Carta e Espírito

Esse casamento pode ser salvo? Podemos defender o retorno aos nossos sentidos?

Na verdade, podemos, e o Catecismo o faz. O Catecismo da Igreja Católica marca a primeira vez na história que o Magistério endossou o quádruplo sentido. Convida-nos a regressar a um método que começou com o próprio Nosso Senhor. Como vimos no capítulo anterior, Jesus interpretou espiritualmente o Antigo Testamento à luz da Sua própria vinda. Os apóstolos continuaram esta técnica, e o mesmo fizeram os sucessores dos apóstolos.

Lembre-se daquelas palavras de Mark Twain: “A história não se repete, mas rima”. O esquema de rima da história é o que chamamos de tipologia – a ciência que descobre o novo oculto no antigo e o antigo revelado no novo. São Tomás explicou que os escritores humanos usam palavras para significar coisas; mas Deus usa até coisas criadas como sinais. Portanto, não são apenas as palavras das Escrituras sinais de coisas que aconteceram na história, mas os próprios eventos foram moldados por Deus como objetos materiais que nos mostram realidades imateriais – eventos temporais que revelam verdades eternas. Deus escreve o mundo como os homens escrevem palavras.

Assim, vemos a unidade da economia divina e do plano para a história da salvação na correlação dos sentidos literal e espiritual das Escrituras, ou no que Paulo chama de “letra” e “Espírito” (2 Coríntios 3:3-18). ). Muito semelhante às duas naturezas de Cristo, a letra e o espírito não devem ser confundidos nem separados, mas sim unidos em Cristo.