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2 Apresentação | Trabalhar bem, trabalhar por amor (v2)

Apresentação

 

Milhões de pessoas se dirigem a cada dia para o seu trabalho. Algumas vão a contragosto, como que obrigadas a uma tarefa que não lhes interessa nem lhes agrada. Outras se importam apenas com o salário que receberão, e só isso lhes dá alento para trabalhar. Outras ainda encarnam o que Hannah Arendt chama de «animal laborans»: o trabalhador sem outro fim nem horizonte que o próprio trabalho ao qual a vida o destinou e que realiza por inclinação natural ou por costume. Acima de todas elas em humanidade se encontra a figura do «homo faber», o que trabalha com perspectivas mais amplas, com o afã de levar adiante uma empresa ou projeto, algumas vezes buscando a afirmação pessoal, mas outras muitas com a aspiração nobre de servir aos demais e de contribuir com o progresso da sociedade.

Entre estas últimas deveriam se encontrar os cristãos, e não apenas ocupando o primeiro lugar, mas sim um nível superior até. Porque se são cristãos de verdade, não se sentirão escravos nem assalariados, mas sim filhos de Deus para quem o trabalho é uma vocação e uma missão divina que se deve cumprir por amor e com amor.

Em seu célebre discurso de 2008 ao Collège de Bernadins, em Paris, Bento XVI mostrou que o cristianismo possui a chave para compreender o sentido do trabalho ao afirmar que o homem está chamado a prolongar a obra criadora de Deus com a sua ocupação, e que deve aperfeiçoar a criação usando a sua liberdade, guiado pela sabedoria e pelo amor. O próprio filho de Deus feito homem trabalhou muitos anos em Nazaré, e «assim santificou o trabalho e lhe conferiu um peculiar valor para o nosso amadurecimento»1. Tudo isso mostra que o trabalho é «vocação» do homem, «lugar» para seu crescimento como filho de Deus e, mais ainda, «matéria» de sua santificação e de cumprimento da missão apostólica. Por isso o cristão não precisa temer o esforço nem a fadiga, mas, pelo contrário, há de abraçálos com alegria: «uma alegria que tem as suas raízes em forma de Cruz»2.

A última expressão é de São Josemaria Escrivá, o santo que ensinou a «santificar o trabalho», convertendo-o em nada menos que trabalho de Deus. As páginas deste livro se inspiram na sua mensagem. Melhor dito, inspiram-se no Evangelho, pois São Josemaria não fez outra coisa que ensinar as palavras e a vida de Jesus, sobretudo os anos transcorridos em Nazaré junto a José, de quem aprendeu a trabalhar como artesão, e a Maria, que lhe serviu com seu trabalho de dona de casa.

Jesus, Maria e José aparecem na capa deste livro3, que reproduz uma das cenas do retábulo em alabastro que se encontra no Santuário de Torreciudad (Aragão, Espanha), obra-prima do escultor Joan Mayné. O leitor pode contemplar nessa imagem tudo o que se dispõe a ler neste livro. Inclusive, se quiser, pode entrar aí como um a mais na família de Nazaré, porque também é filho de Deus, e essa casa e empresa é escola para aprender como se há de converter o trabalho em oração: em uma «missa» que dá glória a Deus, redime e melhora o mundo.

Agradeço ao Escritório de Informação do Opus Dei a iniciativa de recolher em um livro esses artigos que apareceram antes em sua página da internet. Não se pretendeu realizar uma exposição sistemática da mensagem de São Josemaria sobre a santificação do trabalho4, mas sim oferecer um conjunto de textos sobre diversos aspectos do tema, que foram preparados para serem lidos separadamente. Por esse motivo, ao reuni-los, notam-se algumas repetições que, por outro lado, facilitam a leitura de cada texto. Um agradecimento especial vai ao doutor Carlos Ruiz Montoya por sua ajuda na elaboração dos artigos.

Oxalá estas páginas possam ajudar a descobrir – ou a redescobrir – o ideal de santificar o trabalho profissional, e também a buscá-lo com entusiasmo, sabendo que, enquanto trabalhamos, há um Pai que, do céu, se compraz em seus filhos e atrai a humanidade inteira para si.

Javier López Díaz

Roma, 26.06.2016

 

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