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BREVE PERFIL DE GUADALUPE

 

Guadalupe Ortiz de Landázuri Fernández de Heredia nasceu em Madri, no dia 12 de dezembro de 1916. Foi a quarta e última filha de Manuel e Eulogia, que nesse mesmo ano haviam sofrido a perda do filho menor.

Quando tinha 11 anos, seu pai, comandante do Exército, foi destinado a Tetuán. Guadalupe começou o Ensino Fundamental ali. Era a única menina da sua turma e logo se destacou entre seus companheiros, não só por suas notas, mas também por sua ousadia e liderança. Nessa época, teve febres reumáticas. Naquele momento, pareceu estar curada, mas a doença lhe causaria descompensação e insuficiência cardíacas muitos anos depois.

Em 1932, a família voltou a Madri. Guadalupe terminou os estudos no ano seguinte e começou a faculdade de Química. Havia apenas 5 mulheres matriculadas no primeiro ano. Nessa época, poucas faziam faculdade e menos ainda exerciam a profissão depois de casadas. Ela gostava de ciências e planejava, entre seus projetos, exercer a profissão e formar uma família. Teve alguns namorados, mas não tinha nenhuma pressa de casar.

A Guerra Civil interrompeu os seus estudos. A família viveu o momento mais doloroso quando seu pai, então tenente coronel do Exército, foi condenado e sentenciado à morte. Mesmo que seu filho Eduardo tenha conseguido um indulto, Manuel se negou a se livrar da pena enquanto seus subordinados eram fuzilados. Guadalupe, a mãe e o irmão passaram com ele a última noite, com dor e serenidade. Seu exemplo foi tal, que mais tarde diria: “devo minha vocação a ele”. Pouco depois, mãe e filha saíram da Espanha para voltar a entrar pela zona nacional e se instalaram em Valladolid.

Acabada a guerra e já sendo professora em dois colégios de Madri, um dia, depois de participar da Santa Missa, Guadalupe sentiu que tinha que se aproximar mais de Deus. Ao sair, confidenciou a um amigo sua necessidade de encontrar um bom sacerdote, e este lhe recomendou o padre Josemaria Escrivá. Guadalupe conheceu o fundador do Opus Dei no dia 25 de janeiro de 1944, quando tinha 27 anos. Aquela conversa a marcou profundamente, como diria anos mais tarde: “caíram as escamas dos meus olhos”. Pouco depois, participou de um retiro e ali descobriu sua chamada ao Opus Dei. No 19 de março pediu a admissão como numerária5.

Guadalupe se mudou para o primeiro centro de mulheres do Opus Dei e se entregou totalmente ao trabalho da administração doméstica de várias residências e colégios maiores de Madri e Bilbao (La Moncloa, Abando), apesar de não ser muito habilidosa para essas tarefas. Tinha especial sensibilidade para melhorar as condições de vida das empregadas domésticas que trabalhavam com ela e procurou que adquirissem uma formação cultural, humana e profissional. Estava “totalmente encaixada e feliz na Obra”, como disse em suas cartas ao Fundador e a cada dia seu amor a Deus crescia mais.

Em 1947 voltou de Bilbao a Madri para se ocupar da direção da Residência Universitária Zurbarán. Conciliava esse cargo com tarefas de governo da Obra, mas não deixou de se interessar pela Química, que estudava sempre que podia, sabendo — como aprendeu de São Josemaria — que devia servir a Deus no meio do mundo fazendo seus talentos renderem. Entre 1947 e 1948, fez quarto cursos monográficos necessários para o doutorado.

Um ano depois, São Josemaria pediu que se mudasse para o México, com mais duas mulheres da Obra, para começar o labor apostólico da Obra lá. Ao chegar, em 1950, matriculou-se em algumas matérias do doutorado em Ciências Químicas.

Guadalupe morou no México apenas seis anos, mas deixou uma marca muito profunda por sua capacidade de trabalho, entrega e carinho. Nesse tempo, abriram a primeira residência de estudantes na Cidade do México, frequentada também por mulheres de prestígio, como a poetisa espanhola Ernestina de Champourcín, única integrante feminina da Geração do 27; ampliaram o labor apostólico com outras jovens que não eram universitárias e com mulheres casadas, expandiram-se para Culiacán e Monterrey, ocuparam-se da formação humana, profissional e cristã de camponesas, a pedido do Bispo de Tacámbaro, e começaram as atividades em Montefalco, a primeira casa de retiros do Opus Dei no México, que, pouco tempo depois, foi ampliada com uma escola de ensino fundamental e médio para meninas, uma oficina de confecções e uma residência.

Em outubro de 1956, começaram a aparecer os primeiros sintomas de uma doença cardíaca, depois de ser picada por um inseto que provocou a malária. Mudou-se para Roma para trabalhar no gova erno central da Obra, com São Josemaria, e, em dezembro, teve uma crise cardíaca grave. Guadalupe viajou para Madri e, no dia 19 de julho de 1957, foi operada de estenose mitral. Parecia estar bem recuperada e voltou para Roma, mas, no dia 29 de dezembro, sofreu uma nova e grave manifestação de insuficiência cardíaca.

Por fim, estabeleceu-se em Madri. Apesar do seu delicado estado de saúde, sua atividade esteve longe de ser própria de uma doente. Continuou conciliando tarefas de direção e formação das pessoas do Opus Dei com o estudo da Química. Conheceu Piedad de la Cierva, primeira mulher que trabalhou no Centro Superior de Investigaciones Científicas (CSIC). Com ela, começou uma pesquisa sobre refratários isolantes que foi patenteada e reconhecida com o prêmio Juan de la Cierva, e fez a tese de doutorado sobre “Refratários isolantes em cinzas de casca de arroz”, que defendeu em 1965, com um 10 cum laude.

Alguns anos antes, tinha começado a dar aulas de Física, no Instituto Ramiro de Maeztu, e aulas de Física, Química e Matemática na Escuela Femenina de Maestría Industrial, como professora adjunta de Ciências. Em 1967, obteve o posto de Catedrática. Permaneceu 11 anos nesse centro, onde era muito apreciada pelas alunas, e chegou a ser subdiretora depois de renunciar, por motivos de saúde, o cargo de diretora que lhe propuseram. Em 1968, participou do planejamento e início do Centro de Estudios de Investigación em Ciencias Domésticas (CEICID), onde também foi subdiretora e professora de Química de Têxteis.

Trabalhou até pouco antes de morrer. No dia 1 de junho de 1975, foi internada na Clínica Universitária de Navarra para uma possível intervenção cirúrgica. Um mês depois, os médicos decidiram operar. A cirurgia foi satisfatória, mas duas semanas mais tarde teve uma insuficiência respiratória que se agravou paulatinamente, apesar de toda a atenção médica. Faleceu no dia 16 de julho, festa da Virgem do Carmo, entregando sua vida a Deus com a disponibilidade, serenidade e confiança que sempre a caracterizaram.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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