• Home
    • -
    • Livros
    • -
    • Tempestades e Calmarias: a História de Tiago e João
  • A+
  • A-


Tempestades_epub.html

Capítulo 4

A ALDEIA DE NAUM

Na prisão, em Jerusalém, Tiago observava o carcereiro, que parecia estar com pressa. Jasão segurou nas mãos um molho de chaves, que pendia do seu cinto no flanco direito, abriu a porta da cela e começou a desamarrar as correntes que prendiam as mãos dos apóstolos. Quando estava prestes a soltar os pés de Pedro e João, Tiago o interrompeu dizendo:

– Não, Jasão. De modo algum podemos aceitar que você nos liberte. Isso pode custar-lhe a vida.

De fato, responsáveis pelos seus prisioneiros, os carcereiros daquela época deviam sofrer a mesma pena daqueles que tivessem deixado escapar (cf. At 12,19; 16,27; 27,42).

– Quanto a isso, vocês não terão com que se preocupar, disse Jasão. De acordo com o meu plano, ninguém suspeitará de nós, e poderemos escapar com vida. Eu e meu companheiro combinamos de nos revezar durante a noite na guarda da prisão; enquanto um dorme, o outro fica vigiando. Agora é o meu turno. Na quarta vigília da noite,1 deverei acordá-lo, mas não o farei. Direi a ele simplesmente que, como estava sem sono, deixei-o continuar dormindo. Quando os servos do Sumo Sacerdote vierem buscá-los pela manhã, encontrarão as portas da prisão cuidadosamente fechadas. Nós estaremos a postos e eles não poderão acusar-nos. Ficarão perplexos sem compreender o que aconteceu (cf. At 5,22-24).

E concluiu dizendo:

Vão ao Templo e lá continuem a anunciar ao povo, toda a mensagem da vida (At 5,20).

Os quatro prisioneiros concordaram com Jasão. Este abriu então todas as portas da prisão e eles puderam sair, silenciosa e sorrateiramente, sem que ninguém percebesse. De manhã cedo se dirigiram ao Templo, e lá começaram a ensinar ao povo. Quando Pedro tomou a palavra, João recordou o dia em que Simão Pedro havia deixado a aldeia de Betsaida para habitar em Cafarnaum.2 Esta era uma das lembranças mais remotas da sua infância. Esse fato aconteceu por ocasião do casamento de seu grande amigo.

Havia em Cafarnaum um irmão de Jonas, o pai de Simão Pedro e André, que tinha enriquecido vendendo azeite de oliveiras da Galileia, com grande lucro, para os judeus da diáspora,3 principalmente os das cidades da Síria. Esses judeus, com receio de comprar o azeite dos pagãos, que eles consideravam impuro, pagavam um preço bem mais alto pelo azeite comercializado pelo irmão de Jonas.4 Este era bastante influente em Cafarnaum e um de seus filhos, chamado Alexandre, havia se casado com Miriam, filha de Aristóbolo, um rico aristocrata, parente de Herodes Antipas. Pouco depois de seu casamento, Alexandre foi acometido de uma grave enfermidade e veio a falecer, sem que sua esposa lhe tivesse dado um filho. Ele tinha um irmão chamado Filipe. De acordo com a lei do levirato5 (cf. Dt 25,5-10; Mt 22,23-27), Filipe deveria se casar com a viúva, a fim de suscitar um herdeiro a Alexandre, pois o primeiro filho de tal matrimônio era considerado filho do falecido, recebendo assim sua parte na herança. Mesmo correndo o risco de ser censurado como um homem sem honra, Filipe recusou-se contrair matrimônio com sua cunhada, pois amava outra jovem com quem pretendia se casar. Sara, a mãe de Miriam, era uma mulher extremamente ativa e determinada. Logo que tomou conhecimento da recusa de Filipe, tratou de procurar o parente mais próximo de Alexandre, para desempenhar o mesmo papel. Desse modo, sua filha não perderia a propriedade que tinha sido de Alexandre e continuaria a ter o futuro garantido.6

