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Janela da alma
Disse Jesus: “Se teu olho te escandaliza arranca-o e joga-o para longe de ti, pois é melhor ficares cego do que, tendo os dois olhos, perderes a vida eterna”(Mt 5,29).
Ele estava usando de metáfora; não estava aconselhando o pecador a ficar cego. Estava, sim, acentuando o fato de que, desde que o ser humano existe e vê, todos os povos e civilizações reconhecem e concordam, a grande maioria das pessoas acaba sendo e fazendo aquilo que vê. Pelos olhos entram em nós a cultura e a contracultura de uma era.
Os olhos são as janelas da alma. Por eles entram beleza, pureza, amores límpidos, cores, danças, movimentos, ciência e fé. Por eles, também, entram as malícias, as sugestões, os crimes mais hediondos e as tentações mais violentas. São parceiros do tato e dos ouvidos.
O homem que pensa em dinheiro, desde que o mundo é mundo criou a indústria do espetáculo, porque pelos olhos cativa-se a multidão. Pelo que os olhos veem conseguem-se riquezas. A indústria do sexo, que rende hoje milhões ou bilhões de dólares, passa pelo olhar. Vídeos, filmes, teatros, roupas, revistas, livros, jornais, outdoors, tudo é apelo aos olhos humanos. A esperança é de que eles comprem ou se decidam a ir lá gastar o seu dinheiro, porque a imagem vem pelos olhos.
Primeiro é a visão; a seguir, o desejo; depois, a curiosidade louca que se repete, paixão que não se reprime e, finalmente, lucro para quem a provocou. São assim as revistas e os vídeos eróticos. Ninguém compra pela primeira vez, mas de tanto ver acaba tornando-se consumidor.
Os olhos poderiam ser a porta de entrada para a virtude. Por isso, a religião precisa saber o que fazer para os olhos de seus fiéis, principalmente os dos jovens. Quanto melhores forem nossos livros, nossos filmes, tanto mais chance teremos de formar cidadãos, que se tornam santos.
Acho que, no momento, o mundo está mostrando seus produtos com mais poder de persuasão do que a Igreja. Não estamos sabendo anunciar o Evangelho para os olhos do povo. Mas nunca é tarde para começar.
Nossa Igreja, se quiser ser mais atuante e atual, precisa tornar-se mais cuidadosamente audiovisual.
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