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As Grandes Maravilhas De Fátima

8. FÁTIMA E O “POVERELLO”

(13 DE JUNHO DE 1927)

O Serafim de Assis
A missa comemorativa do sétimo centenário
de S. Francisco – Quatro mil comunhões
A homenagem da Lourdes Portuguesa

De acordo com o capelão-director dos santuários de Nossa Senhora de Fátima, o rev.do Superior Provincial dos beneméritos Filhos do Seráfico Padre S. Francisco de Assis resolveu consagrar o dia treze de Junho de 1927 à comemoração festiva do glorioso Patriarca no ocal das aparições.

Bem escolhido foi esse dia para tal comemoração, porque já a Santa Igreja o assinalara com a glorificação dum dos membros mais ilustres da Ordem Seráfica, o grande Santo António de Lisboa, cujas palmas triunfais é justo entrelaçar com as do Santo Fundador.

Os prestimosos Filhos de S. Francisco envidaram todos os esforços para a celebração condigna das festas centenárias, que resultaram brilhantíssimas e impregnadas dos mais vivos sentimentos de fé e piedade.

Para dar uma ideia da importância das solenidades franciscanas de Fátima, basta dizer que na missa de comunhão geral, que se celebrou às nove horas, comungaram mais de quatro mil pessoas.

Naquele local abençoado que é hoje o trono mais esplendoroso de Jesus no seu Sacramento de amor e o centro do mais acendrado culto à Rainha do Céu, ficam admiravelmente bem as homenagens nacionais ao Santo que se distinguiu pelo seu amor ao Amor que não é amado e pela sua devoção à Augusta Mãe de Deus.

No coro imponente e unânime de louvores que a cristandade eleva ao Seráfico Patriarca neste sétimo centenário do seu ditoso trânsito, a Lourdes portuguesa, centralizando e coroando as comemorações da Pátria de Santo António, ocupa incontestavelmente o primeiro lugar pela grandiosidade das suas homenagens e pela sinceridade e ternura da sua devoção.

Confiança e alegria duma mãe
As obras no recinto das aparições
A nova fonte miraculosa
Os grupos de peregrinos
A procissão das velas na véspera à noite

Pouco depois das seis horas da manhã do dia treze parava na estrada que domina o local das aparições, a camionette em que se faziam transportar os beneméritos servitas de Torres Novas que tanto se distinguem pelo seu trabalho indefesso, pela sua nunca desmentida dedicação, pelo seu esforço criterioso e persistente e pela rigidez da sua disciplina no desempenho da sua tão simpática como delicada missão.

Junto da primeira fonte miraculosa uma mulher do povo, com uma criança ao colo, conversa com um peregrino que acaba de fazer a sua provisão de água, apesar da grande dificuldade do acesso, mercê da afluência de concorrentes. A criança era completamente cega de nascença. No dia treze de cada mês, durante onze meses consecutivos, a mãe, cheia de fé e confiança, dirige-se a Fátima, para suplicar à Santíssima Virgem que restitua a vista ao filho estremecido... Pouco a pouco ele vai melhorando, sem nenhum tratamento, e agora já vê bastante, embora não esteja ainda curado.

No recinto das aparições acham-se em construção alguns novos edifícios

Entre a capela das missas e o Posto das verificações médicas, à direita deste último, erguem-se já as paredes do hospital-sanatório. Um pouco mais longe, a meia encosta, vêem-se os alicerces da capela das confissões, semelhante na forma e no estilo à Penitenciaria de Lourdes, de recente fundação.

Ao lado da estrada, dum e doutro lado do pórtico monumental, levantam-se numerosas e grossas colunas de mármore branco, que imprimem à entrada dos santuários um cunho de majestade e imponência incomparáveis. Lá em baixo, no fundo do vale, a nova fonte miraculosa, situada apenas à distância de cinco ou seis metros da primeira e ainda mais abundante do que ela, é continuamente objecto de atenção dos peregrinos, que a contemplam cheios de admiração pelo poder e bondade da Virgem Santíssima.

Naquela região de tão elevada altitude, árida e deserta, onde vegetam apenas alguns arbustos e árvores raquíticas e enfezadas e onde num raio dalgumas léguas não há água de nascente, mas só poços e cisternas com água das chuvas, é verdadeiramente providencial uma tão grande abundância de água, indispensável para ocorrer à devoção dos peregrinos, satisfazer a sede deles e dos animais que ali vão todos os meses em número de muitos milhares, e facilitar extraordinariamente as grande obras já iniciadas ou em projecto.