Certo dia, mãe e filha chegaram a Betsaida acompanhadas por dois servos, e se dirigiram à casa de Jonas. Essa visita ilustre atraiu a atenção da maioria dos habitantes da aldeia. Nessa ocasião, João era apenas uma criança de oito anos, mas lembrava-se perfeitamente do ocorrido. Quando as duas mulheres chegaram à casa de Jonas, Simão Pedro estava pescando. Elas, contudo, esperaram que ele voltasse da pescaria e, quando Simão chegou à casa, Sara, sem mais delongas, propôs o casamento dele com sua filha Miriam. Depois de Filipe, Simão era o parente mais próximo de Alexandre e estava na idade de se casar. A princípio, Simão Pedro ficou assustado com essa ideia, mas depois passou a considerar as vantagens de tal união. Ele sempre desejara morar em Cafarnaum. Além disso, Miriam era uma mulher muito bonita e, casando-se com ela, ele estaria cumprindo um dever de piedade para com seu primo falecido, dando-lhe um herdeiro.

Depois do casamento, Simão foi morar em Cafarnaum, na casa que tinha sido de Alexandre, e ali estabeleceu o seu clã. Várias pessoas de sua família ali residiam. Seu irmão, André, depois que se casou, foi morar na casa de Pedro, bem como sua sogra Sara, depois que ficou viúva (cf. Mc 1,29-31 par). Mais tarde, Jesus de Nazaré também fez da casa de Pedro a sua residência (cf. Mt 4,13), enquanto utilizava Cafarnaum como base para fazer giros de evangelização por todas as partes da província.

A casa de Simão Pedro, semelhante a uma villa romana, situava-se num terreno dividido em duas partes. No meio ficava um corredor-pátio disponível a todos os membros do clã. Uma única entrada, sempre munida de porta, que podia ser fechada por dentro, separava a casa da estrada. No pátio encontravam-se o fogão à lenha, as máquinas de grãos de tipo artesanal e uma escada que dava acesso ao teto. Ao redor desse corredor-pátio ficavam os cômodos formados por uma sala leito (um único cômodo onde inclusive se dormia), no qual morava cada família pertencente ao clã. Na frente de alguns cômodos havia um banco feito de pedras para apoiar os pequenos objetos domésticos como vasos, lâmpadas e outros. A característica dessas habitações ao redor do pátio comum era a falta de portais com portas: cada cômodo ficava sempre aberto em respeito aos outros. A casa era construída com muros de grossas pedras informes de basalto, com adornos internos refinados afogados em uma massa de terra. O piso era feito com pedaços grandes e irregulares de basalto, não bem ajustados entre si, e o teto dos cômodos, com travessas de madeira para sustentar a laje feita de caniços e ramagens recobertas de barro. Esse tipo de teto assegurava frescor e sombra, e a luz das salas era mantida por pequenas janelas inteiramente abertas para a entrada livre do sol.

Depois que se mudou para Cafarnaum, Pedro continuou exercendo a profissão de pescador. Tiago e João passaram a trabalhar como sócios de Pedro e André (cf. Lc 5,7), fato esse que contribuiu grandemente para que os negócios de todos prosperassem.

João lembrava-se de que, certa vez, ele, Tiago e dois empregados de Zebedeu tinham ido a Cafarnaum para levar os peixes que tinham pescado, e que seriam vendidos aos fabricantes de moxama da cidade. De barco, percorreram sem contratempos as duas milhas que separavam os portos de Betsaida e Cafarnaum. Atracaram em um dos cais rudimentares, situados no flanco oeste da cidade. Ao desembarcarem, viram-se cercados por dezenas de carregadores seminus, suarentos e encurvados ao peso de grandes fardos e barricas. A maioria deles eram escravos que, sob o olhar e o látego dos capatazes, iam e vinham pelos dez ou quinze atracadouros do porto. Depositavam a carga ao pé de camelos, mulas e jumentos, ou de carretas de duas ou quatro rodas, puxadas por animais de grande porte. O tráfico de mercadorias era intenso. Ali se descarregavam produtos procedentes de todos os portos do litoral: barris de pescados em salmoura, frutas e verduras, gado de Hipos e toda sorte de manufaturados do sul, da Pereia e da Decápole, transportados até o lago em contínuas e intermináveis caravanas. Da mesma forma, mas, ao inverso, seguindo as rotas do norte e do leste, perfumes e pérolas da Índia, seda da China, madeiras do Líbano, especiarias de todo o Oriente, cosméticos e artesanato de Roma entravam no lago de Genesaré, pelo florescente porto de Cafarnaum.

