Com visitas a unidades prisionais, leigos e religiosos demonstram a proximidade da Igreja a pessoas privadas de liberdade, oferecendo um caminho de reconciliação e oportunidade de mudança de vida.
Victor Hugo Barros - Vatican News Cerca de seis mil peregrinos, de 90 países, participam neste fim de semana, no Vaticano, do Jubileu dos Reclusos, último grande evento do Ano Santo de 2025. O ponto alto será a missa presidida pelo Papa Leão XIV, no próximo domingo (14), na Basílica de São Pedro. Entre os grupos aguardados, estão aqueles provenientes do Brasil, representando a atuação da Igreja Católica nas unidades prisionais do país, sobretudo por meio da Pastoral Carcerária. “Nós procuramos ser a esperança. Procuramos ser sinal da esperança que não decepciona, que é Jesus Cristo”, define o diácono Paulo Fernando de Moraes, assessor da Pastoral Carcerária da Diocese de Taubaté. A presença da Igreja nas unidades prisionais Para ser sinal da presença da Igreja junto a população prisional, diversas atividades são realizadas nos presídios. As ações visam fazer a mensagem do Evangelho atravessar as grades. “Nós temos as nossas missões que são as visitas que nós fazemos semanalmente e quinzenalmente dentro das unidades prisionais. Nós levamos a Palavra, nós temos o nosso Querigma, levamos os temas para eles, desenvolvemos com eles os temas, rezamos juntos, oramos juntos. Nós distribuímos a Palavra para todos que querem acorrer”, detalha o coordenador da Pastoral Carcerária da Diocese de Taubaté, Ricardo Rodrigues. Segundo dados da Pastoral Carcerária, cerca de três mil pessoas integram o movimento em todo o Brasil. Destes, 46 atuam na Diocese de Taubaté, no interior de São Paulo. A área diocesana compreende a cidade de Tremembé (SP), conhecida por abrigar a imagem do Senhor Bom Jesus, uma representação do Filho de Deus preso e açoitado. Assim como esta escultura de Cristo, o município também conta com milhares de pessoas reclusas. “Nós fazemos visitas a sete unidades prisionais que temos em Tremembé. Nós temos o CDP (Centro de Detenção Provisória), o Pemano, que é o semi aberto, o P1 e o P2 masculino, o P1 e o P2 feminino e a Casa de Custódia, que é o hospital psiquiátrico”, contextualiza Ricardo. O Ano Santo dos reclusos e agentes da Pastoral Todas as unidades prisionais da região vivem o Jubileu da Esperança, em sintonia com o pedido do Papa Francisco, na Bula Spes non Confundit. No documento, que proclamou oficialmente o Ano Jubilar, o pontífice argentino pediu aos governantes iniciativas que restitua a esperança aos “presos que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito” (Spes non Confundit, 10). Mas se engana quem pensa que apenas os reclusos são evangelizados pela ação da Pastoral Carcerária neste Jubileu, vivido atrás das grades. O diácono Paulo Fernandes garante que também os agentes pastorais se sentem tocados pelos testemunhos de conversão no cárcere. “Esse Ano Jubilar nos fez lembrar que Cristo liberta de todas as prisões. Cristo é a esperança que não decepciona. Se caminharmos juntos com os irmãos detentos, inclusive com alguns que já foram recuperados e dão o seu testemunho que a Pastoral muito ajudou neste momento onde ele escolhe a vida e deixa de lado o crime, deixa de lado o que o afastou de Deus. O sinal da esperança nestes irmãos traz também para nós, agentes pastorais, a alegria de sermos Igreja, a alegria de estar juntos levando a Palavra de Deus, vendo em cada irmão que sofre a figura do Cristo prisioneiro”, reflete o clérigo: Pastoral Carcerária Iniciada em 1962, na Casa de Detenção, em São Paulo, a Pastoral Carcerária se consolidou no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Composta por leigos e religiosos, a iniciativa torna concreta uma das obras de misericórdia ensinadas por Jesus: a visita aos presos. Além do acompanhamento espiritual, a Pastoral realiza também atendimento humano e social aos detentos em todo o país.