Venha o Teu Reino!

Nada disso impede uma parusia de Cristo no fim da história. Os teólogos chamam essa “vinda” de Cristo de “parusia plenária” – não porque Cristo terá então uma plenitude maior, mas antes porque seremos capazes de contemplá-Lo na Sua plenitude, com os nossos sentidos descobertos. Pois, desde a Sua vinda, Cristo está presente no mundo de uma forma que não estava na Antiga Aliança; mas Ele permanece velado de uma forma que não estará no fim. O Catecismo nos diz: “O Reino de Deus vem desde a Última Ceia e, na Eucaristia, está no meio de nós. O reino virá em glória quando Cristo o entregar ao Pai” (nº 2816).

É interessante notar que o Novo Testamento não fala do “retorno” de Cristo, mas da Sua “vinda”. Em Sua Encarnação, Ele veio; e, ao passar da vista humana, prometeu sustentar Sua presença para sempre: “Estou sempre convosco, até o fim dos tempos” (Mt. 28:20).

Assim, a Sua parusia – a Sua presença – permanece connosco, mesmo quando oramos pela sua plenitude. Da mesma forma, vivemos até agora no reino de Cristo, embora oremos diariamente “venha o teu reino”. Ao contrário da réplica de Alfred Loisy, Jesus entregou exatamente o reino que havia prometido, e Ele o entregou como a Igreja. Lembre-se de que nosso Senhor comparou o reino a uma rede cheia de peixes e lixo; lembre-se de que Ele o comparou a um campo cheio de joio e trigo. Ele não poderia estar falando do cumprimento do reino no fim dos tempos; pois então não haverá lixo, nem ervas daninhas, nem lágrimas, nem luto, nem choro, nem dor, nem nada amaldiçoado (cf. Apocalipse 21:4, 22:3). Ele estava falando sobre a Igreja que conhecemos hoje – a Igreja que é o reino, o reino onde o Rei reina na Eucaristia.

O reino está aqui agora, embora ainda não tenhamos olhos para ver a sua plenitude. Hoje conhecemos lágrimas e luto, mas na Missa ainda rezamos com as palavras que os cristãos usaram na liturgia da Didache: “Pois Teu é o reino, o poder e a glória, agora e para sempre”.

O Catecismo resume isto: “A Igreja sabe que o Senhor vem ainda agora na sua Eucaristia e que está no meio de nós. Contudo, a sua presença é velada” (n. 1404).