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9. NO DIA DO GRANDE MILAGRE
(13 DE OUTUBRO DE 1917)
Depois da aparição, às sete horas da noite, em casa da família do Francisco e da Jacinta.
Interrogatório da Lúcia
– Nossa Senhora tornou a aparecer hoje na Cova da Iria?
– Tornou.
– Estava vestida como das outras vezes?
– Estava vestida do mesmo modo.
– Apareceram também São José e o Menino Jesus?
– Apareceram.
– Apareceu mais alguém?
– Apareceu também Nosso Senhor abençoando o povo e a Senhora de dois naipes.
– Que queres dizer com isso? A Senhora de dois naipes?!
– Apareceu a Senhora vestida como a Senhora das Dores, mas sem espada no peito, e a Senhora vestida, não sei bem como, mas parece-me que era a Senhora do Carmo.
– Vieram todos ao mesmo tempo, não é verdade?
– Não; primeiro vi a Senhora do Rosário, S. José e o Menino, depois vi só Nosso Senhor, depois a Senhora das Dores e por fim a Senhora que me pareceu ser a Senhora do Carmo.
– O Menino Jesus estava em pé ou ao colo de S. José?
– Estava ao colo de S. José.
– O Menino era crescido?
– Era pequenino.
– Que idade parecia ter?
– Era para aí dum ano.
– Porque disseste que a Senhora, duma das vezes, te pareceu estar vestida como a Senhora do Carmo?
– Porque tinha umas coisas penduradas na mão.
– Apareceram por cima da carrasqueira?
– Não; apareceram ao pé do sol, depois de ter desaparecido a Senhora ao pé da carrasqueira.
– Nosso Senhor estava em pé?
– Só o vi da cintura para cima.
– Quanto tempo durou a aparição na carrasqueira? O suficiente para se poder rezar o terço?
– Não chegava, parece-me.
– E no sol as figuras, que viste, demoraram-se muito?
– Pouco tempo.
– A Senhora disse-te quem era?
– Disse que era a Senhora do Rosário.
– Perguntaste-lhe o que queria?
– Perguntei.
– E que disse ela?
– Disse que se emendasse a gente, que não ofendesse a Nosso Senhor que estava muito ofendido, que rezasse o terço e pedisse perdão dos nossos pecados, que a guerra acabaria hoje e que esperássemos os nossos soldados muito brevemente.
– Disse mais alguma coisa?
– Disse também que queria que lhe fizessem uma capela na Cova da Iria.
– Com que dinheiro se há-de edificar a capela?
– Julgo que com o que lá se juntar.
– Disse alguma coisa a respeito dos nossos soldados mortos na guerra?
– Não falou neles.
– Disse-te que avisasses o povo, para que olhasse para o sol?
– Não disse.
– Disse que queria que o povo fizesse penitência?
– Disse.
– Empregou a palavra penitência?
– Não. Disse que rezássemos o terço e nos emendássemos dos nossos pecados e pedíssemos perdão a Nosso Senhor, mas não falou em penitência.
– Quando foi que começou o sinal no sol? Foi depois da Senhora desaparecer?
– Foi.
– Viste vir a Senhora?
– Vi.
– Donde vinha ela?
– Do nascente.
– E das outras vezes?
– Das mais vezes não olhei.
– Viste-a ir-se embora?
– Vi.
– Para onde?
– Para o nascente.
– Como desapareceu?
– Pouco a pouco.
– O que desapareceu primeiro?
– Foi a cabeça. Depois o corpo. A última coisa que vi foram os pés.
– Quando se foi embora, ia recuando ou voltou as costas ao povo?
– Ia com as costas voltadas para o povo.
– Levou muito tempo a desaparecer?
– Gastou pouco tempo.
– Estava envolvida nalgum clarão?
– Veio no meio de um esplendor. Desta vez também cegava. De vez em quando eu tinha de esfregar os olhos.
– Nossa Senhora tornará a aparecer?
– Não faço conta que torne a aparecer, não me disse nada.
– Não tens tenção de voltar à Cova da Iria no dia treze?
– Não tenho.
– A Senhora não fará mais milagres? Não curará enfermos?
– Não sei.
– Não lhe fizeste nenhum pedido?
– Eu disse-lhe hoje que tinha vários pedidos a despachar e ela disse que despachava uns, outros não.
– Não disse quando os despachava?
– Não disse.
– Sob que invocação quer que se faça a capela na Cova da Iria?
– Disse hoje que era a Senhora do Rosário.
– Disse que queria que fosse lá muita gente de toda a parte?
– Não mandou lá ir ninguém.
– Viste os sinais do sol?
– Vi. Vi-o andar à roda.
– Viste também sinais na carrasqueira?
– Não vi.
– Quando era a Senhora mais bonita, desta ou das outras vezes?
– O mesmo.
