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    • Madre Teresa – amar e ser amado: Um Retrato Pessoal de uma das Maiores Líderes Humanitárias do Mundo
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15. Santa Teresa de Calcutá

Capítulo 15

 

Santa Teresa de Calcutá

 

“Pelo sangue, sou albanesa. Pela cidadania, sou indiana. Pela fé, sou uma freira católica. Quanto ao meu chamado, pertenço ao mundo. Quanto ao meu coração, pertenço inteiramente ao coração de Jesus.”

– Madre Teresa

 

OPapa João Paulo II falou por todos nós nos dias que se seguiram à morte de Madre Teresa. Em sua primeira aparição pública após receber a notícia, saiu de seu roteiro preparado para falar, com a voz trêmula, de seu “exemplo luminoso” e acolhimento “dos corações dos moribundos, das crianças abandonadas, dos homens e das mulheres esmagados pelo peso do sofrimento e da solidão”. Na missa do dia seguinte, ele lembrou sua amiga com afeição: “Ela vive em minha memória como uma pequena figura, cuja inteira existência foi a serviço dos mais pobres dos pobres, mas que esteve sempre cheia de uma energia espiritual inesgotável, a energia do amor de Cristo”. Sua morte, diria mais tarde, “nos deixou a todos um pouco órfãos”.

Foi exatamente assim que me senti. Estava em uma viagem de negócios na região de Tampa Bay, seguindo para o aeroporto para pegar um voo para casa, em Tallahassee. Tinha parado em um posto de gasolina para abastecer o carro alugado quando recebi uma mensagem urgente no meu pager de Jackie Roberts, minha assistente na Envelhecer com Dignidade. Encontrei um telefone público e liguei para Jackie, que me disse que a Associated Press tinha confirmado a morte da Madre. Comecei a chorar.

Fiquei surpreso com a intensidade da minha reação à notícia que esperava havia muito tempo. A Madre tinha 87 anos, realmente idosa para os padrões de Calcutá. Tinha gastado cada gota de si mesma todos os dias e vinha enferma havia muito tempo. Eu tinha ligado para o convento dois dias antes, e Irmã Priscilla dissera que a Madre estava bem, acordada e pronta para fazer seu trabalho. Porém, agora, o capítulo definidor da minha vida havia terminado. Não era de se admirar que eu não tenha conseguido parar de chorar na frente de uma loja da 7-Eleven no aeroporto de Tampa?

No entanto, os amigos da Madre aqui na terra ainda tinham trabalho a fazer. Apenas algumas semanas após sua morte, o Papa já estava expressando sua esperança de que ela fosse canonizada. Ele acelerou o processo através do qual a Igreja Católica declara alguém santo, dispensando a maior parte do período de espera de cinco anos exigido para iniciar uma consideração formal. Eu fui uma das 113 pessoas chamadas pelo Vaticano para testemunhar sob juramento, como parte da avaliação deles de que ela era merecedora de se juntar às fileiras dos eleitos.

Padre Brian Kolodiejchuck e Irmã Lynn, do convento-sede, lideraram uma equipe de MCs encarregada de preparar a documentação necessária pelo Vaticano para examinar seu caso. Em dois anos, eles reuniram 83 volumes, contendo 35 mil páginas de documentos, começando por sua certidão de batismo, e os submeteu à Congregação para a Causa dos Santos, do Vaticano. Contribuí para esse arquivo, entregando uma declaração de 56 páginas e mais 41 documentos, incluindo correspondências legais, memorandos para a Madre e nove cartas manuscritas dela.

Mary e eu fomos beneficiários não intencionais dessa varredura de ponta a ponta feita nos arquivos e registros do convento-sede. Em junho de 2000, recebemos um pacote de Calcutá. Ele incluía uma foto de nossa família que eu tinha enviado para a Madre anos antes. Em sua carta, Irmã Priscilla escreveu:

 

Incluso, está um verdadeiro tesouro que encontramos outro dia em uma gaveta da escrivaninha da Madre. Nunca tínhamos mexido nela – então, dois anos e meio depois, encontramos essa foto! Consegue imaginar? A Madre não guardava fotos ou, na verdade, nada! E ela guardou esta! Tenho certeza de que vocês vão guardá-la com estima!

 

Senti como uma mensagem de além-túmulo.

Voltei a Calcutá algumas vezes e rezei no túmulo da Madre, no piso térreo do convento. Tinha se tornado um destino turístico e um lugar de peregrinação, e, a cada dia, milhares de visitantes prestavam suas homenagens. Com frequência, irmãs MC estavam entre eles. Apesar de sua fé cristã lhes assegurar que ela estava mais próxima delas do que antes, sentiam terrivelmente falta de sua presença física.

