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Esperança em tempos difíceis

Como nosso pai ama

«Dai-nos»: como é bela a confiança dos filhos, que tudo esperam do Pai! É Jesus quem nos ensina esta petição que, de fato, glorifica o nosso Pai porque é o reconhecimento de quanto Ele é bom, acima de toda a bondade.

Catecismo da Igreja Católica, n. 2828

Você se lembra de quando era criança e odiava ser castigado? Talvez achasse que seus pais odiavam você. Não foi culpa sua ter quebrado as regras. Ou talvez sim, foi culpa sua, mas isso não era motivo para ser castigado.

Agora que somos mais velhos, entendemos como é difícil corrigir os filhos. Alguns de nós temos filhos, e quando eles quebram as regras, sabemos que não podemos deixar barato.

Ainda assim, sabemos que o castigo os magoa, e odiamos magoá-los. É assim que funciona com crianças: às vezes o que você sabe que é bom para elas não parece bom para elas – ou para você.

Sabemos disso, mas ainda assim é fácil esquecer do nosso tempo de criança. A Carta aos Hebreus nos lembra que somos filhos de Deus.

Estais esquecidos da palavra de animação que vos é dirigida como a filhos:

«Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho».

(Hebr 12,5-6)

O que significa de verdade sermos filhos de Deus? Significa que Ele realmente nos ama o suficiente para nos tratar do jeito que um bom pai trata seus filhos. Ele nos ama o suficiente para nos corrigir.

Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige? Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, seríeis bastardos e não filhos legítimos. Aliás, temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com respeito. Com quanto mais razão nos havemos de submeter ao Pai de nossas almas, o qual nos dará a vida? Os primeiros nos educaram para pouco tempo, segundo a sua própria conveniência, ao passo que este o faz para nosso bem, para nos comunicar sua santidade. É verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de justiça e de paz.

(Hebr 12,7-11)

Há algo chocante, mas também consolador, no que essa Carta nos diz sobre a correção. Todos nós suportamos tempos difíceis, mas a Carta nos diz que os tempos difíceis não são sinais da ira de Deus. Pelo contrário, são sinais do amor de Deus.

Se não tivéssemos tempos difíceis, não saberíamos que Deus nos ama.

Quantas vezes nossos pais nos disseram exatamente a mesma coisa sobre os castigos? «Faço isso porque te amo».

«Ah, certo», dizíamos para nós mesmos quando tínhamos oito anos. «Você faz isso porque me odeia e gosta de me fazer sofrer».

Se não tivéssemos tempos difíceis, não saberíamos que Deus nos ama.

Mas agora que crescemos, dizemos exatamente a mesma coisa aos nossos filhos; e mais: sabemos como isso é verdade com todas as nossas forças.

Castigados por agradar

Se odiássemos nossos filhos – se só quiséssemos nos livrar deles –, aí sim deixaríamos que fizessem o que bem entendem. Nós certamente não passaríamos horas tentando convencê-los a fazer o dever de casa ou arrumar sua bagunça. Só lhes daríamos total liberdade sem consequências. Logo cairiam do telhado ou seriam atropelados por um trem, e nós ficaríamos livres para fazer o que bem entendêssemos sem nos preocuparmos com o que as crianças estão fazendo.

Mas nós os amamos, então os corrigimos. Fazemos questão de que saibam que se meter em confusão tem consequências, para que não sofram as consequências bem piores de ficarem totalmente por conta própria.

É por isso que a Carta aos Hebreus nos diz que os tempos difíceis são a maneira de sabermos que Deus é nosso Pai. Se Ele só nos deixasse saltitar alegremente pelo caminho para a destruição, não seríamos mesmo seus filhos. Seríamos «bastardos», para usar o termo chocante que encontramos na Carta.

Mas nós somos mesmo filhos de Deus, o que significa que Deus nos ama o suficiente para nos corrigir. E é desagradável – tão desagradável quanto era quando tínhamos oito anos de idade e nossos pais nos mandavam para o quarto numa tarde de verão. (E se você não acha que isso se compara com os tempos difíceis pelos quais os adultos passam, então você tem que conversar com uma criança de oito anos.)

Gostaria de fazer com que todos entendessem a grande graça que Deus, na sua misericórdia, concede quando Ele manda sofrimento [...]. Assim de fato a alma é purificada como ouro na fornalha; sem saber, ela se torna radiante e é libertada para empreender o voo para o seu Bem.

SÃO PAULO DA CRUZ

Correção não é o mesmo que ira: o pai que corrige quer o melhor para os filhos porque não consegue parar de amá-los. Quando lemos sobre as coisas horríveis que aconteceram a Israel e Judá, ou quando pensamos nas coisas igualmente horríveis que acontecem hoje no mundo, pensamos na «ira» de Deus – mas devíamos mesmo pensar no amor de Deus.

Essa é a parte mais difícil de entendermos na nossa fé, assim como foi difícil acreditarmos que nossos pais nos corrigiam porque nos amavam.

Mas Deus tem jeitos de nos ajudar a entender. Como sempre, podemos não gostar deles – mas vamos agradecer no fim.

Seu castigo já é motivo para nossa esperança. É a prova de que Ele nos ama como um pai ama seus filhos. A fé nos permite aceitar o que nosso Pai nos diz, porque aceitamos sua autoridade. A esperança nos permite acreditar que suas palavras são confiáveis e que seu cuidado é permanente.

* * *

Lembre-se:

O castigo de Deus é a prova do seu amor paterno.

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