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    • Juventude: crises, cruzes e luzes – José Fernandes de Oliveira
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Não pensavam em si

Alguns modelos de alteridade que marcaram a Igreja Católica e a vida brasileira nos últimos cinquenta anos primaram por esta virtude: expuseram-se pouco e, quando expostos, davam um jeito de apontar para os outros. Nem cito os nomes. Foram cardeais, bispos, sacerdotes, religiosas, leigos. Alguns sofreram perseguição e dois ou três deles viveram ameaçados de morte.

Percebia-se, nas entrevistas, que câmaras e microfones não eram para eles aparecerem e, sim, para divulgarem uma ideia e pedirem ajuda para seus pobres. Achavam engraçado ver suas fotos colocadas em qualquer lugar.

Quando podiam, mandavam tirar. Conseguiram ser sempre menores do que a mensagem que portavam. É a esses que a Igreja proclama como diletos. Quando morrem chama-os beatos, bem-aventurados ou heróis da fé.

Se você conhecer uma pessoa que vive para os outros e vive com simplicidade, saúde-a com respeito; você estará diante de um ser humano capaz das muitas dimensões do mistério do Cristo, sem redomas, afunilamentos ou fechamentos, aberta ao bom e ao melhor para os outros. Procure conhecê-la.

Pessoas que não pensam em si aceitam confortavelmente o segundo, o décimo, o vigésimo ou o centésimo lugar, porque sabem que não estão destinadas para o último, mas se ele viver, aceitarão. Conhecem seus valores, sabem da extensão e da importância do não e do sim e dosam magnificamente seu sim e seu não.

Pessoas com alta carga de espiritualidade são logicamente pessoas com alto grau de humildade. A elas se pode aplicar o hino de São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 13. Descobriram a fé e a caridade sem alarde. Descobriram o seu bastante, o seu satisfatório; não vivem de mais-mais, nem de menos-menos, vivem do justo e necessário. E, se algo vier a mais, darão um jeito de repartir com quem precisa.

Milhões de pessoas viveram esta espiritualidade. No dizer do Rabino Hillel, citado por Jacques Attali, no livro Os judeus, o dinheiro e o mundo, vivem a mística do meu-teu/teu-teu... Decidiram não precisar de muitas coisas, nem se agarrar ao efêmero. Há uma oração nas missas da Igreja Católica que repete essa proposta, em forma de pedido a Deus. O fiel ora pela graça de administrar o que passa, mas não se agarrar a ele, procurando, depois de encontrar, viver os valores que não passam: bondade, fidelidade, justiça, misericórdia, compaixão, solidariedade; enfim, riquezas de um ser humano realizado. Na doutrina católica, alteridade e espiritualidade se complementam.

Não há uma sem a outra.

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