Mas elas continuaram o trabalho que Madre Teresa tinha começado e viram novos sinais da graça de Deus. No primeiro ano após a morte da Madre, onze novas casas foram abertas na Índia, África, América do Sul e Oriente Médio. Em dez anos, mil novas irmãs e mais de 150 novas casas foram adicionadas, conforme as Missionárias da Caridade expandiam seu alcance de 120 para 134 países.

Enquanto isso, o poder cultural de Madre Teresa não diminuiu. Diversos documentários, e até um filme longa-metragem, foram produzidos. Um dos melhores foi The Legacy (O Legado), de Ann e Jan Petrie, uma continuação de sua obra original, que incluiu imagens do funeral e do sepultamento. Inúmeros livros e artigos foram publicados sobre a Madre e suas obras. O serviço postal americano lançou um selo comemorativo em sua homenagem.

Depois da Madre, minha vida, por necessidade, se tornou mais séria e cheia de propósito. Enquanto ela estava viva, eu estava seguro em sua bolha protetora, e era impensável para mim fazer qualquer coisa que pudesse manchar de alguma forma meu relacionamento com ela. Adaptei a exortação de São Paulo ao povo de Corinto – Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo – e tentei, do meu próprio jeito, imitar a Madre. Minha vida cristã tinha se enraizado à sua sombra, e, com sua morte, agora eu tinha que escolher entre colocar seus ensinamentos e exemplo em prática ou desperdiçar as graças que tinha recebido e voltar à mediocridade espiritual que conhecia.

Felizmente, as lembranças frescas dela e minha boa esposa fizeram com que não houvesse escolha para mim. E, além disso, tinha prometido à Madre quando ela estava na UTI em Woodlands que continuaria ajudando as MCs após sua morte. Essa promessa foi suficiente para me manter envolvido com o trabalho, e sempre havia muito a ser feito com as MCs, pois Jesus disse: Os pobres vós tereis sempre convosco.

Continuei monitorando esforços fraudulentos de arrecadação de fundos e uso não autorizado do nome da Madre. Um poema motivacional, “Do It Anyway”[1], foi atribuído a ela e reproduzido em pôsteres e cartões de oração, embora, na verdade, tenha sido escrito por Kent Keith. O tabloide Weekly World News publicou uma reportagem de capa com o título “As profecias do final dos tempos de Madre Teresa”, que alegava serem baseadas em suas “previsões no leito de morte”. Elas incluíam fome, canibalismo generalizado, uma guerra civil nos Estados Unidos, quarenta dias e quarenta noites de chuva vermelho-sangue e, no dia de Natal de 1998, o nascimento de “um novo Cristo” no Canadá. Tudo falso, é claro.

Embora tais notícias atraíssem pouco interesse, o anúncio do Vaticano, em 2002, de que Madre Teresa estava oficialmente a caminho da santidade, atraiu muito. O processo de canonização da Igreja Católica requer um passo intermediário de “beatificação” – uma descoberta formal pelo Vaticano que confirma tanto a “virtude heroica” do candidato quanto um milagre atribuído à sua intercessão junto a Deus. Para ser um milagre, de acordo com os critérios da Igreja, uma situação deve envolver a cura imediata, completa e sem explicação científica de um indivíduo, seguida a um apelo específico à intercessão do santo. A Congregação para a Causa dos Santos e sua equipe de médicos especialistas certificam todos esses eventos.

Levou menos de seis anos, após a morte de Madre Teresa, para que tudo isso fosse conferido: uma velocidade sem precedentes em Roma. Essa aprovação acelerada foi possível devido a uma mulher indiana, em Bengala Ocidental, cujo grande tumor abdominal desapareceu horas após a oração pela intercessão da Madre. Depois que esse milagre foi certificado, o Papa João Paulo II não perdeu tempo em agendar uma cerimônia pública em homenagem à sua amiga e aproximá-la mais um passo da santidade.

