Religiosos são libertados da Nicarágua e já estão em Roma

O governo da Nicarágua, do regime de Daniel Ortega, libertou 19 membros da Igreja, entre eles o bispo Dom Rolando Álvarez, o bispo Dom Isidoro del Carmen Mora, dois seminaristas e quinze sacerdotes neste domingo (14).

Leia MaisCNBB envia nota de solidariedade ao bispo preso na NicaráguaPapa Francisco reza por Bispo condenado na NicaráguaA mídia local divulgou a informação, confirmada pelo governo da capital Manágua. O comunicado do governo da Nicarágua disse que “as autoridades agradeceram os esforços do Papa Francisco e do Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado, pela ‘discreta coordenação realizada’ para tornar possível a libertação”.

Com exceção de um dos libertados, todos chegaram a Roma na tarde de domingo e foram acolhidos pela Santa Sé.

Bispo de Matagalpa e administrador apostólico da diocese de Estelí, Dom Álvarez foi condenado a 26 anos de cárcere, e estava detido desde fevereiro do ano passado após passar seis meses em prisão domiciliar. Enquanto Dom Mora havia sido detido em dezembro passado.

National Catholic Reporter

Nestes primeiros dias de 2024, o Papa Francisco fez dois apelos pela Nicarágua. Na primeira oração do Ângelus do Ano Novo, pediu aos fiéis que rezassem pelo país:

"Acompanho com preocupação o que está acontecendo na Nicarágua, onde bispos e sacerdotes foram privados da liberdade. Expresso a eles, a suas famílias e a toda a Igreja no país a minha proximidade na oração. À oração insistente convido também todos vocês aqui presentes e todo o povo de Deus, enquanto faço votos de que se busque sempre o caminho do diálogo para superar as dificuldades. Rezemos pela Nicarágua hoje."

Depois, no discurso aos embaixadores em 8 de janeiro passado, Francisco mencionou a Nicarágua, onde uma crise provoca “amargas consequências” para toda a sociedade e para a Igreja Católica.

“A Santa Sé não cessa de convidar a um diálogo diplomático respeitoso pelo bem dos católicos e de toda a população."

Em outubro do ano passado, 12 sacerdotes nicaraguenses foram libertados. A Santa Sé os acolheu em algumas estruturas da Diocese de Roma.

Wikipedia

Acordo da boa vontade

O governo local relatou na nota que bispos, padres e seminaristas foram recebidos pelas autoridades do Vaticano “em conformidade com acordos de boa fé e boa vontade”.

E que com estas ações “procuram promover a compreensão e melhorar a comunicação entre a Santa Sé e a Nicarágua para a paz e o bem”.

Dom Silvio Báez, bispo auxiliar de Manágua, exilado nos Estados Unidos, expressou sua alegria: “Agradeço a Deus porque meus irmãos bispos, sacerdotes e seminaristas estão fora da prisão. A justiça triunfou. O poder da oração do povo de Deus foi demonstrado”.

Tensão no país

Bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos da Nicarágua estão sofrendo uma dura perseguição por parte das autoridades governamentais.

Em cinco anos, os católicos locais sofreram mais de 190 ataques e profanações. Isso inclui um incêndio na Catedral de Manágua, capital do país localizado na América Central.

No ano de 2022, três padres foram presos, oito estações de rádio católicas foram fechadas, três canais católicos da programação de televisão por assinatura foram removidos pelo governo local, a polícia invadiu uma paróquia e expulsou os missionários da ordem Madre Teresa de Calcutá. Há relatos também de agressões e destruição de imagens e símbolos religiosos católicos.

.:: Perseguições aos cristãos estão cada vez mais graves

Fonte: Vatican News / Celam