13:36a ἀϕεὶς τοὺς ὄχλους ἦλθεν εἰς τὴν οἰϰίαν

deixando a multidão ele entrou em casa

JESUS AGORA DEIXA PARA TRÁS as multidões e retira-se para a intimidade da “casa” apenas com os seus discípulos. Embora Jesus tenha vindo para todos e deseje salvar a todos, no final o cristianismo não pode ser uma questão de multidões, mas apenas de seres humanos individuais que se tornam discípulos e de uma comunidade única de discípulos. O sucesso cristão não pode ser medido em números, mas apenas em qualidade e profundidade.

“Ele entrou em casa e os seus discípulos vieram ter com ele”: aqui a narrativa leva-nos de um espaço aberto para um espaço fechado, de muitos para poucos, da distância para a proximidade, da ignorância para a compreensão, do sermão alto para confidências sussurradas . Esta passagem de um ambiente público para um ambiente privado sublinha a importância fundamental para a vida de fé dos discípulos de permanecer continuamente na companhia de Jesus, o Mestre, para compreender o seu ensinamento sobre o Reino. Tal compreensão não pode advir apenas do estudo e da reflexão; deve vir principalmente da oração, que o isolamento deste ambiente simboliza.

“A casa” onde Jesus habita com os seus discípulos e lhes revela o significado oculto das parábolas é, na verdade, um microcosmo do próprio Reino dos Céus – o lugar e a condição independentes onde Deus pode finalmente revelar-se porque aqui ele é ardentemente procurado, acolhido e compreendido. Na “vinda a Jesus” dos discípulos, no momento em que entram em casa, sentimos o desejo urgente de serem nutridos por cada palavra sua, como Maria sentada aos seus pés (Lc 10,39). Certamente este desejo cresceu em intensidade entre a primeira vez que ouviram a parábola “à beira-mar” (13:1) e a sua chegada a casa agora. Quanta reflexão deve ter ocorrido nos corações dos discípulos ao longo daquelas estradas poeirentas do retorno! Ali caminhava o Mestre ao lado deles, mas ele ainda não habitava plenamente em seus corações.

Dois momentos distintos da companhia dos discípulos com Jesus podem, portanto, ser vistos aqui, e podem ser resumidos na fórmula beneditina ora et labora: trabalho (assistir a Jesus publicamente enquanto ele ministra às multidões, com pouco tempo para perguntas específicas) e oração (conversar com Jesus intimamente e à vontade, no silêncio de um lugar à parte). Toda a vida cristã e todo o crescimento na fé e no amor oscilam entre estes dois modos de relacionamento. A cena mostra-nos também que um discípulo não é senão um antigo membro da multidão que, tendo sido chamado à parte por Jesus, decidiu segui-lo até à sua “casa”, para ali ouvir atentamente as suas palavras.

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