Tem mais é que mostrar...

Esse assunto de mostrar ou não mostrar o corpo na televisão ou nas praias merece reflexão. Há que haver uma diferença entre mostrar e exibir. E há. Se o que é bonito tem mais é que ser mostrado, que as mesmas pessoas que exibem seus corpos seminus para milhões, só porque se acham bonitas, mostrem suas joias na rua; ou escancarem as portas de sua casa como escancaram as do seu corpo para qualquer um que queira ver...

Se o que é bonito tem mais é que ser mostrado, por que não expor suas joias ao invés de guardá-las no cofre? Se são bonitas, e o que é bonito tem mais é que mostrar, por que não as mostrar a todo mundo que passa na rua, deixando-as numa vitrine? Se sentem orgulho de suas joias, por que não as expõem com a mesma desenvoltura e para tantas pessoas quantas aquelas a quem expõem a joia de seu corpo bem torneado?

Vão dizer que é totalmente diferente. E estão certas. É mesmo! Só que é o inverso, porque o corpo humano é muito mais sagrado. Por isso mesmo, deveria ser ainda mais bem guardado do que as joias que custam mais caro no mercado, mas são coisas.

A moral delas é inversa. O corpo que serve ao amor e gera vidas maravilhosas é que foi aviltado e exposto aos olhos de todos, enquanto as joias viraram sagradas. Por isso as escondem. Não são para qualquer pessoa ver e cobiçar. Já o corpo...

Para mim é inversão de valores. Há um bonito-coisa que escondem, por medo de serem roubadas e perderem, e há um bonito-pessoa que mostram para todo mundo e a qualquer um que queira ver, achando que isso é moderno. Há qualquer coisa de errado nesta nova moral que deixa qualquer um cobiçar aquele corpo, mas esconde as joias que o cobririam.

Fico me perguntando o que há de moderno numa coisa que o pessoal das cavernas já sabia como enfrentar... Os historiadores registram pouquíssimos casos de superexposição do sexo e do corpo nas tribos primitivas. Explica-se: naquele tempo a nudez não tinha virado indústria, nem havia a televisão, nem ibope, nem a indústria do espetáculo...