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As Grandes Maravilhas De Fátima

12. A MORTE DE FRANCISCO MARTO

Francisco Marto, primo de Lúcia de Jesus, a protagonista das aparições de Fátima, adoeceu gravemente no dia vinte e três de Dezembro de 1918, atacado da terrível epidemia bronco-pneumónica, que então grassava em todo o mundo. Nessa data, todas as pessoas da sua família estavam de cama, feridas pelo mesmo flagelo, à excepção do pai. Este e algumas vizinhas caridosas tratavam desveladamente dos enfermos, envidando todos os esforços para que nada lhes faltasse.

Durante cerca de quinze dias a inocente criança ficou retida no leito com a força da doença, segundo a expressão da mãe, levantando-se nos princípios de Janeiro num estado de grande fraqueza que, longe de diminuir, foi pelo contrário aumentando de dia para dia. Uma vez durante as aparições, tendo a Lúcia perguntado à misteriosa Senhora que lhe falava, se ela e a Jacinta iriam para o Céu, e obtendo resposta afirmativa, fez idêntica pergunta acerca do Francisco, respondendo a Visão que também lhe caberia tamanha ventura, mas que primeiro havia de rezar muitas vezes o terço.

Desde esse momento até adoecer, o ditoso vidente nunca mais deixou passar um dia sem oferecer essa singela homenagem à Rainha do Céu.

Depois que se levantou da cama, não sentindo às vezes forças para rezar o terço inteiro, dizia tristemente à mãe que não podia rezar senão metade. A boa mulher procurava tranquilizá-lo lembrando que, se lhe custasse pronunciar as palavras da Oração Dominical e da Saudação Angélica, dissesse essas orações só com o pensamento, que Nossa Senhora lhe aceitaria o seu obséquio com o mesmo agrado. Recomendava frequentemente à mãe que não se esquecesse da oração que a Santíssima Virgem tinha ensinado aos três videntes, porque ele nunca se esquecia de a rezar. E, quando a pobre mulher se lamentava de que não raro a omitia por lapso da memória, o pequeno ponderava-lhe que a podia rezar mesmo pelos caminhos.

Uma vez por outra queixava-se sentidamente de que não sabia oferecer o terço como muita gente tinha a felicidade de saber, o que lhe causava bastante pena.

Apesar de nunca mais ter tido saúde, de quando em quando dava um pequeno passeio, chegando a ir até à Cova da Iria. Quando alguém lhe asseverava que havia de melhorar, a sua resposta era logo um não, proferido com um ar misterioso e num tom que impressionava extraordinariamente. Como um dia sua madrinha Teresa de Jesus prometesse, na presença dele, pesá-lo a trigo se Nossa Senhora o melhorasse, declarou peremptoriamente que era inútil fazer essa promessa, porque jamais alcançaria a graça da sua cura. Possuía uma consciência em extremo delicada, sem embargo da sua pouca idade e de haver recebido uma formação religiosa muito deficiente e rudimentar. Uma vez em que o aconselhavam a levar as ovelhas, confiadas à sua guarda, pela orla das propriedades da madrinha, que decerto se não opunha a isso, não quis fazê-lo sem licença expressa dela por julgar que fosse um roubo.

No dia dois de Abril a família, achando-o pior de saúde, mandou-o recolher à cama e chamou o pároco para o confessar. Não tinha ainda feito a sua primeira comunhão e por isso receava que não lhe fosse permitido receber Nosso Senhor. Grande, extraordinária até, foi, pois, a sua alegria, quando o pároco lhe prometeu trazer no dia seguinte de manhã o Sagrado Viático. Na véspera pediu à mãe que o deixasse estar em jejum até essa hora, pedido a que ela acedeu sem relutância assegurando-lhe que não lhe daria nada a tomar depois da meia noite.

Quando chegou o pároco com o Santíssimo Sacramento, quis sentar-se na cama para se confessar e comungar, o que não lhe foi consentido. Ficou radiante de contentamento por ter recebido pela primeira vez no seu peito o Pão dos Anjos e, quando o pároco se retirou, perguntou à mãe se não tornaria a comungar, ao que ela retorquiu que o não sabia.

Durante o resto do dia pediu de tempos a tempos água e leite. À noite pareceu agravar-se ainda mais o seu estado, mas, perguntando-lhe a mãe como se sentia, declarou que não estava pior e que não lhe doía nada.

No dia seguinte, sexta-feira, cinco de Abril, pelas dez horas da manhã, sem agonia, sem um gemido, nem um ai, com um ligeiro sorriso à flor dos lábios, a alma daquele anjo da terra desprendia-se suavemente dos frágeis liames do corpo e voava para o seio de Deus. Contava dez anos, nove meses e vinte e quatro dias de idade, pois tinha nascido no dia onze de Junho de 1908, às três horas da noite21.

As suas últimas palavras foram para a madrinha, a quem pediu, alguns instantes antes de soltar o derradeiro suspiro, quando a viu assomar à porta, que o abençoasse e perdoasse os desgostos que porventura lhe tivesse dado.

Os seus despojos mortais jazem sepultados em campa rasa no humilde cemitério paroquial de Fátima.

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