Rosas, vasos e roseiras

Poema para minhas mais de vinte sobrinhas

“Quero uma flor viva e com raízes,
não uma flor agonizante!”

No jardim da minha casa havia uma roseira. Para mim era simplesmente uma roseira que dava lindas rosas. Quando elas ficavam bonitas, a gente as cortava e as punha num vaso, na sala de visitas. Nunca parei para pensar naquelas rosas. Penso que muita gente faz o mesmo. Acha-as bonitas, sem filosofar sobre elas.

Meses atrás, tomei tempo e fiquei a observar um botão que nasceu, até que se fez rosa jovem, rosa adulta e finalmente murchou e morreu. Assisti ao nascimento, à adolescência, à juventude e à velhice de uma flor. Foi então que eu entendi.

Quando eu colhia a rosa e a punha num vaso de flores, ela morria em três ou cinco dias. Na roseira, ela vivia quase toda uma estação. Rosas não são para cabelos de mulher, nem para lapelas, nem para salas de visitas. São para ficar na roseira e viver o tempo de uma estação; senão, elas morrem depressa demais.

Esses dias, outra vez a reflexão! Um namorado de uma das jovens de minha paróquia quis lhe dar um buquê de flores. Ela disse que não queria; não daquele jeito! Ele quis explicação e ela, com um beijo, filosofou:

– Se quiser me fazer feliz, me dê uma flor viva no vaso e não uma flor agonizante.

O rapaz comprou-lhe um vaso de flores vivas. Durarão muito mais tempo porque estão vivas e com raízes. E disse a moça:

– Se eu puder impedir, nunca mais deixarei alguém me dar uma flor arrancada do pé! Prefiro uma flor de papel. Flores devem permanecer com a sua raiz. Se transplantadas, que levem as raízes porque flor sem raiz é flor bonita, mas ferida.

Contaram-me o ocorrido. Ouvi e disse:

– Amor também!