– Até onde lhe descia o vestido?
– Até mais baixo que o meio da perna.
Interrogatório da Jacinta
– Além de Nossa Senhora, quem é que viste hoje, quando estavas na Cova da Iria?
– Vi S. José e o Menino Jesus.
– Onde é que os viste?
– Vi-os ao pé do sol.
– O que é que a Senhora disse?
– Disse que rezassem o terço a Nossa Senhora todos os dias e que a guerra acabava hoje.
– A quem é que disse isso?
– Disse-o à Lúcia e a mim. O Francisco não ouviu.
– Ouviste-lhe dizer quando vinham os nossos soldados?
– Não ouvi.
– Que mais disse ela?
– Disse que fizessem uma capela na Cova da Iria.
(Doutra vez a Jacinta expressou-se assim: “Disse que fosse a gente fazer lá uma capela”).
– Ouviste dizer isso a ela ou à Lúcia?
– A ela.
– Donde veio a Senhora?
– Veio do nascente.
– E para onde foi quando desapareceu?
– Foi para o nascente.
– Foi-se embora recuando de frente para o povo?
– Não; voltou as costas.
– Não disse que voltassem à Cova da Iria?
– Tinha dito antes que era a última vez que vinha e hoje disse também que era a última vez.
– A Senhora não disse mais nada?
– Disse hoje que rezasse a gente todos os dias o terço à Senhora do Rosário.
– Onde é que ela disse que a gente devia rezar o terço?
– Não disse onde.
– Disse que o fôssemos rezar à igreja?
– Nunca disse isso.
– Onde rezas o terço com mais gosto, aqui em tua casa ou na Cova da Iria?
– Na Cova da Iria.
– Por que gostas mais de o rezar lá?
– Por nada.
– Com que dinheiro disse a Senhora que se havia de fazer a capela?
– Disse que fizessem uma capela, não quis lá saber do dinheiro.
– Olhaste para o sol?
– Olhei.
– Viste os sinais?
– Vi.
– Foi a Senhora que mandou olhar para o sol?
– Não mandou olhar para o sol.
– Então como pudeste ver os sinais?
– Voltei os olhos para o alto.
– O Menino Jesus estava ao lado direito ou ao lado esquerdo de S. José?
– Estava ao lado direito.
– Estava em pé ou ao colo?
– Estava em pé.
– Vias o braço direito de S. José?
– Não via.
– Que altura tinha o Menino? Chegava com a cabeça ao peito de S. José?
– O Menino não chegava à cintura de S. José.
– Quantos anos parecia ter o Menino?
– Era como a Deolinda do José das Neves (criança de um para dois anos).
Segue-se finalmente o
Interrogatório do Francisco
– Desta vez também viste Nossa Senhora?
– Vi.
– Que Senhora era?
– Era a Senhora do Rosário.
– Como estava vestida?
– Estava vestida de branco e tinha o terço na mão.
– Viste S. José e o Menino?
– Vi.
– Onde os viste?
– Ao lado do sol.
– O Menino estava ao colo de S. José ou ao lado dele?
– Estava ao lado dele.
– O Menino era grande ou pequeno?
– Era pequenino.
– Era do tamanho da Deolinda do José das Neves?
– Era assim bem como ela.
– Como tinha a Senhora as mãos?
– Tinha as mãos postas.
– Viste-a só na carrasqueira ou também ao pé do sol?
– Vi-a também ao pé do sol.
– Qual era mais claro e brilhante: o sol ou o rosto da Senhora?
– O rosto da Senhora era mais claro; a Senhora era branca.
– Ouviste o que a Senhora disse?
– Não ouvi nada do que a Senhora disse.
– Quem te disse o segredo? Foi a Senhora?
– Não foi; foi a Lúcia.
– Podes dizê-lo?
– Não o digo.
– Não o dizes, porque tens medo da Lúcia; receias que ela te bata, não é verdade?
– Não.
– Então porque não o dizes? Porque é pecado?
– O segredo é para bem da tua alma, da alma da Lúcia e da Jacinta?
– É.
– É para bem da alma do sr. Prior?
– Não sei.
– O povo ficava triste se o soubesse?
– Ficava.
– De que lado veio a Senhora?
– Veio da banda do nascente.
– E, quando desapareceu, foi para o mesmo lado?
– Foi também para o nascente.
– Ia recuando?
– Ia com as costas voltadas para nós.
– Ia devagar ou depressa?
– Ia devagar.
– Ela caminhava como nós?
– Não caminhava; ia certinha, não mexia os pés.
– Que parte da Senhora desapareceu primeiro?
– Foi a cabeça.
– Agora viste-a tão bem como das outras vezes?
– Agora vi-a melhor que o mês passado.
– Quando era mais bonita, agora ou das outras vezes?
– Tão bonita agora como o mês passado.
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