Rogério Maduca - Beira, Moçambique
No documento, os membros da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM) lamentam a violência pós-eleitoral que, desta vez, foi "manchada com uma cobarde emboscada como forma de calar, se não a verdade, pelo menos a democracia", e fazem menção a um incidente que envolveu dois cidadãos, nomeadamente Elvino Dias, advogado de um dos candidatos presidenciais e Paulo Guambe, mandatário do partido que suporta o mesmo candidato, assassinados de forma bárbara, acto que os Bispos condenam.
Fraudes, enchimento de urnas e forja de editais
A Conferência Episcopal de Moçambique mostrou que está a par do que aconteceu nos pleitos eleitorais e sendo a voz da Igreja Católica, e denuncia parte das acções graves que caracterizaram o processo, com destaque para as "fraudes grosseiras, a repetição no enchimento de urnas, a forja de editais, entre outras formas de encobrir a verdade".
Irregularidades reforçam falta de confiança nos órgãos eleitorais
Nos dizeres do Episcopado católico estas irregularidades impunemente praticadas, reforçam a falta de confiança nos órgãos eleitorais e empurram o povo a questionar sobre a legitimidade dos eleitos, lê-se no documento. Na continuidade, os prelados questionam se os órgãos eleitorais irão certificar os resultados, e recordam que, "certificar uma mentira é fraude".
Alerta aos jovens para que não se deixem instrumentalizar
Desde o anúncio dos resultados preliminares, o País vive momentos de tensão, em sua contestação, facto que culminou com a convocação de uma manifestação pacífica. Sobre a manifestação, os Bispos apelam ao respeito pelo direito à manifestação, e alerta aos jovens para que não se deixem instrumentalizar e serem arrastados em acções de vandalismo e desestabilização. E acrescentam, "não podemos deixar que os partidos políticos e grupos de poder continuem a promover as suas influências nefastas, incutindo políticas de desprezo, de ódio e de vingança".
Coragem da verdade, caminho para o retorno à normalidade
O comunicado dos Bispos se conclui apelando aos que estão directamente envolvidos no processo eleitoral e no conflito gerado, para que façam do exercício de reconhecimento das culpas e do perdão e a coragem da verdade, como o caminho para o retorno à situação normal de um país que se quer vivo e activo, e não silenciado pelo medo da violência.
Refira-se que o posicionamento da Conferência Episcopal de Moçambique referente à necessidade de se garantir a transparência no processo, junta-se aos apelos de várias organizações da sociedade civil, nacionais e estrangeiras.
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