Sessenta dias após o cessar-fogo na guerra entre Israel e o Hamas, a situação humanitária na Faixa permanece dramática. A ONU denuncia que centenas de palestinos foram mortos em ataques do exército israelense nos últimos dois meses. As negociações de paz também estão paralisadas, com a Fase 2 da proposta da Casa Branca enfrentando dificuldades para avançar
Vatican News Centenas de milhares de palestinos estão abrigados em tendas em campos de refugiados na Faixa de Gaza, sofrendo com a emergência humanitária. Eles agora enfrentam tempestades que assolam o território palestino. Inundações repentinas, ventos fortes e granizo são previstos em toda a região nos próximos dias. De acordo com algumas análises, a maior parte do sistema de esgoto foi destruída em ataques do exército israelense, com o risco de que a água das enchentes se misture com esgoto bruto, aumentando a disseminação de doenças como cólera e disenteria. Organizações humanitárias lançaram um apelo urgente a Israel para que permita a entrada de ajuda e materiais necessários para lidar com essa nova emergência iminente, que pode se transformar em uma tragédia. Como sempre, os mais afetados são os mais vulneráveis. A Save the Children anunciou que muitos de seus centros de acolhimento infantil na Faixa de Gaza foram fechados devido ao mau tempo nos últimos dias. Novo apelo da ONU Nesse contexto, as Nações Unidas estão pedindo que a assistência necessária seja fornecida à população palestina. "Com a chegada de mais uma tempestade de inverno na Faixa de Gaza - disse o porta-voz Farhan Haq -, as baixas temperaturas e as chuvas estão colocando os grupos vulneráveis em risco particular. Isso inclui recém-nascidos, para os quais a hipotermia é extremamente perigosa." Organizações humanitárias, continuou o porta-voz, tomaram medidas preventivas, distribuindo roupas de inverno nos últimos dias, principalmente em áreas sujeitas a inundações. A ONU também continua denunciando violações sistemáticas do cessar-fogo. Desde o início da trégua, 121 mortes foram registradas em 350 ataques. Entre as vítimas estão pelo menos sete mulheres e 13 crianças, e todos os ataques ocorreram perto da chamada "linha amarela", a linha de demarcação atrás da qual as forças israelenses se retiraram, de acordo com a chefe de direitos humanos da ONU. Negociações O presidente israelense Herzog, após sua reunião em Jerusalém com o embaixador dos EUA na ONU, Waltz, disse que espera novos anúncios da Casa Branca nos próximos dias sobre a implementação da Fase 2 da proposta de paz do governo estadunidense. Um ponto de virada nas negociações pode, portanto, vir da reunião agendada para 29 de dezembro entre o primeiro-ministro israelense Netanyahu e Donald Trump. "Os principais temas de discussão seriam o estabelecimento de uma autoridade palestina tecnocrata para garantir água, gás e esgoto, e restaurar os serviços básicos", disse Waltz. Cisjordânia Enquanto isso, as hostilidades estão aumentando na Cisjordânia. A Autoridade Nacional Palestina condenou a decisão de Israel de construir 764 novas unidades habitacionais, chamando-a de "uma tentativa de sabotar os esforços internacionais voltados para interromper a violência e a escalada e alcançar a estabilidade na região". Nos últimos dias, também foram registradas novas incursões do exército israelense nos territórios palestinos ocupados, resultando na prisão de 100 cidadãos. Entre os detidos pelas Forças de Defesa de Israel estão vários ex-prisioneiros libertados semanas atrás.