• Home
    • -
    • Livros
    • -
    • Juventude: crises, cruzes e luzes – José Fernandes de Oliveira
  • A+
  • A-


524255_Juventude

abertura.jpg

Medo de dizer sim

Carta-poema

Meu caro Lúcio. Suas dúvidas reveladas no e-mail da última terça-feira têm enorme sentido. Milhões de jovens já passaram por elas. Alguns deles hoje são venerados como santos: Agostinho, Francisco, dois grandes exemplos disso.

Você está entre um paraíso e outro. A menina que você namorou parece um excelente convite para o casamento com dois ou três filhos. Mas aí apareceu em você o desejo de ser todo da Igreja e da sua diocese com mais de 400 mil pessoas carentes. O casamento lhe traria felicidade, mas mesmo que pudesse ingressar na vida política algo lhe diz que você faria mais como motivador e formador de consciências.

Aí, você olha para a Elaine e pensa em voltar. Olha para o púlpito e para o altar e pensa em seguir. Na nossa Igreja, a partir do século IV e até o XVI, aos poucos se decidiu que sacerdote católico não se casa. E aí está seu dilema. Se fosse pastor de alguma das Igrejas Pentecostais, não haveria nenhum impedimento. Dois pastores até lhe fizeram esta oferta. Você poderia ter os dois paraísos... Mas você é de uma Igreja de quase dois mil anos, desde que, após o ano 100, Santo Inácio de Antioquia pela primeira vez consagrou a palavra “católico”. E ela propõe dura ascese para os seus ministros consagrados. Por enquanto, por mais que essa opção afaste do sacerdócio excelentes candidatos, não há sinal à vista de que esta exigência venha a mudar em breve.

Você então pergunta no e-mail: “E se eu me fizer padre e me arrepender? E se eu não conseguir guardar o celibato? E se aparecer alguém? E se ela terminar o casamento com o outro e eu ainda sentir algo por ela? E se...”.

E eu pergunto: E se a Elaine romper o casamento? Assim mesmo a Igreja não poderá casar vocês. E se você se casar com outra e os dois não se entenderem? E se seu casamento tiver um fim e aparecer outra pessoa como acontece com tantos casados e aconteceu com tantos sacerdotes? Quem pode garantir que perseverará nos seus votos sacerdotais ou matrimoniais até o fim?

E, sem puxá-lo para um dos lados do altar, imagino-o decidido a enfrentar o futuro ajoelhado ao lado de uma noiva ou deitado sozinho na fria laje de um presbitério. Mas será escolha sua.

Agora você está perplexo entre dois paraísos, ambos com luzes, crises e cruzes. Mas é como eu disse na canção que tanta gente canta:

Se ouvires a voz do vento...
Se ouvires a voz de Deus...
A decisão é tua!...

Ore, medite, peça ajuda aos amigos, examine o chão e as pedras e mergulhe. Você pelo visto daria bom marido, bom pai e bom leigo. Mas também poderia ser um bom sacerdote católico. Mas haverá cruzes. Digo a você e a outros que querem apenas o bem-bom do sacerdócio: se espera isso desta vocação, fique em casa e monte uma lojinha de doces ou compre um carrinho de pipocas... Fará muita gente feliz. Mas se pensa em ser sacerdote prepare-se para as dores e as alegrias do púlpito católico...

Receba a Liturgia Diária no seu WhatsApp


Deixe um Comentário

Comentários


Nenhum comentário ainda.


Acervo Católico

© 2024 - 2025 Acervo Católico. Todos os direitos reservados.

Siga-nos