Tiago, João e os dois empregados carregavam o pescado, dezenas de tilápias e barbos, em grandes cestos de vime. Ao chegarem à entrada da cidade, tiveram que passar por um posto de alfândega por tratar-se de território fronteiriço entre os estados de Herodes Antipas e de seu irmão Filipe. Os filhos de Zebedeu ficaram surpresos ao serem abordados por um homem desconhecido.

– Meu nome é Levi! Sou o novo publicano arrendatário neste posto.7 O que vocês estão trazendo? – perguntou, indo direto ao assunto.

– Pescado – respondeu Tiago, apressando-se em mostrar-lhe a mercadoria.

Depois de examinar tudo, Levi acrescentou:

– Dez por cento será o suficiente.

Os dois irmãos acharam o preço da taxa exorbitante.

– Não vamos pagar tudo isso, pois até hoje costumávamos pagar seis por cento – disse João com firmeza.

– As coisas agora estão diferentes – acrescentou o publicano. Herodes Antipas, desde que inaugurou a sua nova capital, Tiberíades,8 tem aumentado as taxas e nós precisamos sobreviver. Menos do que isso não será possível.

Depois de muita discussão e pechincha, chegaram a um acordo. Os dois irmãos prosseguiram o caminho e entraram na cidade.

Cafarnaum, “a cidade de Jesus” (cf. Mt 9,1), situava-se na costa noroeste do lago de Genesaré, 2,5 km a nordeste de Tagba, e a aproximadamente 15 km ao norte de Tiberíades. Era uma cidade muito modesta, em comparação com Séforis9 e Tiberíades. Não tinha ruas pavimentadas segundo um traçado urbano, nem construções de mármore ou edifícios com mosaicos. Suas ruelas de terra batida, poeirentas no verão e transformadas em lamaçais durante a estação das chuvas, eram quase sempre malcheirosas. A cidade, porém, tinha sua importância por ser cortada pela famosa Via Maris (estrada do mar) ou cardo maximus (via básica), uma estrada que unia o Egito à Síria, indo até Damasco, sua capital.

A maioria dos habitantes da cidade era gente modesta. Muitos viviam dos produtos dos campos e das vinhas das redondezas, mas grande parte deles eram pescadores que trabalhavam na zona norte do lago, a mais rica em cardumes de peixes. Esses pescadores usavam artes de pesca rudimentares: pescavam com diversos tipos de redes, armadilhas ou tridentes. Muitos utilizavam barcos, mas os mais pobres pescavam das margens. No lago, o tráfego de embarcações era intenso. Cafarnaum possuía uma fábrica de moxama, mas Magdala era o porto preferido de descarga, porque ali se encontravam as famosas fábricas de Herodes Antipas.

Em Cafarnaum havia também muitos pobres. A maioria, camponeses que tinham sido despojados de suas terras e trabalhavam como diaristas nas propriedades dos grandes latifundiários, ou assalariando-se por dia ou temporada em alguma das embarcações importantes.

Os filhos de Zebedeu e os dois empregados, seguindo sempre a via principal que cortava a cidade de norte a sul, em pleno cruzamento de rotas de caravanas, encontraram-se entre dezenas de estrangeiros da Idumeia, de Tiro, da Decápole, da Transjordânia e de Sidon. Eram gregos, comerciantes de trigo do longínquo Egito, pescadores de vários pontos do lago, israelitas de todo o país e de além-Mediterrâneo, que traficavam em contínua agitação, convertendo a rua num torvelinho de odores, gestos e luzes. Uma grande quantidade de barracas situadas no meio da rua dificultava ainda mais o já comprometido e confuso tráfego de homens e animais. Ali eram vendidas louças ordinárias, pilhas de tecidos, frutas e hortaliças, peças de olaria, ânforas, tapetes, roupas, bebidas de toda espécie, como vinho tinto, forte e quente; e alimentos cozidos que impregnavam o ambiente com a inconfundível exalação do azeite fervente e da gordura de peixe. Ao lado do mercado, encontrava-se a fábrica de moxama.