Para destacar a importância de Madre Teresa para ele pessoalmente, escolheu fazer a cerimônia de beatificação coincidindo com o vigésimo quinto aniversário de sua elevação ao papado. Foi planejada uma série de atividades durante o fim de semana, incluindo um concerto de orquestra para homenagear o pontífice enfermo e suas grandes realizações, mas tudo culminaria no domingo, no reconhecimento oficial da santidade de Madre Teresa. Certamente, o Papa desejava desviar a atenção de si mesmo e homenagear a mulher que admirava. Os Estados Unidos enviaram uma delegação presidencial, liderada pela cunhada do presidente George W. Bush e primeira-dama da Flórida, Columba Bush. O presidente, meu chefe na época, me pediu que participasse do grupo, que também incluiu proeminentes americanos católicos, como o ex-embaixador na Santa Sé Jim Nicholson; a comentarista política Peggy Noonan, e a professora de direito de Harvard Mary Ann Glendon.

Quando chegou o dia da missa de beatificação, em outubro de 2003, a Praça São Pedro estava lotada com cerca de 300 mil pessoas. O Papa João Paulo foi levado da Basílica para a praça em uma cadeira móvel, projetada especialmente para acomodar sua crescente deficiência em função da doença de Parkinson. Ele sabia que não viveria para ver a Madre canonizada, então não reteve nada em sua aclamação da amiga, chamando-a de um “ícone do Bom Samaritano”. “Louvemos ao Senhor”, exortou à multidão, “esta pequena mulher apaixonada por Deus, humilde mensageira do Evangelho e infatigável benfeitora da nossa época.”

Tudo o que restava a ela para passar de “Beata” a “Santa” Teresa de Calcutá era que um segundo milagre fosse confirmado pelo Vaticano. O escritório do Padre Brian foi inundado com milhares de relatos de bênçãos extraordinárias – o que os especialistas do Vaticano chamam de “favores” em vez de verdadeiros milagres – atribuídas à intercessão da Madre. Experimentei meu próprio favor em 2009.

Eu era reitor do Saint Vincent College, na Pennsylvania, e precisei suspender um professor, padre beneditino, e notificar às autoridades depois de ter recebido evidências convincentes de que o sacerdote tinha visto pornografia infantil na rede da universidade. A defesa do padre foi que um aluno teria usado seu computador sem seu conhecimento para acessar o material abjeto. Ele alegou que apenas aceitou a suspensão para proteger o aluno, que havia admitido o pecado durante a confissão.

O campus ficou agitado em controvérsia, e muitos entre o corpo docente e discente estavam convencidos de que eu arruinara um homem inocente. Eu sabia mais, porque os registros recuperados de um programa keylogger, que registra as teclas pressionadas no teclado, apontavam para o professor, e não para o aluno, porém, para mim, com uma evidência tão circunstancial, e era difícil provar que ele estava mentindo. O padre havia criado tal alvoroço que anunciei que deixaria o cargo no fim do ano letivo para evitar que esse espetáculo desviasse a atenção dos alunos de seus estudos.

A confusão na faculdade estava me afetando e decidi dirigir quatro horas até Washington para estar com as Missionárias da Caridade na profissão dos votos finais de novos grupos de irmãs, que acontecia a cada dezembro. Estar com as MCs sempre refrescava minha alma, e era tudo o que eu precisava. Quando cheguei à Basílica da Imaculada Conceição, onde a missa aconteceria, desci até onde havia uma grande estátua de Madre Teresa. Me ajoelhei e derramei meu coração, insistindo que não poderia ser o plano de Deus que aquele padre fosse inocentado quando eu sabia que era culpado. Chorei perante a estátua da Madre, como tinha chorado perante seu corpo na Igreja Saint Thomas, uma década atrás. Após terminar minha oração, subi para a missa e depois visitei algumas irmãs que não via há anos. Com o espírito renovado, voltei para casa.

Em algum ponto ao longo da autoestrada da Pennsylvania, recebi uma ligação de Dennis Grace, meu braço direito na universidade, que tinha notícias urgentes: Eddie Dejthai, o chefe do centro de informação da universidade, havia recuperado dos bancos de dados uma série de fotos e e-mails altamente incriminatórios que o padre pensava ter deletado. Era a prova indiscutível de que eu precisava. Entreguei tudo ao Vaticano. Embora tenha levado alguns anos, a Congregação para a Doutrina da Fé, confiando fortemente nas evidências recuperadas por Eddie naquele dia de dezembro, destituiu o padre e o expulsou da vida monástica. O próprio Papa Bento XVI assinou a ordem final.

Estou convencido de que tudo isso aconteceu graças à intervenção da Madre. Como com os milagres no tempo de Cristo, pode-se explicar como coincidência o misterioso aparecimento de provas conclusivas contra o padre depravado apenas horas depois de eu ter orado para a Madre? Embora os funcionários da Igreja Católica que supervisionaram o processo de canonização da Madre considerem isso um favor, para mim foi um verdadeiro milagre.

