Há um novo plano de paz EUA-Ucrânia com 19 pontos após as negociações de segunda-feira entre as duas delegações em Genebra. “O plano original de 28 pontos não existe mais. Alguns pontos foram eliminados, outros modificados”, anuncia a presidência ucraniana. A reação russa é gélida, considerando as correções pouco construtivas
Vatican News A guerra na Ucrânia continua sem cessar. Durante a noite, ataques russos com mísseis e drones contra Kiev mataram seis pessoas, feriram 13 e causaram extensos danos a edifícios residenciais e infraestrutura civil. Os ucranianos responderam lançando drones na região de Rostov, matando três e ferindo oito. O Ministério da Energia da Ucrânia também relatou um ataque russo massivo à infraestrutura energética do país, enquanto a Força Aérea emitiu um alerta geral de ataque aéreo durante a noite. O prefeito Vitaliy Klitschko relatou que ocorreram cortes de energia e água em algumas áreas de Kiev. Reunião entre Trump e Zelensky possível até novembro Enquanto isso, os Estados Unidos e a Ucrânia, após as negociações em Genebra, na Suíça, elaboraram um novo acordo de paz de 19 pontos, disse o primeiro vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia ao Financial Times. Foi "uma reunião intensa, mas produtiva", explicou ele, e a nova proposta gerou "otimismo" em ambos os lados. As questões mais controversas, especialmente as territoriais, foram colocadas de lado, deixando a decisão final para Donald Trump e Volodymyr Zelensky. Os ucranianos afirmaram que "não têm mandato" para tomar decisões sobre a transferência de territórios, como sugerido na versão original do acordo, que, segundo a Constituição ucraniana, exigiria um referendo nacional. Trump está disposto a conceder mais tempo às negociações, adiando o prazo anteriormente estabelecido para 27 de novembro por uma semana. A reação da Rússia foi gélida, rejeitando as emendas feitas com a contribuição europeia como "não construtivas". O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, enfatizou que o Kremlin "não tem nada a dizer" sobre as notícias de que o secretário do Exército dos EUA, Dan Driscoll, teria realizado conversas a portas fechadas com uma delegação russa em Abu Dhabi, acrescentando que Moscou ainda não recebeu nenhuma atualização dos Estados Unidos sobre seus planos para a Ucrânia, após a divulgação de informações sobre o novo plano de 19 pontos. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavorov, também comentou as negociações, afirmando que a Rússia espera que os Estados Unidos apresentem uma versão provisória do plano para a resolução do conflito ucraniano, acordada com a Europa e Kiev. E, nas últimas horas, o secretário para a Segurança da Ucrânia, Rustem Umerov, afirmou que o governo de Kiev está ansioso para organizar uma visita do presidente da Ucrânia aos Estados Unidos o mais breve possível em novembro, para concluir as etapas finais e chegar a um acordo com o presidente Trump. Sinais positivos também para a UE O presidente do Conselho Europeu, António Costa, também aprovou o novo texto. "A reunião em Genebra", explicou ele ao final de um encontro de líderes europeus com representantes da União Africana em Angola, "entre os Estados Unidos, a Ucrânia, as instituições da União Europeia e representantes europeus, marcou um progresso significativo." Sobre as negociações em Genebra, Costa declarou que Bruxelas "acolhe com satisfação este passo em frente. Algumas questões ainda precisam ser resolvidas, mas a direção é positiva, e apreciamos os esforços dos presidentes Zelensky e Trump e suas iniciativas." Villafranca (Ispi): segurança, territórios e ativos russos são cruciais Em declarações à mídia vaticana, Antonio Villafranca, vice-presidente do Ispi, enfatizou que a proposta estadunidense de 28 pontos é atualmente bastante conhecida, enquanto não há indicações da proposta de 19 pontos que surgiu das negociações de Genebra. Segundo o especialista em geopolítica, as negociações se concentram em três questões principais. A primeira é a segurança, ou seja, como defender o território ucraniano de possíveis novos ataques russos. A segunda questão crucial a ser resolvida é quais territórios serão cedidos à Rússia, pois quatro províncias orientais do país estão ocupadas por tropas de Moscou, mas nem todas estão totalmente sob controle russo. Portanto, explica Villafranca, "há uma disputa sobre onde traçar a linha da futura fronteira". O terceiro ponto diz respeito à questão do uso de ativos russos congelados em bancos europeus para a reconstrução da Ucrânia. Próximos passos nas negociações Villafranca também aborda a questão da adesão da Ucrânia à OTAN, sobre a qual a Rússia não está disposta a fazer concessões, enquanto Putin não tem intenção de se opor à adesão da Ucrânia à União Europeia. O vice-presidente do Ispi observa que a Europa e os Estados Unidos pretendem fazer cumprir no Plano o artigo 5º da OTAN, que prevê a intervenção da coalizão em favor da Ucrânia em caso de nova agressão. Por fim, Villafranca acredita que os próximos passos nas negociações serão a finalização de um Plano totalmente apoiado por Washington, Kiev e a Europa. A versão final será então apresentada a Moscou, que, segundo o representante do Ispi, buscará retornar ao texto de 28 pontos, mais favorável às suas posições.