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Gays, lésbicas e homossexuais
Falemos sem preconceitos, mas com conceitos claros, sem medo de ser patrulhados, mas sem perder o respeito. Toquemos no assunto: gays, lésbicas e homossexuais. Pode-se respeitá-los sem promover sua maneira de viver, pode-se discordar sem ofendê-los. Pode-se também agredi-los, mas, neste caso, o agressor terá que arcar com as consequências de não ter sabido lidar com quem não ama do mesmo jeito que ele. Aliás, ao agredi-los mostrou que também não ama.
Eles lutaram por este espaço e o conseguiram. Estão nas ruas, estão na mídia e exigem respeito. Podemos discordar deles, como muitos deles discordam de nós, mas não temos o direito de desrespeitá-los, nem eles a nós.
Podemos pensar diferente, ver a sexualidade com outros olhos, mas não podemos, em absoluto, diminuí-los ou tratá-los mal porque, para eles, a sexualidade tem outras dimensões. O fato é que estão em programas de televisão onde se acariciam, ou onde abertamente assumem a sua homossexualidade. É homem a gostar de homem, mulher a gostar de mulher. São modelos, artistas, executivos, funcionários públicos, e à medida que podem vão para as ruas ou para a mídia dizer das suas preferências. Os heterossexuais que falem das próprias. Assim agem, assim proclamam.
Nossas religiões têm posturas diferentes com relação a essa experiência humana; nem todas as Igrejas aprovam. Entre os cristãos, a Epístola aos Romanos atribuída a São Paulo tem dez versículos que não deixam dúvida: Paulo era contra tais relações (cf. Rm 1,18-28). O episódio de Sodoma e Gomorra é lembrado em 2Pd 2,6 e outra vez em Rm 9,29. Em Mc 6,11 lemos que Jesus via Sodoma e Gomorra como dignas de castigo, mas haveria castigo ainda maior para outros tipos de desafio a Deus.
O que houve em Sodoma e Gomorra que todo jovem deve conhecer e que todo jovem judeu temia? O livro do Gênesis nos capítulos 18 e 19 descreve o clima de orgias sexuais dessas cidades, e acentua que Abraão orou e fez de tudo para salvar a cidade que se perdera no pecado do sexo. Não conseguiu. O capítulo 19 descreve cenas de agressão e assalto sexual contra anjos em forma humana e termina na destruição delas. Mas logo a seguir mostra que a depravação atingia até as famílias, porque filhas dormiam com o pai bêbado. A Bíblia não esconde os fatos e em suas histórias mostra que costumes o povo judeu deveria excluir de seu meio.
A Igreja da qual faço parte não incentiva e não aprova relações homossexuais, mas pede de seus pregadores o respeito pelas pessoas que porventura exerçam a sua homossexualidade. Uma coisa é ter um princípio, pensar de uma forma e, por isso mesmo, discordar dos irmãos que navegam em outra canoa e nadam em outras águas e outras praias. Outra coisa é diminuir ou vilipendiá-los, até porque, nas fileiras da minha Igreja, vez por outra se pilha algum homossexual, e no caso de uma Igreja cristã no exterior houve até bispo que deixou sua família para viver esta experiência.
Além disso, é preciso distinguir entre quem usa da agressão, da sedução e da violência e leva outros ao seu caminho, e os que assumem seus sentimentos sem forçar ou enganar os outros.
Não é fácil analisar e julgar, se você não sente o que eles sentem. Sendo heterossexuais não podemos impor nossa heterossexualidade aos outros. Sendo eles homossexuais não podem impor a sua homossexualidade a nós. Mas podemos, sim, respeitar-nos e lutar para que nenhum imponha ao outro o seu modo de ser e de encarar a vida. Se alguém acha que pode ser ajudado e quer ser ajudado a compreender, que o faça. Julgar não nos compete.
Sou membro de uma Igreja que diz com clareza no seu catecismo que a homossexualidade é uma realidade, sempre foi, e que a maneira como a encararemos é através dos princípios que adotamos, sem nunca esquecer que uma coisa é o princípio, outra é a pessoa que ou consegue ou não consegue vivê-lo.
O ser humano tem dimensões e nem todas as nossas dimensões são iguais; tem pontos de vista e nem todos eles são iguais. Por isso, oremos pela graça de entender as pessoas nos seus aspectos mais profundos. Se discordarmos, não se perca o respeito! Nem eles, nem nós!
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