Em dezembro de 2008, um brasileiro com diversos abscessos no cérebro tinha entrado em coma, sem expectativa de sobreviver. Sua esposa rezou à Madre Teresa, implorando desesperadamente por sua recuperação e colocando uma relíquia ao lado de sua cabeça, onde estavam os tumores. Enquanto os cirurgiões se preparavam para uma operação de emergência para aliviar a pressão craniana, o homem acordou e perguntou: “O que estou fazendo aqui?”. Os abscessos tinham sumido. Ele estava completamente recuperado. Foi um milagre.

E sete anos depois, foi oficializado: o Vaticano reconheceu o seu segundo milagre. O Papa Francisco agendou imediatamente a cerimônia de canonização, e, cerca de seis meses mais tarde, recebi um telefonema de Calcutá. Era Irmã Lynn, uma das Missionárias da Caridade encarregada dos preparativos para o evento. Ela ligou para transmitir um pedido de sua nova superiora-geral: “Irmã Prema gostaria que você fizesse a primeira leitura na missa de canonização da Madre”.

Aceitei, agradeci a Deus e liguei para Mary. Mas eu estava um pouco anestesiado – para começar, não merecia esse privilégio tanto quanto não mereci ser amigo da Madre. Pensei em todas as outras pessoas próximas a ela que mereciam essa honra e, mais ainda, em Irmãs, Irmãos e Padres MC que trabalharam ao seu lado.

Mas eu não questionaria o destino. Para mim, o convite para fazer a leitura na missa de canonização veio do alto, com a bênção, se não instrumentação, de Madre Teresa. Ela sabia o quão grato eu era por ela ter me permitido entrar em seu círculo de confiança e ter me tornado seu amigo, e esse novo privilégio simplesmente seria acrescido a essas bênçãos.

Em setembro de 2016, Roma estava em meio a uma onda de calor, e o clima fora de época fazia a cidade se parecer muito com Calcutá. Durante um ensaio para a missa, um monsenhor do Vaticano me disse que eu não deveria olhar para cima durante a leitura, “de modo a não prejudicar a transmissão da palavra de Deus ao povo”. Mas, quando cheguei ao pódio, olhei para a leitura do Livro da Sabedoria e depois olhei para a frente – apenas por um instante – para a vasta multidão assando sob o sol implacável. E me preparei para não engasgar.

O eco das minhas primeiras palavras através das colunas Bernini me lembrou de que eu precisava desacelerar. O Papa estava sentado bem atrás de mim. Foi um momento extraordinário. Ainda assim, quando voltei ao meu lugar, foi impossível não pensar nos momentos comuns com a Madre. Me lembrei dela sentada ao meu lado em meu Honda Prelude vermelho 1982; sentada à minha frente em um voo para San Diego comendo frango frito da KFC; orando intensamente de joelhos na capela do convento; esfregando o peito de um homem morrendo de aids na Gift of Peace.

Havia um enorme retrato da Madre pendurado acima de onde o Papa Francisco estava sentado. A retratava com uma auréola, uma vez que agora havia se juntado à companhia dos eleitos, pessoas que venerou durante sua vida – Maria, José, Pedro e Paulo; sua xará Teresa de Lisieux; e todos os outros santos. A ironia disso me impressionou porque a Madre nunca pensou em si como alguém especial ou digna de louvor. Ela era uma criada, uma serva ou, como colocou com seu jeito inigualável, “um lápis na mão de um Deus amoroso”. Ela se via como o “servo inútil” do Evangelho, que não fez mais do que a sua obrigação. A obrigação da Madre era a busca da santidade. “Santidade não é um privilégio de poucos, mas a responsabilidade de cada um de nós”, me disse várias vezes. Ela cumpriu seu dever, assim como muitos antes dela cumpriram e muitos continuam a cumprir. A procissão dos santos não está limitada aos canonizados.

Muitas mulheres agora em descanso marcharam com a Madre pelo mesmo caminho de santidade e alcançaram a mesma glória. Também suas irmãs fizeram o que lhes foi pedido e, muito certamente, já desfrutam do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Não importa se não receberam aclamação pública ou cerimônia em Roma: Deus conhecia suas vidas e, certamente, as julgava dignas.