Depois de vender a mercadoria, os filhos de Zebedeu e os dois empregados dirigiram-se novamente à zona portuária. Dos dois lados da desembocadura do rio Korazim, sucedia-se uma série de varadouros nos quais se construíam e se reparavam embarcações de todo tipo. Ali se encontrava o estaleiro da família de Simão Pedro. Os trabalhos que os operários realizavam naquele dia retratavam as dificuldades que os pescadores do mar de Tiberíades enfrentavam, por causa do processo de comercialização do lago realizado por Herodes Antipas. Três operários, com as túnicas recolhidas na cintura e grandes bolsas contendo pregos pendendo da bandoleira, martelavam em torno de uma embarcação em ruínas. O barco tinha aproximadamente 8,5 metros de comprimento por aproximadamente 2,5 de largura. Tinha mastro e velas, e dois remos grandes, um em cada lado, e um grande leme dobradiço na popa. O barco estava sendo remendado com materiais de barcos mais velhos. Sua quilha era metade de madeira de cedro – muito adequada, mas reaproveitada – e metade de madeira de jujuba,10 bastante inadequada. Sua superfície estava sendo substituída, não com material novo, mas com pedaços e pedacinhos ajuntados, com pelo menos sete tipos diferentes de madeira. Ao lado, havia outro barco de onde tinham sido retirados o mastro, a vela, os remos e o poste central, para serem usados em futuras embarcações. Todos os pregos de ferro tinham sido tirados da madeira. Em breve ele seria levado para fora do ancoradouro de Cafarnaum e afundado num cemitério para barcos, que não mais serviam como fonte de peças para reparos em outras embarcações.

Tendo saudado Pedro que acabara de chegar da costumeira atividade pesqueira, os filhos de Zebedeu manifestaram indignação pela maneira como Herodes Antipas governava a Galileia. Cada vez mais Antipas impunha taxas por direitos de pesca e utilização dos embarcadouros.

– Pelo que podemos ver aqui, em breve os pescadores esmagados pelo peso dos impostos não mais poderão tirar o sustento, para si e suas famílias, das águas pródigas do lago – disse Tiago com amargura.

– Tudo isso por causa do programa imperial de Herodes: de romanização pela urbanização para comercialização – acrescentou João.

– O que está em jogo é a ambição de Antipas em se tornar rei de todos os judeus. Ele tenta ganhar, de todas as maneiras, a admiração dos romanos, para conseguir deles a nomeação como rei. Reconstruiu a cidade de Séforis e dedicou-a ao imperador Augusto. Depois construiu Tiberíades para ser a nova capital da Galileia, em honra do novo imperador Tibério – disse Pedro com indignação.

– E não parou por ai – completou João. O seu objetivo é agradar os romanos aumentando sua base tributária na Galileia, de forma que Roma possa lhe conceder a promoção real. Certamente ele espera impressionar os romanos que pensarão: “Se Antipas faz isto como tetrarca da Galileia e da Pereia, o que não fará como monarca da pátria judaica inteira?”.

– No entanto, como ele não pode impor mais tributação aos camponeses e pequenos agricultores ao redor de Séforis, sem arriscar o surgimento de resistência ou até mesmo revolta, ele se volta para a exploração dos pescadores ao redor do lago. Pois, tendo aprendido como multiplicar pães nos vales nas proximidades de Séforis, ele aprende agora a multiplicar peixes nas águas ao redor de Tiberíades – concluiu Tiago com ironia.

De fato, Herodes pretendia comercializar o lago e aumentar em larga escala a sua tributação dele.11 Muitos pescadores estavam esmagados sob o peso das dívidas. Eles já não podiam lançar as redes livremente, nem possuir um barco ou trazer a pesca até a praia, sem pagar impostos. Além disso, tinham que vender o que pescavam para as fábricas de Herodes, que secavam ou salgavam os peixes fazendo uma espécie de molho-condimento chamado garum.12

João também se lembrava de que, naquele tempo, diante da opressão sofrida pelos pescadores pobres da Galileia, duas visões alternativas do Reino de Deus, em lugar do reino de Roma, foram proclamadas contra Herodes: uma por João Batista e a outra por Jesus de Nazaré. E foram exatamente os pescadores oprimidos do lago os que mais se dispuseram a escutar a mensagem do Batista e de Jesus. Compreendeu também por que Jesus passou a maior parte do seu tempo no lago, e nos seus arredores. Pois, foi exatamente ali, às margens do mar da Galileia, que a radicalidade do Deus de Israel proclamada por Jesus se confrontou com a normalidade opressora da civilização de Roma, sob o reinado de Herodes. Em oposição ao Império Romano e seus clientes do governo local, Jesus, com seu anúncio do Reino de Deus, pregava uma revolução social na Palestina. Essa revolução consistia na renovação comunitária da família e dos povoados tradicionais, nos moldes da antiga aliança de Israel com Iahweh, como aparece na pregação profética. Na tradição de Moisés, que libertou os hebreus da escravidão egípcia imposta pelo Faraó, e de Elias, que lutou por uma renovação da aliança com Deus na época do opressor rei Acab e da rainha Jezabel, Jesus se dirigiu aos pescadores e camponeses pobres de seu tempo. Conclamava-os a não se entregarem ao desânimo, mas a permanecerem juntos, cooperando uns com os outros, de modo a manterem a comunidade unida, defendendo-se assim da exploração dos romanos e de Herodes.