Entretanto chegam numerosos grupos de peregrinos. Na estrada vêem-se camiões de Condeixa, Cartaxo, Caldas da Rainha, Torres Vedras, Penacova, Alcobaça, Bombarral, Alpiarça, Tomar, Sertã, Albergaria-a-Velha, Pernes, Torres Novas e outras terras.

No meio da multidão que enche a estrada de lés a lés, um peregrino do Pedrógão de Torres Novas conversa com um sacerdote seu amigo.

Profundamente crente e duma cultura invulgar, narra ao seu interlocutor, em palavras frementes de entusiasmo, que revelam a mais viva comoção, o espectáculo imponente e assombroso da procissão das velas na tarde do dia precedente.

No ardor da sua admiração comovida, as palavras brotam-lhe dos lábios, traduzindo graciosamente, em imagens cheias de beleza e encanto, os pensamentos que lhe acodem ao espírito piedoso e gentilíssimo.

Na sua expressão saturada de poesia, o maravilhoso cortejo, que contemplara do alto da estrada, formou primeiro um coração, de proporções gigantescas, todo abrasado em chamas e tão perfeito, tão bem delineado, como nem o grande Carlos Reis, com o poder evocador do seu espírito, com toda a magia encantadora da sua paleta e do seu pincel, era capaz de reproduzir na tela, em miniatura. Depois, desenhou um bouquet, de tamanho descomunal, composto das flores mais belas, mais raras, de variegadas cores, que pareciam ter os seus pecíolos presos nas imediações da fonte miraculosa. Quando os peregrinos, num protesto veemente de fé e piedade, levantavam as velas ao alto e cantavam o Avé, como em Lourdes, – a divina cidade dos Pirineus, – dir-se-ia que o lago de fogo formado por dezenas de milhar de lumes, era um formoso e magnificente jardim de açucenas, constantemente agitadas pelo leve sopro da brisa nocturna.

A peregrinação de Lisboa
O comboio especial
O estandarte
O distintivo dos peregrinos
O regresso à capital
Louvável iniciativa

Lisboa mais uma vez se impôs à admiração dos crentes pela intensidade do espírito religioso que anima as suas peregrinações, e pelo superior critério, com que as sabe organizar e dirigir.

A peregrinação deste mês, promovida pela Irmandade do Senhor dos Passos, da Igreja da Conceição Velha, perfazia um total de duzentas e trinta pessoas, que partiram da estação do Rossio na manhã do dia treze em comboio especial

Era dirigida pelo rev.do dr. Manuel Augusto Peres, delegado do Patriarcado, que tinha como auxiliares no desempenho do seu múnus os rev.dos Catarino e Salvação, capelães da referida igreja.

Os peregrinos ostentavam no peito o distintivo da peregrinação, que era um laço roxo com uma medalha do Senhor dos Passos, à qual muitos juntaram uma medalhinha com a efígie de Nossa Senhora de Fátima.

O estandarte da peregrinação, lindo e vistoso como poucos, foi pintado por senhoras da freguesia da Conceição Velha e representa a cena das aparições.

Tendo chegado à Cova da Iria, os peregrinos encaminham-se para junto do Santuário, cantando um dos hinos de Fátima.

Durante a missa da peregrinação, celebrada pelo rev.do dr. Peres, foi administrada a Sagrada Comunhão aos peregrinos.

Depois da assistência aos restantes actos do programa oficial, a peregrinação de Lisboa regressou, como tinha vindo, em numerosos meios de transporte, ao apeadeiro de Seiça (Ourém), onde a aguardava o comboio especial, que a reconduziu a Lisboa. Bem-haja a Irmandade da freguesia da Conceição Velha pela feliz iniciativa que teve e que foi coroada dum êxito consolador, e praza a Deus que outras corporações congéneres sigam o seu exemplo, tomando iniciativas idênticas, que tanta glória dão a Deus e que tanto bem fazem às almas.

Posto de verificações médicas
Várias curas
Cura duma senhora tuberculosa
Uma cura em Braga
Os médicos de serviço
As listas dos doentes inscritos

No Posto das verificações médicas intensifica-se cada vez mais, de instante para instante, o movimento de vaivém dos doentes.

O rev.do Manuel Pereira Silva, administrador da Voz da Fátima, a quem a voz do povo chama com razão o secretário de Nossa Senhora, põe em relevo o facto altamente consolador do aumento considerável de curas nos últimos tempos. Desde treze de Maio último, chegou à redacção daquele jornal a notícia de mais de quarenta curas novas atribuídas à intercessão de Nossa Senhora de Fátima. Muitas dessas comunicações são acompanhadas de atestados médicos e outros documentos comprovativos da autenticidade e do carácter sobrenatural das curas. Entre estas merecem especial referência as de dois homens, um que tinha uma úlcera no estômago havia mais de vinte anos e o outro surdo durante quarenta e nove anos, e a duma religiosa dominicana, que sofria igualmente duma úlcera no estômago.

