16:4a γενεὰ πονηϱὰ ϰαὶ μοιχαλὶς σημεῖον ἐπιζητεῖ

uma geração má e adúltera procura um sinal

A natureza “MAL E ADULTERA” desta geração de contemporâneos de Jesus é revelada, pelo menos em parte, precisamente porque procuram um sinal. Há sempre algo de insolente em exigir um sinal, porque tal exigência implica desconfiança e suspeita, como se disséssemos: 'Não, apenas a sua pessoa simplesmente não é boa o suficiente para mim. Eu preciso de uma validação maior. E, no entanto, a “busca” (ἐπιζητεῖν), em si, é uma das principais ocupações da vida espiritual, sem a qual não há evidência de ardor interior e nenhum movimento em direção a Deus.

Para entender melhor a desobediência aqui censurada por Jesus, consideremos por um momento as coisas que definem uma busca louvável de acordo com o Novo Testamento. No Sermão da Montanha, Jesus nos diz que os gentios estão continuamente em busca de coisas terrenas como comida e roupas, dedicando a isso a maior parte de seu tempo e energia, mas que seus discípulos deveriam primeiro buscar o reino de seu Pai celestial e sua justiça , “e todas estas coisas serão tuas também” (6:32-33). Em outros lugares, vemos grandes multidões procurando o próprio Jesus (Lc 4,42). Na ilha de Salamina, em Atos, vemos como o procônsul Sérgio Paulo, “homem de inteligência, convocou Barnabé e Saulo e procurou ouvir a palavra de Deus ” (Atos 13:7). Por fim, a Carta aos Hebreus exorta os cristãos, visto que «aqui não temos cidade permanente», a «procurar a cidade que há de vir» (Hb 13,14).

Em todos estes casos, o único foco de interesse e desejo do coração não é apenas o próprio Deus ou o lugar onde Deus habita (“reino”, “cidade futura”), mas igualmente importante é o fato de que os buscadores envolvidos vêem-se caminhando em direção ao objetivo desejado, em vez de esperar que o objetivo chegue até eles. Eles se veem como peregrinos a caminho de uma realidade maior. Uma grande ironia no nosso episódio atual é, primeiro, que os fariseus e saduceus querem que o que procuram lhes seja servido por Jesus sob ordem, numa bandeja de prata, por assim dizer. Mas a ironia das ironias aqui é o fato de que, numa grande epifania, as realidades supremas — Deus, a Palavra de Deus e o Reino de Deus — vieram, com toda a verdade, ao encontro desses buscadores em seu próprio lugar e tempo; e ainda assim não reconheceram este acontecimento devido à sua insistência em “ sinais ”.

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