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O Filho Potencial
Mesmo assim, podemos ver no Livro dos Juízes que Israel ainda identificava o sacerdócio com a paternidade. No capítulo dezessete, aprendemos sobre um homem chamado Miquéias, que consagra seu filho como sacerdote para fins de adoração no santuário doméstico da família.
No entanto, quando um levita aparece à porta de Miquéias, Miquéias implora: “Fica comigo e sê-me por pai e sacerdote” (Juízes 17:10). Um capítulo depois, o apelo de Miquéias é ecoado, quase literalmente, pelos danitas ao convidarem o levita para ser sacerdote de toda a tribo: “Vem conosco e sê-nos pai e sacerdote” (Juízes 18:19). .
O que há de mais notável nessas solicitações não é o que afirmam, mas o que pressupõem. Em apenas algumas palavras, Miquéias proporciona-nos um raro vislumbre de um período de transição para o povo de Israel. Os pais ainda instalavam os seus filhos como sacerdotes no santuário doméstico – um costume remanescente de uma época anterior. No entanto, o sacerdócio do levita já era preferido ao do filho de Miquéias – um indício da ordem sagrada emergente.
Nesta declaração de Miquéias, e na sua repetição pelos danitas, vemos também que a paternidade ainda era considerada um atributo essencial do ministério sacerdotal – mesmo depois de o sacerdócio ter saído da estrutura familiar.
Esses trechos do Livro dos Juízes são reveladores. Quão enraizada na história da nossa religião – remontando às suas raízes israelitas – está esta realidade abrangente da paternidade espiritual do sacerdote (e do papel sacerdotal de cada pai)!
A conexão é clara para aqueles que lêem a Bíblia com atenção. O Papa João Paulo II citou essas mesmas passagens ao falar sobre paternidade e sacerdócio: “Israel também podia ver Deus como um pai por analogia com outras figuras que tinham uma função pública e especialmente religiosa e eram considerados pais, como os sacerdotes”. 4
O pecado de Israel no deserto não foi a palavra final na história da salvação. Nem é a última palavra sobre o sacerdócio e a paternidade. O Catecismo da Igreja Católica ensina-nos que “Tudo o que o sacerdócio da Antiga Aliança prefigurava encontra o seu cumprimento em Cristo Jesus, o 'único mediador entre Deus e os homens' [1 Tim. 2:5]” (nº 1544).
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