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    • Fogo da Misericórdia, Coração da Palavra: Meditações sobre o Evangelho Segundo São Mateus (Volume 2)
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Fire Of Mercy Vol. 2 Heart of the Word

17:2 μετεμοϱϕώθη, ϰαὶ ἔλαμψεν

τὸ πϱόσωπον αὐτοῦ

ὡς ὁ ἥλιος

ele foi transfigurado e seu
rosto brilhou como o sol

Já não temos trovões e relâmpagos como no Sinai: “O aparecimento da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cume do monte, aos olhos do povo de Israel” (Êx 24,17). Em vez disso, uma luz serena brilha agora da pessoa de Jesus como de um sol incriado. É uma característica importante desta teofania que Jesus não seja um objeto que reflita luz de qualquer outra fonte; antes, a luz flui diretamente dele e para fora dele, como diz o texto: “Seu rosto brilhou como o sol e suas roupas ficaram brancas como a luz”. Desta forma, a natureza divina que habita na humanidade de Jesus torna-se plenamente manifesta.

Quando Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12), ele não quer dizer isso de forma metafórica. Na sua pessoa reside habitualmente a luz incriada da glória de Deus, o deificum lumen — a Luz que, sendo divina, diviniza tudo o que toca. E esta Luz está tão presente na humanidade de Jesus que a glória pode penetrar na humanidade harmoniosamente como um instrumento mais perfeito para a comunicação da vida divina, sem que nenhum dano venha à natureza criada de Cristo. Aqui no Tabor temos diante de nós o ícone vivo e perfeito da natureza humana divinizada ao ser elevada à vida divina.

Há aqui um entrelaçamento dramático da necessidade da Cruz e da realidade do sofrimento (16:21-26) com a glória divina de Jesus, que irrompe de forma mais deslumbrante, embora apenas momentânea, na Transfiguração e que se tornará plena e permanentemente revelado apenas na Segunda Vinda (16:27-28). A menção da “vinda de Jesus na glória de seu Pai” no fim dos tempos é o prelúdio textual imediato ao relato da Transfiguração, assim como este evento é em si a antecipação histórica tanto da Ressurreição como da Parousia. Tanto no seu ensinamento sobre o sofrimento como na sua transformação diante dos olhos deles, Jesus confirma a fé deste núcleo interno da Igreja, representado por Pedro, Tiago e João, contra a Paixão que se aproxima.

É profundamente comovente que, embora a doutrina da Cruz seja até agora apenas uma doutrina em palavras, a realidade da glória futura se manifesta através de um evento real e não em palavras. Isto é em si um poderoso sinal profético da Ressurreição de Jesus: que a sua glória última não só pode ser prometida e falada como um artigo de fé, mas é realmente demonstrada pela experiência concreta dos discípulos na sua carne. A experiência do sofrimento virá mais tarde, somente depois que a experiência da glória tiver assegurado um contexto sólido dentro do qual possa ocorrer e trazer plenitude de vida, em vez de destruição e desespero.

Pode-se dizer que o acontecimento em Cesaréia de Filipe foi uma “revelação descendente”, no sentido de que foi o Filho falando a Pedro sobre o Pai e sobre a Igreja e o papel de Pedro dentro dela. O presente acontecimento no Tabor pode então ser visto como uma “revelação superior” complementar: olhando para Jesus, os discípulos vêem revelada em Jesus e através dele a própria glória de Deus.

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