Em Jerusalém, enquanto Pedro continuava pregando ao povo, João permanecia mergulhado nas suas reminiscências. De súbito, foi despertado por um tumulto que se formou em torno deles. Eram o chefe da guarda do Templo e seus subalternos que haviam chegado para prendê-los. Desta vez, porém, não usaram de violência, pois tinham medo de que o povo os atacasse novamente com pedras (cf. At 5,26).



1 Das três às seis horas da manhã.

2 A palavra Cafarnaum, Kfar Nachum em hebraico, significa aldeia de Naum.

3 Esta palavra significa dispersão e designa a presença de minorias judaicas em regiões fora da Palestina. No tempo de Jesus, eram entre seis a oito milhões e formavam mais de 150 colônias, algumas de grande importância: Babilônia, Antioquia, Alexandria, Roma, Éfeso, Esmirna, Damasco.

4 De acordo com Flávio Josefo (cf. Guerra Judaica 2,591s = 11,21,2), durante a Guerra Judaica (66-70 d.C.), o chefe dos rebeldes, João de Giscala, obteve altos lucros vendendo azeite puro oito vezes mais caro do que tinha pago. Ele o vendia aos judeus que moravam na Síria.

5 Do latim levir, que traduz o hebraico yabam, “cunhado”.

6 Esta instituição tinha por finalidade perpetuar a descendência e assegurar a estabilidade dos bens de família. Quando o falecido não tinha irmão, ou quando o irmão se furtava ao dever de se casar com a cunhada, poder-se-ia procurar o parente mais próximo (cf. Gn 38, a história de Tamar, e Rt 4, a história de Rute).

7 Os arrecadadores de impostos não eram funcionários romanos, mas empreiteiros que arrendavam do Estado o tributo, pagavam certas quantias à caixa do Estado e embolsavam o restante. As tarifas eram estabelecidas pelas autoridades, mas aplicadas muitas vezes arbitrariamente; por isso eles eram odiados pela população. Havia três níveis de arrecadadores de impostos: as grandes famílias a quem Roma confiava a arrecadação de seus tributos; os “chefes de publicanos” (architelônai), como Zaqueu, que faziam a arrecadação de determinada região; e os “publicanos” (telônoi), que eram os servos e inclusive escravos que executavam o antipático trabalho da arrecadação. A maioria dos publicanos que andavam na companhia de Jesus pertencia a este último grupo.

8 Tiberíades, hoje Tubariya, situada na praia ocidental do mar da Galileia, foi edificada por Herodes Antipas em 17 d.C.

9 Séforis, em hebraico zippori, significa passarinho. Recebeu esse nome porque era uma cidade situada sobre uma colina na forma de um pássaro, a 286 metros acima do nível do mar. Dali avistava-se o vale de Bet Netofa e a estrada que unia o mar da Galileia com Ptolemaida e a costa mediterrânea. Provavelmente Jesus trabalhou na reconstrução dessa cidade.

10 Árvore da família das Ramnáceas, também chamada macieira-de-anáfega.

11 Vários impostos eram cobrados nessa época: imposto sobre a terra, sobre a população; direitos de alfândega e pedágio, impostos do Templo, dízimo sobre a população e, anualmente, o imposto da didracma sobre cada varão.

12 O garum era um tipo de condimento composto por sangue, vísceras e outras partes selecionadas especialmente do atum ou da cavala, e misturadas com peixes pequenos, crustáceos e moluscos esmagados. Tudo isso era deixado em salmoura e ao sol durante cerca de dois meses, ou então aquecido artificialmente.

Receba a Liturgia Diária no seu WhatsApp


Deixe um Comentário

Comentários


Nenhum comentário ainda.


Acervo Católico

© 2024 - 2025 Acervo Católico. Todos os direitos reservados.

Siga-nos