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Esperança em tempos difíceis

É assim que você trata
os seus amigos?

A única tristeza da vida é não ser santo.

Léon Bloy

Tudo o que Santa Teresa de Ávila queria era uma vida simples de pobreza e oração. Mas levar uma vida piedosa parece um insulto deliberado a um mundo apaixonado por mundanismos, e a santa teve mais do que a sua cota de tempos difíceis. Foi denunciada à Inquisição. Foi tratada com desprezo e crueldade por possíveis mecenas ricos que queriam que ela administrasse os conventos do jeito deles. Em vez de uma vida de tranquila contemplação, sofreu com uma vida cheia de confronto e oposição.

Bom, um dia ela cansou e soltou uma torrente de reclamações para o Nosso Senhor.

«Mas, Teresa», Deus respondeu, «é assim que eu trato todos os meus amigos».

«Bom», a santa disse, «não admira que Você tenha tão poucos!»

A reclamação de Teresa poderia ter vindo, com a mesma autenticidade, de qualquer um dos amigos de Deus que encontramos na Bíblia. Pense em Abel, nos alvores da História, morrendo aos pés do irmão perverso. Pense em Noé, sofrendo com a monotonia maçante de um mês de chuva, vivendo ao lado de animais enquanto seu mundo era levado pela água. Pense em Abraão, a única pessoa a quem a Bíblia chama de «amigo de Deus» (Tg 2,23): ele suportou diversas provações, culminando na necessidade de sacrificar seu único filho.

O patriarca José também era um dos favoritos de Deus – mas foi vendido como escravo, falsamente acusado de adultério e preso. Moisés, Davi e Jeremias também conheceram suas calamidades. Depois temos Jó, que perdeu casa, família e saúde – e ele não tinha feito nada de errado. Não foi castigo. Só aconteceu.

Finalmente, pense na Virgem Maria. Ela acreditava no que Deus lhe tinha prometido na Anunciação. Contudo, estava consciente de que havia um lado negro da promessa. Simeão, o sacerdote, profetizou que ela experimentaria uma grande tristeza:

Eis que este menino está destinado a ser uma causa de queda e de soerguimento para muitos homens em Israel, e a ser um sinal que provocará contradições [...] e uma espada transpassará a tua alma.

(Lc 2,34-35)

Trinta e poucos anos depois, ela entendeu o que ele quis dizer. Lá ao pé da Cruz, viu seu Filho crucificado como o pior dos criminosos – como um traidor, um terrorista.

É desse jeito que Deus trata seus amigos?

Bom, sim, é desse jeito. Há um certo padrão nas vidas daqueles que são fiéis a Deus. Eles passam por provas e sofrimentos. E ainda assim sempre são vistos como as pessoas mais invejáveis da Terra.

São invejáveis porque vivem com a esperança de que terão algo que todos nós desejamos: amor.

Só o amor satisfaz

O amor é a única coisa que nos completa, e por isso todos nós o desejamos. O amor, porém, sempre requer sacrifícios.

O amor verdadeiro sempre requer
sacrifícios.

Isso é verdade mesmo no que se refere aos amores humanos. Nós desistimos da «liberdade» de vivermos sozinhos pela liberdade maior de casar com quem amamos. Abrimos mão de boa parte das nossas economias para poder comprar um anel de noivado. Ficamos felizes em renunciar a prazeres que exigiriam que ficássemos longe de quem amamos.

Os romances são cheios de relatos de vigílias, jornadas e presentes extraordinários.

Por quê? Porque o amor é algo pelo qual vale sofrer – mesmo o amor terreno, apesar de todo amor terreno ser finito.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina: «O amor causa um desejo pelo bem ausente e uma esperança de consegui-lo» (n. 1765). São Tomás de Aquino esclarece que o bem ausente no caso do amor é um bem árduo, difícil.

Sofrer é um grande favor. Lembre-se de que logo tudo chega a um fim... e tome coragem. Pense em como nosso ganho é eterno.

SANTA TERESA DE ÁVILA

Todos os dias as pessoas suportam dificuldades por causa do amor.

Quanto, então, nós podemos sofrer pelo amor verdadeiro, pelo amor eterno, o amor que satisfaz – o amor divino?

Se você e eu esperássemos algo tão grandioso quanto o amor prometido a Abraão, à Virgem Santíssima e a Teresa de Ávila, o que poderíamos suportar? Dor? Sofrimento? Abandono? Mal-entendidos? Sermos vítimas pelo mal?

A esperança pode nos fazer passar por todas essas coisas, assim como fez com todos os amigos de Deus.

Eles conseguem suportar e perseverar porque o amor é maior do que qualquer tormenta que tenham que enfrentar.

Os tempos podem ser difíceis sim, mas a esperança é mais durável. É uma das três coisas que permanecem (cf. 1Cor 13,13).

* * *

Lembre-se:

Os santos e a Escritura nos ensinam que as dificuldades não precisam nos fazer infelizes.

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