ruínas de Niceia, que hoje se chama Iznik, onde se realizou o Concílio Ecumênico em 325 e para onde o Papa irá, na sexta-feira, 28 de dezembro. Unidade da diversidade Referindo-se à Carta Apostólica “In unitate fidei”, padre Barbini recorda que “Niceia é também um lugar simbólico de comunhão: foi um Concíclio ecumênico, portanto, realmente universal e, em um tempo como o nosso, marcado por tantas polarizações e divisões, Niceia recorda que a verdade da fé nunca pode ser separada da unidade da Igreja”. A Turquia realmente “é um mosaico de comunidades cristãs antiquíssimas como as Igrejas orientais, quer católicas como ortodoxas, e todo esse panorama, essa pluriformidade da Igreja, recorda-nos a beleza do diferente, que não devemos temer, mas que é realmente uma riqueza”. Padre Barbini recorda ainda a Vigília de Pentecoste com Movimentos, Associações e Novas Comunidades, nas quais, Leão XIV comentou a importância de “manter vivo o ímpeto missionário, falou dessa unidade na diversidade”. “Palavras essas que recebemos e que nos ajudam a recomeçar sempre”, enfatiza ainda o sacerdote, fortalecido pela sua experiência nesta terra. Deve-se também ressaltar que Esmirna tem profunda raiz no cristianismo. É uma das setes Igrejas mencionadas por São João no Apocalipse. “Estamos a cerca de 70 quilômetros de Éfeso e da casa onde viveu a Virgem Maria, custodiada por São João, a quem foi confiada por Jesus morrendo na cruz. Esmirna é a Igreja que teve como primeiro bispo São Policarpo, discípulo de São João e cristão do século I. Ainda é forte a devoção a São Policarpo em toda a variegada comunidade cristã de Esmirna, que o recorda pela sua fé intrépida e pela oferta da sua vida no martírio para salvaguardar o seu ser cristão e a sua relação com Jesus Cristo, que o acompanhou por toda a vida”.