Entre as pessoas que compareceram no Posto para anunciarem a cura das suas doenças, nota-se uma senhora casada de nome Emília Urbana Rita, de vinte anos de idade, moradora em Setúbal.

Tuberculosa em terceiro grau, tratada sem resultado por vários médicos em Setúbal e em Lisboa, desenganada da ciência humana a tal ponto que um médico dos mais ilustrados da capital disse que ele não era Deus para a curar, recuperou em três dias a saúde, que outrora desfrutava, graças à intercessão de Nossa Senhora de Fátima, tendo-lhe sido constatada a cura no Hospital de Santa Maria. Apresentou-se vestida com o trajo azul e branco da Virgem, tendo vindo assim de Setúbal, acompanhada do marido, para o oferecer como ex-voto.

Numa das galerias do Posto uma mulher alta, apresentando saúde e robustez, narra comovidamente, numa pequena roda de servitas, a cura interessante de que foi objecto. Chama-se Ermelinda Fernandes, tem vinte e sete anos, á casada e mora em Gualtar, próximo de Braga, Havia quatro meses que sofria horrivelmente de várias complicações dum parto difícil, agravando-se de dia para dia o seu estado, que fazia prever, num curto espaço de tempo, um desenlace fatal. Ungida já e sacramentada, segundo a sua própria expressão, em perigo iminente de morte, pediu, por conselho duma vizinha, a cura a Nossa Senhora de Fátima, prometendo, se fosse despachada a sua súplica, fazer uma peregrinação em acção de graças ao santuário das aparições. Imediatamente a protecção da Mãe de Deus se fez sentir, e a moribunda, restituída, com grande espanto da família e da população da sua terra à vida e à saúde, de que gozava antes do parto, põe-se a caminho, fazendo uma tão longa viagem para dar cumprimento à sua promessa.

Dirigem o serviço do Posto o dr. Pereira Gens, da Batalha, médico-chefe, auxiliado por alguns colegas, entre os quais o dr. Fernando Correia, das Caldas da Rainha, e o dr. João Alvim, de Ourém. Como já há muitos anos sucede em Lourdes, os estudantes de medicina começam a frequentar o Posto, coadjuvando os médicos e estudando os casos clínicos mais notáveis, que ali se oferecem à sua observação. Nos anais do Posto de Fátima ficará a ocupar o primeiro lugar na lista dos estudantes de medicina, que ali prestaram os seus serviços, o simpático jovem e talentoso e distinto aluno da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, sr. José Carvalho Reis e Silva, filho do importante proprietário do Pedrógão de Torres Novas, sr. António Carlos Reis e Silva.

Às onze horas, quando se encerrou definitivamente a inscrição, tinham sido facultados cartões de identidade, para poderem ser admitidos no respectivo pavilhão, a cerca de trezentos doentes.

A procissão da Imagem da Virgem
O Credo de Dumont
A missa oficial
Preces e cânticos
A bênção dos doentes
O sermão oficial
A debandada

Pouco antes do meio dia solar, organiza-se o cortejo que deve acompanhar a veneranda estátua de Nossa Senhora de Fátima da capela das aparições até à capela das missas.

A linda Imagem passa entre alas compactas de povo, que a saúda entusiasticamente com palmas e vivas e um contínuo agitar de milhares de lenços brancos. Colocada a Imagem num pedestal erguido para esse fim à direita do altar-mor, um coro, forte e bem timbrado, executa proficientemente o Credo de Dumont.

Terminado o canto, começa a missa dos doentes. Enquanto ela se celebra, o capelão-director dos servitas reza, juntamente com o povo, o terço do Rosário. Depois da elevação do cálix, a multidão canta um piedoso cântico popular em honra do Santíssimo Sacramento.

Em seguida à missa, realiza-se, na forma do costume, a cerimónia da bênção dos doentes. Dada a bênção geral, o rev.do Luis de Sousa, ilustre filho de S. Francisco, prega um substancioso sermão acerca da devoção do glorioso Santo a Nossa Senhora e, reconduzida processionalmente a Imagem da Virgem à capela das aparições, procede-se à admissão dum grande número de fiéis de ambos os sexos na Ordem Terceira Franciscana. Principia então a debandada.

Os veículos vão partindo uns após outros para os seus destinos, o recinto dos santuários descongestiona-se pouco a pouco, e ao pôr do sol mal se via um ou outro peregrino retardatário rezando uma última súplica à Virgem e apartando-se a custo e cheio de saudade daquela estância privilegiada do Céu.

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