Padre Celeste Van Exem, o conselheiro espiritual mais próximo da Madre, poderia legitimamente ter reivindicado ser o cofundador das Missionárias da Caridade. Ele está enterrado em uma cripta em um cemitério de Calcutá, a poucos quilômetros do convento-sede. Seu lugar de descanso está coberto de ervas daninhas e é quase impossível de ser encontrado. Se o achar, verá seu nome gravado numa parede, o último dos nove jesuítas listados e sepultados ali. Seu lar na eternidade estava assegurado, e isso é tudo o que importa.

A Madre sabia que sua vida não se referia a ela. Chamava o que fazia de “uma gota no oceano” e acreditava nisso também. Mas sabia que sua insignificância servia como um instrumento para a grandeza de Deus. Seus propósitos eram simples: ela veio de Deus e partiria para casa, para Deus. Ela era apenas uma na misteriosa procissão de pessoas, ao longo do tempo e através das culturas, que trilharam o caminho para a santidade, fazendo pequenas coisas com muito amor.

Para mim, nos 37 anos desde que a conheci – ao que chamo de vida “depois da Madre” –, o caminho para a santidade significa imitá-la. Ela é minha bússola. Com frequência me pedia que orasse para que ela não “estragasse o trabalho de Deus”, e eu rezo todos os dias para não desperdiçar o presente que Deus me deu: a Madre. Incluo em minhas rotinas diárias pequenos lembretes da mulher de quem tive a sorte de ser amigo. Tento usar algo azul todos os dias, assim como ela fazia. Seguro meu rosário quando estou na igreja e ando rapidamente quando trabalho, assim como ela. Todas as noites leio o Evangelho para a missa do dia seguinte, como ela fazia, e todas as manhãs recito a mesma oração que ela rezava ao acordar.

Ó Jesus, pelo coração puríssimo de Maria,

Lhe ofereço as orações, obras, alegrias e sofrimentos deste dia

Por todas as intenções de seu Coração Divino,

Em união com todas as missas sendo oferecidas em todo o mundo católico.

Ofereço a você meu coração.

Faça-o manso e humilde como o Seu.

A Madre gostava de lembrar aos seus amigos: “Se você está muito ocupado para orar, está ocupado demais”. (Ela dizia isso com frequência; e eu ignorei com muita frequência.) Em meu escritório e em casa, tenho fotos dela por todos os lados. As orações de nossa família sempre terminam: “Madre Teresa de Calcutá, orai por nós”. Madre disse a Mary e a mim para sermos santos e fazer de nosso lar outra Nazaré. Como presente de casamento, nos deu um ícone religioso emoldurado com a seguinte inscrição: “Sempre orem juntos e vocês permanecerão juntos”. Mary e eu temos feito isso, e nossos trinta anos de casamento são nosso testemunho vivo da mulher que tem sido nossa estrela-guia.

Não sou nenhum santo. Nunca serei tão bom e gentil quanto foi Madre Teresa, não importa o quanto eu tente. Mas também sei que posso ser melhor do que sou: mais devoto, menos egoísta, mais humilde, menos mundano, mais apaixonado por Deus e menos por mim mesmo. Enquanto estava em sua companhia, era o melhor que podia ser. Eu via o bem que era capaz de viver, como se a santidade dela me afetasse um pouco. Ela se foi há um quarto de século, e eu ainda me sinto órfão.

Às vezes, me vejo como o homem no Evangelho que, ao buscar cura para o filho doente, foi lembrado por Jesus de que tudo é possível ao que crê; e o homem gritou: “Creio! Vem em socorro à minha falta de fé!”. Em tais momentos, penso na Madre e em tudo o que ela me ensinou. Estou crescendo na fé, graças a Deus, enquanto tento viver tão vigorosamente quanto ela viveu. Ela dizia às suas irmãs para dar-se até doer e amar até doer. É para isso que eu me esforço. Tento fazer coisas extras – assumir tarefas extras, estar disponível o tempo todo para as crianças, dizer sim todas as vezes que as MCs me pedem que faça algo e realizar trabalho prático para pessoas necessitadas sempre que posso. Quero estar exausto quando vou para a cama.

Encontro muito consolo na percepção de que, de alguma forma – principalmente devido às boas influências da minha esposa e família, de meus amigos e mentores espirituais, e até de inimigos –, me tornei uma pessoa melhor, um cristão melhor, uma melhor versão de mim mesmo. Sou um doador, não um coletor. Com a ajuda do exemplo de Madre Teresa na terra e de suas orações do céu, posso continuar sendo um doador. Mas ainda há muito trabalho a ser feito.


 

1. Em tradução livre, Faça assim mesmo. (N.T.)[ «« ]

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